Rafael
Não conseguia explicar aquela sensação de ódio. Um sentimento ruim atravessava o meu ser, por isso, decidi sair daquele ambiente que de nenhum modo me trazia bondade. Scott aflorava o pior de mim, era realmente um ser repugnante quando a ira invadia a minha consciência e acabava me tornando uma pessoa rude demais ao redor de pessoas boas.
Precisava me afastar e tentar manter a minha sanidade naquele momento. Então entrei no primeiro quarto que vi com a porta aberta, devia me acalmar e a melhor coisa que poderia fazer era estar sozinho. Fechei os olhos desejando que essa sensação passasse rapidamente, mas no mesmo instante um delicioso perfume adentrou em minhas narinas me levando a abrir os olhos imediatamente.
Havia uma bolsa aberta em cima de uma pequena mesa, alguns produtos de cabelo espalhados ao redor da mesinha. Fui em direção como um imã buscando verificar qual deles deixou as suas coisas espalhadas, porém, minha consciência gritava insistentemente que eu mesmo possuía conhecimento de quem se tratava. No entanto, meu corpo continuou curioso para vasculhar, todavia, parei no instante que vi a bolsa aberta e uma calcinha fina rendada bem amostra.
– Está de brincadeira! – disse a mim mesmo.
Eram as coisas de Juliana, afinal, ela foi à única que havia adentrado e alguns minutos depois voltou para varanda de banho tomado. Inalei aquele delicioso aroma, mas no exato momento que meus pensamentos voltaram para a irmã mais nova do meu melhor amigo, interrompi qualquer reboliço que por alguma razão mostrava querer entrar no mais profundo de mim.
Decidi por fim me deitar na cama. Fechei os olhos voltando os meus pensamentos para o imbecil do Scott, mas somente Juliana aparecia em minha cabeça, com aqueles olhos azuis cintilantes. Minha respiração logo ficou alterada, sentia o peito subir e descer, uma sensação de arrepio esquisita, como se todas as minhas células fossem capaz de tomar decisões por mim, aquelas aos quais buscava desviar.
Os pensamentos se dissiparam quando Cloe apareceu com aquela desculpa estúpida de suposta aposta. Possuía conhecimento de que minha amiga nunca faria algo desse tipo, ela provavelmente apenas me queria reconectar com o mundo, porém, o estranho não foi saber os motivos de Cloe, mas exatamente em aceitar a aposta. Pois não possuía estimativa positiva para aquela calefação, metaforicamente.
Entretanto, estava valendo a competição, por mais que a premiação fossem coisas absurdas. E para completar aquela jogada perigosa, Juliana apareceu bem depois de falarmos dela, o que passou a ser constrangedor, e o pior ainda viria com Cloe insinuando coisas, colocando palavras em minha boca com a ideia de dizer que os jogos estavam começando.
Encarei aquele par de olhos azuis diante de mim sem saber o que falaria. Inevitável o desconforto, especialmente por ter que mostrar a ela quem era de verdade. Rafael Lohan não era um grosso constante, mas sim um homem maduro, carinhoso e muito amoroso, além de priorizar a família, afinal, pra mim família era sagrada, ao menos aqueles ao qual considerava. Contudo, o silêncio reinou e ambos permanecemos nos observando, confesso que tentava buscar as palavras certas, aquelas que haviam varrido para deixo do tapete a fim de não querer mais usá-las.
– Então? – disse ela quebrando o gelo.
– Desculpe! – foi à única palavra que conseguia dizer naquele momento.
– Sinceramente, as suas desculpas já estão me cansando. – suspirou.
– É! Eu sei. – Juliana me encarou confusa. – Se fosse comigo pensaria da mesma forma. – expliquei. – Scott e eu no mesmo ambiente não dá boa coisa. Ele consegue tirar a minha razão. – informei.
– Ninguém percebeu! – ela riu. Então a encarei confuso tentando imaginar o motivo daquela risada. – Era só isso? – continuou percebendo que me deixou curioso.
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República do Amor
RomanceJuliana é uma menina mulher doce, meiga e cativante que descobre o amor da maneira mais difícil, em meio ao ódio e oposto do que imaginaria. Quem nunca amou aquele que dizia odiar? Amor e ódio andam lado a lado, em meio as suas perguntas Juliana se...