- Shikamaru, por favor, acorde. - Temari dizia brevemente, os olhos marejados já permitiam que as roliças lágrimas contornassem sua face abatida. Seu marido estivera desacordado a mais de três meses, e fora encontrado sobre o assoalho de madeira do próprio escritório, as orbes focadas em um ponto singular no teto e o rosto sereno, sem ao menos um franzido, quase como que se o mesmo permitisse estar naquele estado.
Temari retirou um pequeno lenço de dentro de sua bolsa, e alisou o rosto com delicadeza, descartando - o logo em seguida, sentou - se no leito da cama e depositou um beijo saudoso na testa de seu cônjuge, as delicadas unhas decoradas percorreram a face alheia, acariciando - a com ternura.
A pele pálida lhe causava medo e receio, medo de perder seu amado marido, algo que Temari temia com todas as forças de seu cerne. Balançou a cabeça com os próprios devaneios e se retirou do cômodo bem iluminado, se dirigindo para a entrada do templo, justapôs a bolsa sob uma cadeira de madeira e se pôs a procurar suas luvas de seda.
E então ouviu passos ecoando pelo espaço, e o Hatake se fez presente.
- Bom dia senhorita Temari. - Ele disse gentilmente, ajeitando sua pequena mochila.
- Bom dia Kakashi. - Ela disse distraidamente, enquanto revirava seus objetos pessoais.
- Você por acaso está de saída? - O alvo perguntou, colocando as mãos dentro dos bolsos de sua calça.
- Estou.. Vim visitar Shikamaru, ele está acamado a muito tempo, e preciso visitá - lo regularmente para contribuir para sua melhora. - Ela disse quase que roboticamente, sua rotina monótona e desesperançosa infundia negativamente no seu temperamento, que havia se tornado mais taciturno e desolado.
- Eu estou indo embora neste exato momento. Se quiser que eu te leve até em casa o farei. - Hatake ofereceu gentil, rodopiando a chave do carro em mãos.
- Seria perfeito se você fizesse este favor para mim.
O silêncio dentro do carro era palpável, e o Hatake tamborilava os dedos sobre o volante enquanto fazia o trajeto conhecido.
- Que espécie de erva é essa ? - Temari perguntou, levantando um pequeno frasco com algumas folhas verdes para perto de seu nariz, sentindo o eflúvio das mesmas. O grisalho retesou por um momento e pareceu segurar o volante com uma força maior.
- .. Porque a pergunta ? - Ele disse com a voz gentil e serena.
- Meu irmão, o Gaara, é botânico, e eu queria mostrar esse tipo de planta para ele, se parece bastante com uma rara espécie que ele comentou recentemente.
- São amenicádios. - Kakashi disse simplista, segurando de maneira mais delicada no volante.
- Uh. Oque faz com essa espécime rara em suas possessões? - O Hatake pigarreou e lhe respondeu.
- Gosto de estudá - los, acho eu, que pode ser um importante material de estudo médico. Estou tentando ver se seus efeitos colaterais possam trazer quaisquer ajuda em alguns tratamentos. - Temari voltou a indagá - lo.
- Acho interessante vossa motivação para usá - los, mas pelo o que eu saiba, esse espécime não fica nas mãos de qualquer um, apenas famílias de classe alta que possuem uma árvore de amenicádios. - Kakashi sorriu e lhe encarou por alguns segundos pelo retrovisor.
- Eu tenho os meus contatos. Conheço um homem generoso de classe alta que produz androcélicos. - Kakashi disse sereno.
- As bebidas com amenicádios ? A única família com capital o suficiente para produzir essas bebidas são.. - Kakashi cortou a conclusão da loira freiando rente à casa da mesma.
- Sarutobi... - A palavra escorregou da boca de Temari quase que instantaneamente.
- Tenha um bom dia. - Kakashi disse com um sorriso de escárnio.
- Um bom.. - Ela se apressou em segurar a porta do carro para sair daquele ambiente e contatar alguém, mas sentiu a cabeça pesar e os olhos revirarem. O semblante se contorceu em espanto e seu corpo abatido foi de encontro com o chão.
- Seria certo dizer boa noite ? - Kakashi sorriu friamente.
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A enviada | JiraTsuna
FanficTsunade sabia que não estava lá para superar perdas ou ser perdoada, ela só sabia que não tinha aonde pertencer, passava noites se sentindo vazia, frustrada, cansada, apenas para se render a igreja e a ideais considerados corretos que a sociedade ju...