- Tsunade, Tsunade. É o seu destino , deixe - me velar teu sono eterno, adoraria observar o último suspiro que você deixará de seus delicados pulmões.'' - A voz espectral entonava as palavras aéreas que se tornavam cada vez mais altas, gutural. As escrituras negras que aos poucos iam surgindo e se espalhando por seus pulsos denunciavam a sua prepotência facultativa.
Tsunade acordou. O suor porejava de sua testa e a roupa da missa do dia anterior estava desalinhada. Sentia o corpo tremer e uma leve ansiedade. A respiração estava entrecortada e se assustou com a voz que tomou o cômodo.
- Bom dia irmã Tsunade. - O sacerdote Hiruzen saudou a mulher, o charuto aceso pendendo entre os lábios e o olhar perdido. As orbes obsidiana pareciam distantes, o homem há muito não parecia motivado a repercutir essa aparência vaga, mas falhava miseravelmente. Todos os dias, ela pedia piamente por uma motivação de cativar fiéis nos templos. Tsunade sentia nele a mais pura reencarnação da maldade, como se ele estivesse apenas guiando pobres cordeiros para o abate, para a responsabilidade de guiar fardos vinculados ao Deus. Hiruzen era apenas um soldado, uma marionete de Danzou.
- Bom dia.. - A mulher disse vagamente navegando entre processar o sonho ou ceder ao abismo que seria continuar a suportar aquele lugar, tão perdido quanto ela.
- O sacerdote Douma manda as condolências pelas perdas de Nawaki e Dan. - O homem pigarreou perscrutando o ambiente com os olhos.
- Por favor peça a irmã Shizune que limpe o seu quarto. Ela precisa se redimir com seus pecados. Rikudou não tolera cordeiros pecaminosos em seu lar, o paraíso. - Hiruzen falou tentando transbordar a fé em seu âmago, no íntimo de seu homem ideal devoto. Infelizmente, o que aparentou ser, era apenas a carcaça do que um dia foi um homem leal, parecia mais incrédulo do que um fiel deveria ser.
- Sacerdote, não precisa cruzar os confins da intimidade comigo, mas eu lhe peço apenas para que não pronuncie o nome de Kami - Sama em vão. - Tsunade murmurou, sem realmente prestar cognitivo raciocínio no que dizia. Ela sabia que para ela e para Hiruzen, Rikudou era só uma pessoa, a bíblia, era só um livro e as passagens da bíblia, eram só palavras sem sentido ou significado.
- Tudo bem. Preciso que conduza a abertura e a missa das 7 horas para prestar preces a Hamura. - O homem retirou o charuto dos lábios, o deixando sob a penteadeira de madeira alva. A loira ouviu a crepitação e o - recolheu, deslizando pelo seu lábio inferior e tragando lentamente. Ela já havia se familiarizado tanto com aqueles breves momentos em que ela se sentia a mercê da nicotina. Definitivamente não deveria estar realizando esses maus hábitos que ganhou de brinde pós morte de amado e irmão, "vítimas de um acidente de carro", fachada, apenas fachada.
Expeliu a fumaça que cobriu seu campo de visão. Acomodou - se, precisava relaxar, exagerar no saquê e deixar o futuro nas mãos das ânsias, as promessas de um futuro saudável que a igreja ofertava era apenas um slogan. Tsunade sentia como se estivesse em um hospício, que provavelmente, já havia se tornado seu lar, seu carma.
- Shikamaru, precisamos conversar. - O homem de cabelos grisalhos lhe dirigiu a palavra, recolhendo o cantil que jazia em sua mesa.
- A disposição Kakashi. - O moreno lhe dirigiu a palavra, acendendo um cigarro de palha e lhe prendendo entre os dentes.
- Preciso do histórico de negociações do templo. - Kakashi disse enquanto puxava um pequeno bloco de notas.
- Isso já é com o Kakuzu, eu cuido apenas dos comerciantes externos, lhe garanto que as finanças podem dizer muito mais do que simples negociações fora da igreja. - Shikamaru disse tedioso, enquanto suas pequenas orbes ônix fitavam um ponto singular no teto de seu escritório.
- Você sabe como Kakuzu é, nunca me daria o que eu preciso. Mas o que eu realmente quero, está com você. - Kakashi entregou seu cantil a Shikamaru, que o recolheu e sorveu alguns goles contínuos.
- Mas o que um médico quer com os documentos externos? - Shikamaru piscou vagarosamente enquanto retornava de seus pensamentos distantes.
- Você não vai precisar saber - Kakashi diz com a voz arrastada estalando a língua no final, ao passo que Shikamaru sentiu sua visão turva e o tato um tanto prejudicado. Seus olhos selaram - se, e a última coisa que pôde sentir, foi o gosto do whisky, menos puro, podendo notar a presença de alguma erva misturada.
- Boa noite Shikamaru. - O grisalho disse rindo em escárnio, enquanto perscrutava o ambiente procurando os documentos do templo. Precisava acabar com a epifania filosófica de Danzou, precisava acabar com os templos, precisava honrar o que lhe foi confiado, precisava trazer ele de volta.
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A enviada | JiraTsuna
FanfictionTsunade sabia que não estava lá para superar perdas ou ser perdoada, ela só sabia que não tinha aonde pertencer, passava noites se sentindo vazia, frustrada, cansada, apenas para se render a igreja e a ideais considerados corretos que a sociedade ju...