Rafael
Estar em um lugar ao qual se estava perdendo o controle acabava com a minha saúde mental. Meus neurônios fervilhavam sem entender como uma mulher era capaz de tirar toda a minha paciência, aliás, possuía um autocontrole inabalável, mas por alguma razão se dissipava lentamente. Juliana tinha um efeito em mim inestimável, uma irritação constante, principalmente por ela me desafiar sempre. A grande incógnita se dava justamente no fato pelo qual não conseguia me distanciar, talvez fosse curiosidade por ela me enfrentar todas as vezes que estávamos juntos ou o fato dela está próximo de mais a um cara sem caráter.
Cloe precisou me implorar para fazer essa viagem, jamais iria pelo motivo óbvio, estar no mesmo espaço que Scott perturbava a minha cabeça, enfim, aceitei sem saber exatamente o fundamento. E ainda por cima por horas fiquei me indagando o motivo que havia me levado a oferecer espaço em meu carro para Juliana. Obviamente precisava me desculpar pelas grosserias desnecessárias, porém, mesmo assim não via necessidade em disputa-la, sobretudo por Scott está envolvido. Acredito que foi exatamente isso que mexeu com o meu ego ferido, não o queria de forma alguma perto dela, por mais que tivesse avisado a mesma para não entrar em amizades furadas.
Quando passamos pelo constrangimento de uma conversa nada esclarecedora chegamos finalmente em Arraial do Cabo. Sentia-me aliviado, pois ficar sozinho com a mesma estava começando a afetar o meu juízo.
Enquanto aguardávamos o restante da turma, Juliana tirou as sandálias e fechou os olhos sentindo o pesar do calor do Sol, ela parecia enfeitiçada por aquele momento. Fiquei observando a cena minimalistamente, os pequenos gestos ao qual ela sentia, dava a sensação de prazer, ao menos era o que acreditava.
Nessa vida já havia conhecido mulheres o suficiente para perceber que Juliana era diferente. Primeiro que a mesma não demonstrava atração física, segundo por despertar em mim uma sensação de afronta. Era estranho sentir essa mistura de conflitos dentro de mim, ela instigava a me desafiar a descobrir novos sentimentos que até aquele momento ainda não havia permitido.
Talvez isso fosse burrice, e tudo não passava de pensamentos perturbadores que surgiam dentro da minha cabeça. Entretanto não podia negar o quão era especial, pois sempre tive mulheres aos meus pés, correndo atrás de mim e Juliana naquele momento era indecifrável, pois praticava exatamente o oposto, ela me afastava. Tentava fazer leituras rotuladas que ao longo do tempo fui construindo sobre todas elas, mas não obtive sucesso, porque Juliana não era fácil de interpretar. Com ela parecia tudo sob a mesma medida, não havia um meio termo ou algo que dissesse ser mais forte para que pudesse firmar uma personalidade. Havia doçura, mas também possuía muita teimosia, não a achava rasa, mas intensa demais para se envolver apenas por uma simples pegação.
Não afirmava em querer qualquer tipo de relacionamento, muito menos interesse na irmã mais nova do meu melhor amigo, pois meu histórico de romance não ajudava a me firmar em mais ninguém e meus sentimentos foram bloqueados como uma autodefesa. Apenas estava curioso para descobrir o porquê ela me estimulava daquela forma, os meus sentidos ficavam aguçados, meus pensamentos por vezes mudavam de rumo e o meu corpo parecia querer estar a todo momento perto dela.
O grupo finalmente chegou dissipando os meus pensamentos atordoados e finalmente retornando para a realidade existente naquele momento. Rachell sem perda de tempo nos fez segui-la a fim de chegarmos mais uma vez na casa de praia. Enquanto caminhávamos Cloe se aproximou, mas se manteve em silêncio me deixando ouvir a conversa que surgia logo atrás de mim.
– Está tudo bem? – ouvi a voz de Scott.
– Sobrevivi! – disse Juliana.
Parecia o óbvio ele fazer insinuações, pois conseguia arrancar sorrisos das garotas daquela forma, era o seu famoso truque ser um idiota, afinal, os idiotas costumavam ser engraçados. Essa era a realidade ao qual o nó ficava irritado na minha garganta, porque era explícita a idiotice para conseguir xavecar, mas elas ou Juliana demonstrava aprovação e isso me contrariava de forma inexplicável.
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República do Amor
RomanceJuliana é uma menina mulher doce, meiga e cativante que descobre o amor da maneira mais difícil, em meio ao ódio e oposto do que imaginaria. Quem nunca amou aquele que dizia odiar? Amor e ódio andam lado a lado, em meio as suas perguntas Juliana se...