- Bom dia Dan. - Tsunade diz serenamente, manuseando a faca habilmente para retirar a casca da maçã, que saia devagar, deixando o fruto nu.
- Bom dia minha Tsu. - Os olhos comprimidos saudaram de maneira cálida, e ela conteve o riso, vendo os cabelos azulados desgrenhados por sobre a extensão do ombro. A loira abafou uma risada com o antebraço antes de menear a cabeça negativamente e beijá-lo com ósculo.
- Alguém viu minha - Nawaki entra loquaz balançando os braços de maneira cômica e jazendo em seu rosto um vinco aparente de nojo após mirá-la de maneira mais analítica.
- Ugh - Ele dispôs de sua língua para fora torcendo o nariz, as orbes reviraram, fazendo um papel de falso sectário, para provocar uma urdidura.
- Façam isso em outro lugar. - Arqueou uma sobrancelha. Tsunade levantou- se erguendo os braços e levantando o garoto, que esperneeou de maneira divertida apelando para soltar de seu agarre, a fazendo prender o mesmo entre os quadris e o ombro contornando a barriga do mesmo. A loira se mostrava emperdenida ao forçar o agarre, os olhos o miravam de maneira fraternal, mas tentou impor -se.
- É só isso que você tem ? - Nawaki esbravejou, resmungando em crescente intensidade, os músculos da perna se moviam cada vez mais forte contra o agarre, tentando mirar algum membro com um movimento certeiro e eficiente.
Dan riu dócilemente da pergunta retórica de Tsunade, rodopiou a maçã entre os dedos e lhe arrancou uma mordida, atirando- a logo em seguida na direção da loira, que desviou, levantando a cabeça do garoto de cabelos claros, que recebeu o impacto do fruto em sua testa. Nawaki fitou Dan furiosamente, as orbes estavam imersas em frustação e descontentamento.
- Foi mal campeão, fiz tudo que pude. - Dan sacudiu os ombros indiferente, os globos focados atentamente na situação sem perder de vista um mínimo detalhe.
Nawaki destramente focou na perna esquerda de Tsunade, encaixando um de seus pés e a fazendo tropeçar, a loira abriu um sorriso convencido, fazendo o semblante do mais novo emergir em confusão, franziu o cenho, e antes que percebesse, a mão da mesma forçou o agarre sobre sua barriga, o fazendo lembrar que ainda estava preso.
- Merd - Sibilou pairando por sobre as letras enquanto acompanhava o próximo movimento de Tsunade, ela o trouxe para frente, invertendo as posições, porém, ao invés de ela lhe agarrar de volta, ela impulsionou sua cabeça para trás e fez seu corpo de apoio, sentando em suas costas e o prendendo no chão.
- Isso não é justo! - Choramingou se debatendo, os músculos contraiam inutilmente tentando se livrar do peso.
- Tira isso de perto de mim Dan. Eu já te disse, eu não quero. - Tsunade gritava em súplica, o corpo fraco e magro se debatia, a aura negra lhe amedrontava e fazia o corpo repelir a sepulcral presença que instigava o seu interior, que efevercia de maneira beneplácita com os seus incentivos.
A faca rodeou os dedos do homem, os cabelos azuis encontravam-se recém cortados e soltos, as matizes estavam claras, a tinta não havia sido retocada. As olheiras cadavéricas lhe davam arrepios e os globos fixos e intimidadores se fizeram presentes, a cabeça do mesmo se virava com um tique nervoso fazendo o corpo do mesmo tremer em torpor, como se a alma estivesse pairando sobre o mesmo, mas sem total controle.
- Dan você não.. - A faca foi diretamente em seu ventre, ou no seu filho, que se movimentava agitado com o ambiente acerca do mesmo, Tsunade estava desestabilizada e sabia o quanto era preciso ter calma, porém a situação não permitiria um descanso ou falha, se não eles o tirariam de si. Nawaki moveu - se de prontidão, recebendo uma facada enquanto empurrava sua irmã com o resto de força que jazia em si. A poeira subia pelo denso ar do ambiente, Dan tentou retirar a faça, porém se surpreendeu ao ver o garoto mantê -la dentro de si, travando em seus órgãos para evitar a movimentação do mesmo.
- Nawaki. - Tsunade berrou guturalmente, as mãos ensanguentadas pelo líquido ferruginoso de outrem tomaram o rosto do garoto de maneira cálida, a loira sentia seu âmago se oprimir de maneira arrebatadora sentindo previamente o luto, tendo de lidar com os chutes que provinham do seu filho.
