Tsunade estava atordoada com a visita que recebera quando estava enferma.
As semanas se passavam e o tom caloroso do homem desconhecido permanecia em seus pensamentos, em seus sonhos mais profundos, viajava nas memórias do momento cálido que havia presenciado.Mas durante a semana, parecia sentir constantes presságios. Não eram bons sinais, parecia algo turvo e escuro, contorcendo - se, convulsionando, tremendo, rastejando para si. Um segredo, uma chave, um baú e uma escritura. O futuro era nebuloso e incolúmel, de alguma forma, simultaneamente.
Sentia que seu encontro com o homem grisalho não passara de um delírio desesperado para um corpo fatigado, mas sempre sonhava com memórias que não eram suas, olhava por olhos que não eram seus, e sentia sentimentos que também não lhe pertenciam, tudo sempre fora confuso demais.
Suas obrigações no templo não acabaram, ainda estava trabalhando ávidamente com os fiéis e dispondo de sua paciência para pregar a doutrina, o que se mostrava mais difícil do que nunca com Hiruzen se equivocando com sua influência no templo.
O maldito cachimbo pendido entre os lábios, o sorriso convencido e a energia negativa, Hiruzen carregava uma aura escura e desinteressante, seu cerne era vazio, suas ações eram vazias, sua prepotência era palpável. Aquele homem lhe dava nojo.
Shizune, a freira obcecada por si, havia desaparecido completamente do templo. Não que Tsunade quisesse muito a presença da morena, o modo como a mesma a admirava, era doentio, e ela se sentia observada a cada segundo por olhos alheios, longínqua de sua própria privacidade e a beira de um colapso.
Então cruzou os corredores do templo atrás das sagradas escrituras, quando sua visão foi acometida pela imagem de Shizune com o pescoço preso por uma corda longa, sob a estrutura de madeiras do teto, e uma cadeira disposta debaixo de si, caracterizando um típico suícidio. Seu corpo estava pendurado, a pele pálida e os olhos abertos, a postura estava serena e fleumática. Seus olhos marejaram e seu lábio inferior tremia, a respiração se tornou pesada e a tensão no ar palpável, seu corpo trepidou, e ela foi de encontro com a parede para se apoiar, seu estômago revirou e as palavras simplesmente saíram de seu âmago de maneira natural, sem que nem ela mesmo percebesse.
- Tomuki qəzəbini bəyəndinmi? İnqilab çürümə səviyyəsinə çatıb? Axı görüşəcəyik?L'as-tu été depuis le début . Pourquoi m'as-tu suivi? Tu n'étais pas obligé d'y aller ...
As palavras criavam vida própria e se externalizavam, Tsunade não sabia oque estava dizendo, e parecia alternar entre dois idiomas, francês e uma língua confusa demais para identificar.
Quando se deu por si, havia subido na cadeira, e estava dedilhando a corda em torno do pescoço de Shizune. Naquele momento, seus olhos reviravam e ela sentiu sua pele crepitar, ela se desequilibrou e começou a tremer, o corpo rolava para os lados enquanto sentia o fogo se alastrando pela costas, a boca abriu- se em espanto, e ela soltou um grito mudo, as lágrimas se formavam e contornavam a sua face incrédula.
Piscou lentamente tentando estabilizar seu estado de alma precário, e nada daquilo estava acontecendo. Estava parada em frente ao corredor vazio. Não havia uma Shizune padecida, e ela não estava queimando em brasas negras.
Esfregou os olhos agressivamente. Estaria delirando?
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A enviada | JiraTsuna
FanfictionTsunade sabia que não estava lá para superar perdas ou ser perdoada, ela só sabia que não tinha aonde pertencer, passava noites se sentindo vazia, frustrada, cansada, apenas para se render a igreja e a ideais considerados corretos que a sociedade ju...