Juliana
Entrei no apartamento com a sorte de não encontrar ninguém naquele momento. Afinal, a noite chegava e logo a turma sairia de suas tocas ou retornariam de onde estivessem para fazerem aquele fuzuê ao qual costumava acontecer às sextas-feiras. Não saberia explicar quando me perguntasse o motivo de tanto choro ou do por que meu rosto se encontrava naquele estado deprimente, era capaz de desabar no instante que visse alguém. Por fim, adentramos no quarto e Lize chorava muito.
– Vai ficar tudo Lize, fique calma! – pedi tentando acalmá-la.
– Eles... Não... Po... Podem parar? – disse pausadamente em meio aos soluços.
– Um dia princesa, mas eles são adultos, eles irão se entender. Você não pode ficar assim. – engoli o choro para demonstrar força, mas a verdade era que estava por um fio para me entregar às lágrimas.
– Eu não gosto de ver eles brigando! – ela estava com o seu semblante abatido.
Confesso que para uma garotinha de apenas cinco anos, acreditava que Elizabeth conseguia lidar muito bem com a situação, parecia madura para entender que eles possuíam essa rivalidade. Criança era muito sensitiva, são sensíveis a alguns fatos dos quais a ciência ainda não consegue explicar.
– Que tal conta a você uma história de uma princesa muito bonita. Você quer? – tentei tirar o foco de todo aquele drama.
– Tu... Tu... Tudo bem! – disse tentando parar de chorar, mas o soluço ainda vinha.
A ajudei a tirar os sapatos, peguei o travesseiro da cama do seu irmão e busquei no armário um lençol limpo, assim deitamos em minha cama para que pudesse contar uma história, na verdade, inventaria uma rapidamente.
– Era uma vez...
Nem sei bem o que havia dito a ela, mas contei uma história com um lindo final feliz. Elizabeth logo engatou no sono, também após tantas lágrimas isso não seria nada difícil, enfim, a cobri sentindo o nó da garganta sair e tão logo perceber que o meu rosto se encontrava molhado, eram as lágrimas que finalmente saiam desgovernadas.
Abafei os meus soluços para não acordá-la, mal compreendia o motivo pelo qual me derramava dessa forma, parecia está fragilizada, como se vivesse essa inconstante situação. Era engraçado afirmar tal coisa, pois eu não os conhecia o suficiente para despertar em mim tamanho sentimento, mas parecia sentir cada mágoa, tristeza e arrependimento. Talvez, fosse por sentir a dor de Lize, uma garotinha como ela não merecia passar por tanto drama, principalmente envolvendo duas pessoas ao qual a mesma demonstrava amor.
A dor em meu peito era incessante ao ponto de me questionar o que de fato acontecia comigo naquele momento. Lembrava-me da imensa tristeza ao qual Lize transmitia através de seus olhos, tão pequena e ainda assim provava de um sentimento muito amargo. Rafael era um imbecil por tomar partido naquela discussão sem fim, ele não media as suas consequências, na verdade, Rafael nunca se importou com nada a sua volta quando o assunto era Scott. Era como se estivesse cego, incapaz de ver o estrago que fazia com a própria irmã naquele momento.
Aquela maldita disputa estava fora de acabar, confesso que mentalizava em minha própria mente para sair desse meio, mas parecia como um espírito maligno me levando diretamente ao centro da confusão. Nem mesmo podia acusar o destino, pois tinha plena convicção de que o ser divino não era capaz de me colocar a lugares caóticos a esse ponto, mas possuía uma certeza que nem mesmo acreditaria. Eu fugia, porém, conseguia me inserir exatamente no meio do furacão sem nem ao menos esperar. Nem sei por quantos minutos fiquei desgastando a minha mente, muito menos as minhas lágrimas, mas acabei sendo vencida pelo sono.
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República do Amor
RomanceJuliana é uma menina mulher doce, meiga e cativante que descobre o amor da maneira mais difícil, em meio ao ódio e oposto do que imaginaria. Quem nunca amou aquele que dizia odiar? Amor e ódio andam lado a lado, em meio as suas perguntas Juliana se...