Capítulo 23

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Rafael,

Não poderia explicar que sensação era aquela que uma menina ao qual mal conhecia me fazia sentir. De forma natural Juliana despejava em mim carinhos, daqueles que há tempos não recebia, cada gesto parecia aquietar o meu eu confuso, amargurado por carregar um fardo pesado. A pressão sobre a minha vida era cansativa, e tentava me desvencilhar de muitas coisas, principalmente da mídia, mas às vezes era inevitável.

Detestava me abrir emocionalmente, por isso, a rispidez sempre caminhava comigo, porém, havia dias que a mesma tinha me abandonado. A inquietação estava calma, meu espírito permanecia em paz e não podia deixar de perceber a diferença desde o dia que havia conhecido aquela menina, a irmã mais nova do meu melhor amigo.

Enquanto as lágrimas escorriam para fora de mim, lavando a dor de ter perdido a minha mãe, do fardo imenso ao qual meu pai e eu carregávamos poupando sempre Elizabeth que ainda era apenas uma criança, a alegria entrava em meu peito informando que ainda possuía uma vida para ser vivida. E estar nos braços de Juliana parecia o certo, receber seus beijos aquecia meu coração em uma mistura de sentimentos. A ansiedade passou a fazer meu corpo fraquejar, sentia sua respiração bem próxima da minha boca e implorava para que ela largasse um beijo e assim perderia todo o medo que ainda havia dentro de mim.

Contudo, no instante que senti a falta do seu calor, abri os olhos vendo uma garota assustada, talvez, ela sentisse o mesmo medo. O constrangimento parecia reinar naquele momento, mas não me impediu de encará-la. Meu coração explodia com um calor anormal, meu corpo queimava e meus pensamentos estavam em sua busca, almejando que ela concretizasse atos que os levou a parar.

Juliana levantou-se com a respiração ofegante, deu alguns passos para trás me deixando excitado, afinal, seria impossível não notar o quanto ela parecia me desejar naquele momento. Meus olhos fizeram uma varredura em sua pequena estatura linda, em suas curvas, em seus seios com os bicos eriçados. Era pra literalmente foder com o meu psicológico. Porra! Sem sutiã? Tentei me acalmar, mas aquela eletricidade aumentava cada vez mais somente por observá-la. Aquela sintonia harmoniosa parecia perigosa ao extremo, então me levantei tomando coragem para continuar com a ação ao qual Juliana não conseguiu prosseguiu, todavia...

– Eu sinto muito Rafael, não devia tocar em assuntos íntimos! – ela levantou a mão para me fazer parar cortando totalmente o clima de antes.

– Sem problemas! – disse desanimado por acreditar em sensações enganosas.

Alex nos chamou para sala finalizando definitivamente qualquer coisa que viesse a seguir. Terminamos a noite juntamente com o restante da turma, após o filme decidi por fim dormir no espaçoso sofá da sala, assim as meninas ficariam mais bem alojadas dentro do quarto e também não correria riscos de seguir intuições incertas.

O dia clareou em um piscar de olhos, levantei do sofá com dores musculares, segui para a cozinha em buscar de um café bem forte. Apesar de ter amanhecido, os republicanos estavam dormindo, eles não possuíam costume de levantarem cedo nas férias. Preparei um café da manhã, saberia que logo a minha pequena acordaria em buscar de alimento, foi nesse momento que vi Juliana arrumada dedilhando os pés no chão, saindo de fininho.

– Está fugindo?

Juliana me encarou assustada com a mão no peito.

– Estou indo patinar! – respondeu baixinho mostrando os patins que a outra mão segurava.

– Interessante! – falei tentando não demonstrar que possuía conhecimento do seu hobby preferido.

– Eu preciso ir. – disse sem graça.

Balancei a cabeça concordando e Juliana saiu porta a fora. Segui imediatamente para a varanda em busca de vê-la novamente. Assim meu peito encheu mais uma vez, Juliana apareceu alguns minutos com aquele sorriso em seu rosto, atravessou a rua e sentada em um dos bancos colocou o patins nos pés, em seguida caminhou com aquela leveza que transmitia.

República do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora