Passando por alguns outros feixes de água deslumbrantes e de curta vazão, a caverna das almas possuía em seu final algumas pedras incrustadas no símbolo de uma enorme folha, cuja espiral se formava no meio, cintilando em um padrão no qual um obelisco de mármore ofucava possuindo alguns adornos metálicos que contribuíam para os fachos de luz precisos. Karuke aproximou - se reverenciando em respeito, os dedos logo traçaram hábeis pela superfície rochosa virando alguns dos cristais gravados. Tsunade mirou o garoto maravilhada com a imponência do local, boquiaberta com a magnitude daquela caverna.
Então a porta brilhou, movendo - se em blocos rochosos que libertaram a passagem de ambos, enquanto eram emitidos barulhos revelando uma claridade inesperada.
Os olhos da loira dilataram tentando acostumar - se com a mudança na claridade do ambiente, logo uma sala alva e vazia se fez presente com um pequeno globo esmeraldino que refletia formas esverdeadas pelo teto branco.
Uma mulher de vestes alvas e cabelos rosáceos curtos recebeu os com um sorriso de dentes claros, os cantos de seus lábios curvaram - se delatando tamanha felicidade, as orbes refletiam um verde esmeraldino intenso e sua presença era marcante e pouco impositiva, era acolhedora e tinha uma certa suavidade. Ao seu lado, uma outra mulher jovem de cabelos arroxeados em matizes escuras, que caíam em contraste com os globos perolados, sua áurea era suave como um bálsamo e a presença igualmente passiva e pacífica, sua serenidade lhe dava um ar mais maduro mesmo com pouca idade.
- Sobrinho. - A garota de cabelos escuros disse com a voz calma e comedida, seu sibilar pareceu como a brisa lunar, um sopro de virtudes, um conforto para o cerne dos aflitos, ouvir as palavras formarem tom era como uma honra de tamanho sentimento fraternal e de pertencimento que aquela mulher transpassava.
Karuke correu balançando o kimono de maneira desajeitada e afoita, ao que a rosada entortou o sorriso rangendo a mandíbula de maneira desconfortável. O garoto pulou erguendo os braços de maneira simbólica rodopiando ao ser erguido, desmanchando - se em risadas, fazendo Tsunade suspirar, sendo preenchida por um sentimento no qual não sabia descrever.
Estava em seu lugar, aquela era sua casa.
Não sua casa propriamente dita, as pessoas de lá eram sua morada.
Redizia no coração de cada um deles.
Eles eram conectados, ela podia sentir.
Era uma conexão imutável, imparável, indestrutível.
Era o elo mais sólido dentre todos.
Eles dividiam do mesmo sentimento.- Sakura.. Hinata.. Nawaki.. - Tsunade sibilou, a garganta presa por um nó, tremia em espanto e saudade, o sorriso se formou aos poucos recebendo o deslizar das lágrimas roliças, agora entendia, finalmente entendia.
Ambas as garotas sorriam para si, compartilhando do mesmo sentimento em seu peito, ele também deveria estar sentindo isso.
- Aguardamos tanto tempo por você.. - Sakura iniciou, pigarreando enquanto a face intacta lhe passava coragem e segurança, os dedos acariciaram a pele do pescoço, a tez pálida liberando um pequeno fragmento lilás. Ela caminhou a passos leves na direção da loira, abrindo sua palma com firmeza e depositando o objeto.
- Você sabe o que fazer com isso. - Ela disse seriamente, olhando por debaixo dos cílios curtos, Hinata aproximou - se mais timidamente, lhe tocando a testa. Nawaki aproximou - se mais rapidamente abraçando as pernas da loira.
- Boa sorte irmã. - Ele disse sorridente, deixando uma lágrima contornar sua bochecha.
- Eu não preciso de sorte, eu conseguirei. - Tsunade franziu as sobrancelhas loiras, dando um erguer de lábios convicto.
E então desapareceu, precisava fazer aquilo, depois de descobrir a verdade, depois de ver pelos olhos de Hinata.
Havia sido enviada por um propósito, por negar a natureza divina que lhe foi ofertada e procurar se relacionar com o demônio de cabelos alvos, Jiraiya. Sua briga com os seres celestiais terminou em sangue desnecessário e uma carnificina divina que lhe custou sua vivência aos céus e seu exílio, junto de seu companheiro.
Jiraiya era o amor de sua existência, fruto de uma experiência evitável, era sua perdição, o responsável por lhe fazer perder tudo, mas era o único capaz de lhe dar tudo que podia querer, corresponder aos seus desejos, era o único que podia fazer ela contentar consigo mesma, era o único que poderia virar - lhe ao avesso e fazer a mesma de tola, sem que ela se importasse. Eles compartilhavam da alma um do outro, eles se completavam, eram como carne e sangre.
O fenecimento desse trágico relacionamento resultou em um pergaminho criado pelos superiores, ao qual impedia ambos de se juntarem novamente, pois tinham planos de conspirar contra a natureza do cosmos. O pergaminho fora roubado pelo clã Hatake, que possuía a ambição de trazer esses seres divinos para a terra como maneira de reverter a situação celestial e a ordem imposta aos seres terrestres.
Porém, assassinado o último membro do clã, Sakumo Hatake, não haviam pretensões dessa ressureição, porém algo inesperado ocorreu, Sakumo salvou seu único filho do massacre realizado pelos ambiciosos Sarutobi. E então Hatake Kakashi usou desta situação como objetivo infindável no qual deveria batalhar para realizar sua única tarefa como ser existente, movendo pauzinhos para derrubar os Sarutobi e ter seu pergaminho de volta.
Sarutobi era um clã de muitas aquisições e desde os primórdios objetivava o pergaminho sagrado evitando da ressureição que acabaria com a ordem natural, e sendo um clã religioso, entravam em contraste com a ideia que tanto se opunha aos seus ideais, portanto o pergaminho fora escondido ás ruínas de um antigo templo e protegido com zelo por seu valor inestimável.
Entretanto, faltava um segundo elemento para que fosse impossível essa ressureição, a própria Tsunade, ou Mahina deusa da Lua, traidora da ordem celestial de Hamura e Hagoromo, pois a mesma era uma divindade, portanto sua natureza a daria inúmeras reencarnações, podendo ter vários nomes e vagar pelas memórias das vidas passadas. E por isso o templo havia requisitado a jovem Tsunade, para impedir que Jiraiya retornasse, e juntos destruíssem a ideologia fraca dos seres terrenos.
Então o Hatake rezou para as outras divindades, como Sakura, a deusa da guerra e da colheita, Hinata, deusa das virtudes e da fertilidade e Karuke ( ou Nawaki ) deus das águas e da sorte, estes que compactuavam com a ideologia de Mahina e que possuíam uma conexão intensa, deuses provenientes da cidade cósmica de Natsuhiboshi, sendo enviada Tomuki, a semi - divindade da morte e da ambição para ajudar.
Portanto, agora Tsunade via claramente o que deveria fazer para retomar o que lhe foi negado e dar fim ao ciclo celeste falho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A enviada | JiraTsuna
FanfictionTsunade sabia que não estava lá para superar perdas ou ser perdoada, ela só sabia que não tinha aonde pertencer, passava noites se sentindo vazia, frustrada, cansada, apenas para se render a igreja e a ideais considerados corretos que a sociedade ju...