Fúria

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   Aviso que neste capítulo vai haver um pouco de violência e um princípio de estupro, então vou deixar em negrito para evitar gatilhos ou crises.

    Shizune era a límpida chama, o abismo o fim dos tempos e o início da perdição. Os cabelos escuros pairavam sobre o ar, a brisa se deliciava com o frívolo semblante da mesma. As vestes pesadas e escuras resplandeciam com a luz da noite, a escuridão de sua alma a podridão de seu ser.

  Seus pesadelos lhe desenhavam ao sangue um nome, um nome que lhe arranhava a garganta ao pronunciar, o que lhe fazia cuspir as pesadas palavras escuras que lhe consumiam e respulsavam em seu íntimo.

Tomuki

Quem é Tomuki?
Quem deveria ser Tomuki?
Porque ela sabia que o Tomuki era familiar
Porque ela sentia que era Tomuki?

  A cabeça revirava, as possibilidades não passavam de tolos pensamentos, seu sono havia sido trocado por letras escarlates de sentido algum.

   Esse era o seu carma, estava enlouquecendo, certamente não duraria mais que algumas semanas, os olhos pesaram sobre a sagrada escritura, sendo entonada com o vazio em seu âmago, a fé parecia se distanciar cada vez mais enquanto as palavras em latim fluíam em seu tom de voz doce, que ocultava o escárnio que escorria por entre os dentes, tal qual um veneno invisível que volvia as palavras e pingava, carimbando cada letra da bíblia.

    Os olhos mantinham - se focados, porém seu raciocínio estava distante do cognitivo, as mãos tremiam candenciadamente enquanto engolia em seco, os olhos dilatando rapidamente e a respiração descompassada tomava conta de seu ser.

     O templo estava vazio, o badalar do grande relógio do pátio central tomava conta do local, ecoando por todos os lados. As mãos tomaram o peito, engasgada em um choro mudo, seus olhos foram cobertos por lágrimas, a voz embargada denotava seu estado miserável. Seu corpo escorregou pelo chão e a morena convulsionou sentindo - se gelar. Uma mão quente recolheu o seu corpo enquanto brutalmente a encurralava na parede. As mãos levantaram o vestido longo e pesado adentrando suas pernas sem sua permissão prévia. Ela sabia que aquilo ocorreria, sempre acontecera.

  Mas algo estava diferente, o velho estava sedento, tomado pelo desejo. Maldito seja aquela vida, maldito seja aquele templo, as palavras rondaram por sua cabeça enquanto o velho dispunha de sua língua no comprimento de seu pescoço, o único desejo dela era repelir o mesmo, mas estava fraca demais, pois haviam lhe negligenciado o desjejum e o almoço.

     Foi quando Tsunade surgiu imersa em uma áurea sepulcral, os olhos revirados no puro ódio, e as orbes amendoadas imersas em um véu negro, algo pulsava em sua testa com uma luz parca. Ela tomou o pescoço do velho apertando indelicadamente, jogando - o contra a parede, fazendo o mesmo gemer em dor e fugir com as pernas mancas sintonizando o ambiente com a respiração ofegante e os sôfregos gemidos tal qual uma sintonia macabra.

     As badaladas soaram, uma, duas, três vezes. Tsunade caiu, seu corpo estirou- se pelo chão, convulsionou, o peito subiu e desceu e as pernas entrelaçaram trêmulas contendo a risada incessante dos lábios abertos em um sorriso perigoso.





      - Tsunade. - Nawaki berrava estonteante, os braços finos balançavam exasperadamente, e a voz chegava a loira de maneira parca e fina, quase sutil e inexpressiva, estava distante, distante demais de si, ela sentia os olhos pesados lacrimejarem o grito gutural surgindo, o corpo movia - se incapacitado, ela precisava correr além de si, estava tomada no pânico, na adrenalina das memórias congeladas, ela estava pausada no tempo, estava a observar um de seus traumas que consumia o seu ser de maneira intensa e impetuosa.

Queimado.

O cheiro tomou conta de suas narinas e a fuligem pregava, a fumaça negra subia magistralmente, tomando conta de seu campo de visão, as labaredas cruzavam- se curvando para os lados e lhe esquentando a pele, que crepitava em pequenos fragmentos. Olhou para seu irmãozinho, agora tudo parecia mais audível, ele se contorcia em dor, cedendo as chamas que lhe abraçavam como parte de si. O lábio fino estava franzido em medo, e os olhos a miravam em puro temor, o dedo pequeno e obscurecido pelas cinzas levantou - se trêmulo apontando para a direita.

     Não conseguiria olhar, não podia. Mas por que seu corpo estava retesando? O que tinha ali? Moveu - se para trás perante a incapacidade de lidar com o calor emanado do ambiente, os pulmões fraquejaram a fazendo tossir descontroladamente enquanto as lágrimas desciam com volúpia, o grito gutural transcorreu de seu cerne retumbando ao seu redor perante a cena da figura esquecida em sua memória.









- Dan ?

A enviada | JiraTsunaOnde histórias criam vida. Descubra agora