- Fuja.. Pegue o fósforo e queime, queime isso, e fuja com o Seiji. - Nawaki disse cuspindo pequenos filetes de sangue da boca, e o corpo convulsionava de maneira trágica, porém o brilho determinado ainda pairava por sobre os olhos parcos de dor e sofrimento. A loira enxugou as lágrimas com o antebraço coberto pelo fino tecido branco de sua roupa, Tsunade correu de maneira manca descompassadamente, o peito subia e descia em virtude da ofegante respiração, seus músculos retesavam e ela forçava uma mínima movimentação. Dan moveu - se inquieto, um de seus braços pendiam, ensanguentado só preso a si por uma fina camada da derme, não estava em posição de fazer movimentos desnecessários.
O galão de gasolina caiu do alto do armário e a loira o colou no peito, ela pairou por alguns segundos procurando um pequeno índice de consociação, os olhos ergueram lentamente e pesaroso, as lágrimas formavam - se pesadas, porém ela as segurou para manter - se firme e poder encarar aquele homem. Os olhos fuzilavam em ódio, a mão tremia e a boca salivava de uma maneira doentia, não era o Dan, não era o seu Dan.
Tsunade apertou as sobrancelhas e ergueu o galão chacoalhando, o líquido bateu nas paredes do objeto ecoando pelo ambiente.
- Se você quiser conversar eu considero não atear fogo em tudo. - Tsunade diz convicta, perpassando autoridade. Dan bufa e retira rapidamente a faca do interior de Nawaki, que grita e apoia - se na pilastra de madeira, os olhos de seu irmãozinho não refletiam mais, ela podia jurar que ele havia partido, a loira mordeu o lábio inferior e apertou o objeto de plástico mais contra o peito, mirando seu irmão calidamente.
- Você sabe que essa criança não vai sobreviver. - Dan iniciou levantando um de seus braços. - Eu tenho que matá - la.
Tsunade grunhiu, andando descompassadamente para Nawaki, a mão foi habilmente a barriga do pequeno irmão estancado o sangramento. O garoto levantou fracamente o braço e meneou a cabeça, as mãos pequenas foram á sua barriga e ele retirou o objeto.
- V-Você v-vai pre-ci.- Ele sibilou as palavras cuspindo generosa quantia de sangue, a fraca tremulzia em sua mão.
Vermelho
Carmesim do sangue
Não era a primeira vez que..
- Tsunade. - Nawaki berrava estonteante, os braços finos balançavam exasperadamente, e a voz chegava a loira de maneira parca e fina, quase sutil e inexpressiva, estava distante, distante demais de si, ela sentia os olhos pesados lacrimejarem o grito gutural surgindo, o corpo movia - se incapacitado, ela precisava correr além de si, estava tomada no pânico, na adrenalina das memórias congeladas, ela estava pausada no tempo, estava a observar um de seus traumas que consumia o seu ser de maneira intensa e impetuosa.
Queimado.
O cheiro tomou conta de suas narinas e a fuligem pregava, a fumaça negra subia magistralmente, tomando conta de seu campo de visão, as labaredas cruzavam- se curvando para os lados e lhe esquentando a pele, que crepitava em pequenos fragmentos. Olhou para seu irmãozinho, agora tudo parecia mais audível, ele se contorcia em dor, cedendo as chamas que lhe abraçavam como parte de si. O lábio fino estava franzido em medo, e os olhos a miravam em puro temor, o dedo pequeno e obscurecido pelas cinzas levantou - se trêmulo apontando para a direita.
Não conseguiria olhar, não podia. Mas o por que seu corpo estava retesando? O que tinha ali? Moveu - se para trás perante a incapacidade de lidar com o calor emanado do ambiente, os pulmões fraquejaram a fazendo tossir descontroladamente enquanto as lágrimas desciam com volúpia, o grito gutural transcorreu de seu cerne retumbando ao seu redor perante a cena da figura presente perante si, o ser humano mais putrido e vazio que poderia cruzar os confins de seu conhecimento, a única pessoa que havia sido capaz de ferir a mesma de maneiras inimagináveis.
- Dan.
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A enviada | JiraTsuna
FanfictionTsunade sabia que não estava lá para superar perdas ou ser perdoada, ela só sabia que não tinha aonde pertencer, passava noites se sentindo vazia, frustrada, cansada, apenas para se render a igreja e a ideais considerados corretos que a sociedade ju...