A enviada | JiraTsuna

Ascenção

Kakashi encarava o horizonte com o semblante sereno, nem um vinco em sua face constatava com a situação que se decorria com a prontidão que ele se mostrou ao contradizer os princípios findados em sua criação. Kakashi se considerava um homem introvertido e misterioso, e aquilo lhe dava certa vantagem sobre os demais, pois seu olhar analítico contribuía para desarmar as defesas alheias, podendo jogar de ambas as partes para movimentar o tabuleiro de seu próprio jogo, este que ele sabia que não perderia.

Não só ganharia, como se elevaria e mostraria sua servidão aos Deuses e o que eles propunham, teria de ajudar os rumos as serem trilhados, era o mensageiro que abriria os caminhos conturbados para que o futuro fluísse tranquilamente, ou talvez seria este ideal que rondava por sua mente para lhe dar um significado, mesmo que insignificante para sua vida.

- Jiraiya ? - O grisalho alisou o queixo fitando o teto do cômodo branco, um sorriso discreto surgiu por seus lábios e os olhos disferiram um olhar caloroso para Tsunade.

- Sim, seu nome é Jiraiya. - Ela disse convicta, cruzando os braços por sobre a barriga e sorrindo convencida. As orbes amendoadas causavam arrepios por todo o corpo de Jiraiya. Maldito seja aqueles lábios que lhe pareciam tão atrativos e os cabelos loiros que lhe faziam querer adentrar pelos fios sedosos com suas mãos, a tez pálida que parecia lhe chamar para marcá - la, entretanto, não lhe era algo possível, teria de ser paciente, e saber que não poderia sanar suas vontades lhe deixou com o cerne oprimido, por mais que seu rosto se sentia obrigado a retribuir o cálido sorriso da mulher.

- Parece que você me descobriu - Riu alegremente enquanto ajeitava Mahina, dando um beijo singelo em sua testa enquanto a pequena se encolhia como se o grisalho fosse sua maior defesa.

- Hm. Sinto que as coisas sobre você são um mistério. - Ela disse ponderante, enquanto seus olhos se mantiam vidrados em uma grande janela. O vitral era diversificado em matizes vivas que se fundiam e contornavam o gesso da construção, os pequenos adornos enalteciam as nuances causadas pela reflexão do sol, que iluminava o quarto com cores vibrantes. Ela se sentiu morna, como se findasse um sentimento de calmaria, como se as ondas de serenidade de magnitude singela abalasse seu cerne. Deixou - se levar antes de sentir tudo esfriar, quase que de prontidão, Jiraiya sumiu de seu campo de visão e a bela vidraça se tornou uma sepulcral porta de madeira com pequenos entrelaçados de marfim negro. Seu corpo se moveu sem ela ao menos perceber, como se a porta captasse cada sinal e lhe inibisse uma capacidade cognitiva mínima para se livrar da cadência acelerada pelo qual seus músculos se moveram, como se fosse atraída.

As mãos dedilharam os detalhes mínimos antes de segurarem a maçaneta com força.