3o| Deuses e monstros

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Em uma terra de deuses e monstros
Eu era um anjo
Vivendo no jardim do mal - (Gods and Monsters - Lana Del Rey)

Em uma terra de deuses e monstrosEu era um anjoVivendo no jardim do mal - (Gods and Monsters - Lana Del Rey)

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O corpete vermelho estava bem apertado em minha cintura. O salão amplo estava apinhado de pessoas bem vestidas, em um baile de máscaras. Era tudo lindo, homens com capas negras tiravam para dançar as mulheres bonitas que aguardavam o pedido. A falta de ar me deixava com a visão enuviada, mas seria apenas por uma noite. Fiquei na ponta dos pés para tentar vê-lo em meio à dança. Mas quem? Quem eu procurava? Um palhaço estranho fazia piruetas para chamar minha atenção, e conseguiu. Acho que ele era algum tipo de bobo da corte. Fitei seus movimentos graciosos pela fenda de minha máscara branca. Não pude evitar de sorrir. Era um homem muito alto, reparei. O bobo começou a me rodear, e de repente senti que ele havia puxado um dos cordões que prendia o corpete.

Rapidamente pulei para frente, mas quando vi, ele já voltava para meu campo de visão. Seu sorriso gaiato me fez corar levemente. Ele foi ficando mais próximo, hesitante a princípio. Quando pisquei, o bobo já estava bem perto, e estendia uma flor vermelha diante de meu rosto. Mesmo percebendo que ele tentava apenas ser gentil, considerei seu comportamento uma impertinência.

- Percebi que a dama estava com dificuldade para respirar, então dei apenas uma ajudinha para que ela pudesse desfrutar do meu presente - ele girou a flor entre os dedos finos e grandes. - Essa rosa é a mais bela e cheirosa do mundo, aceite-a, por favor.

- E por que eu deveria aceitar? Seu comportamento foi impertinente. Um bobo deve se colocar em seu lugar...

- E uma bastarda também - senti meu coração bater mais forte, ele sorriu, foi quando percebi que seus olhos tinham cores diferentes. - Desculpe.

- Saia daqui - grunhi, até o bobo sabia que eu era a bastarda, mesmo usando aquela máscara branca. - Pare de me olhar, estou ficando constrangida. Não vou aceitar seu presente.

- Por que? - indagou, ainda estendendo a rosa. - A mais bela das rosas, para a mais bela das donzelas.

Não pude evitar de corar e sorrir. Ele pareceu espantado quando sorri, e entendi o motivo.

- Belos dentes - murmurou.

- Mesmo? - sempre gostei que elogiassem meus dentes. - Acho que vou aceitar essa rosa.

- Fico feliz. Acho que a pessoa que você espera está se aproximando. Devo ir, vejo que outras donzelas necessitam sorrir mais por essa noite. Foi um prazer conhece-la, Caterina.

Ele foi se distanciando, mas antes virando apenas para me responder. Como sabia meu nome?

- Qual seu nome? - pigarreei, e percebi que aquilo não era o que eu pretendia perguntar.

- Lit...

Ele se misturou em meio à multidão. Como sabia que eu procurava alguém? E como sabia quem era? Eu mesma não sabia. O odor da rosa era doce e me fazia recordar de uma terra que não sabia se existia, com lírios vermelhos por todos os lados. De repente senti borboletas dançarem em meu estômago, lá estava ele. Usando uma máscara negra, que mostrava apenas seus olhos esverdeados e seu sorriso torto. O príncipe segurou minha mão, e imediatamente entramos na suave dança. Muitos olhares feios eram direcionados para nós, e não entendi a razão. Comecei a ficar desconfortável, algumas vezes ouvia resmungos de desaprovação de alguns casais que passavam por perto.

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