Capítulo 9

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BÔNUS

Cloe

A vivência revela muitas coisas sobre as pessoas, principalmente quando se passa muito tempo com alguém. Poderia afirmar que a galera da república conseguia ser mais importante que a nossa própria família de sangue, afinal, convivíamos diariamente uns com os outros ao ponto de identificar os laços afetivos, e nem sempre o sangue conseguia ser mais forte. Já presenciei a maioria das fases de cada um e naquele momento conseguia perceber algo que nem mesmo a própria pessoa soubesse em sentir, isso era o que chamamos do poder de está basicamente vinte e quatro horas com determinada pessoa.

Para alguém como Rafael o estranho era ver o quanto o mesmo perdeu o foco daquilo que provavelmente sentia, pois a minha pessoa conseguia enxergar perfeitamente o que acontecia, um complexo existencial, onde reprimir os sentimentos parecia ser mil vezes melhor do que senti-los, ou melhor, vivenciá-los.

Deixei Juliana na varanda com algumas suposições, mas jamais afirmaria tal sentimento, não antes de Rafael Lohan confirmar a si mesmo. Enquanto isso não acontecia, por hora achei mais prudente o fazer sentir novamente, obviamente que ele estava revestido de várias camadas bloqueando qualquer tipo de sentimento, porém, sabia exatamente como despertar.

Encontrei meu melhor amigo estressado na cama deitado, com os olhos fechados e de respiração ofegante, não que ele pudesse saber que o espionava, afinal, fiquei um bom tempo escorada na porta aberta que o mesmo deixou, observando o seu comportamento totalmente previsível. Tinha ciência do efeito cascata que Scott despertava nele e sabia que o melhor lugar para o Rafael se manter em sã consciência era o mais distante possível do ex-amigo.

– Ei! – disse para que soubesse da minha presença.

– Não quero conversar! – respondeu sem abrir seus olhos.

– Sabe que sou vacinada contra raiva né? – sorri vendo a sua afeição ainda irritada.

– Você sabe que não estou afim! – afirmou.

– E quando você está? Qual é Rafa? – entrei no quarto. – Eu queria saber até quando vocês vão levar essa disputa. – ele finalmente sentou na beirada da cama. – A coitada nem sabe o que está acontecendo, isso é muito injusto! – informei.

Era claro que havia dito uma coisa ou outra para Juliana, mas não era toda a verdade, nem poderia dizer, porque aquele assunto catastrófico não era meu e eu não devia nem sequer falar meias verdades. Contudo, também não podia deixa-la no escuro, ela devia saber onde estava se enfiando.

– Eu nunca faria isso novamente, ainda mais como alguém igual a ela! – parecia convicto.

– Alguém como ela? O que quer dizer? – indaguei.

– Ela não é o tipo de pessoa para fazer apostas! – disse.

Era disso que estava dizendo, Rafael era romântico demais para permitir que uma garota nova como Juliana fizesse parte de uma competição estúpida. Por isso, continuava afirmando que de zero sentimento, ele demonstrava uma porcentagem muito maior do que costumava dizer.

– Quem estipulou isso foi você? – o encarei. – Você acha mesmo que a garota já não notou algo diferente no comportamento de vocês? Ela não me parece ser ingênua, na verdade parece ser bem mais madura que eu inclusive. – ele me olhava em repreensão. – O único que não parece colaborar muito é você! – finalizei.

– Eu? Agora você forçou a barra, Cloe! – ele riu.

– Você anda esquisito, com comportamentos estranhos, principalmente quando está ao lado dela. Acha que não percebi? Qual é? – sentei ao seu lado lhe dando um encontrão de leve. – Você é mais que isso Rafa. Não é apenas um rosto bonito, muito menos ranzinza dessa forma. Não vai doer se der uma chance a ela. Basta ser legal! – pedi em suplica para que ele pudesse dar uma chance a si mesmo.

República do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora