Doce assassina em série
(Eu acho que te verei por lá)
Faço isso pela sensação de agitação
Te amo só um pouco demais, demais
(Você me mandou direto para o céu)- Serial Killer, Lana Del Rey
NERO
Não sei como, mas consegui esconder de Lili sobre minhas vítimas. Ela estava tão ocupada com a faculdade que mal olhava os noticiários. Quando finalmente conseguiu comunicar-se com Sora, ela soube de notícias sobre Lieff, que não eram nada agradáveis. Haviam se passado sete meses, estávamos em Setembro, e muitas coisas ocorreram nesse meio tempo. Os sonhos com as visitas de Shaya não paravam de vir, mas eu tinha uma coisa que ela não tinha, livre arbítrio. Poderia ir e vir do submundo se quisesse, ela era uma celeste. Isso me foi concedido quando fui concebido ao mundo dos mortais, nasci como humano, e o livre arbítrio era um direito para mim. Mas acabei me tornando algo cruel e estranho, em parte, mas o livre arbítrio não morreu comigo, eu tinha o poder de ir e vir. Shaya não poderia me obrigar a nada. Por que? Porque eu ainda possuía uma alma.
Com a notícia sobre a tentativa de suicídio de Lieff, Lili resolveu não ficar para o próximo mês. Minha sede já estava quase incontrolável, eu precisava de sangue todos os dias. Isso era a forma de Shaya para me obrigar a voltar para Blizzard, foi uma jogada de mestre. Para piorar, as bolsas que Lili trazia do hospital não eram suficientes, pois o sangue era frio e grosso, diferente do que era quente e vivo que corria pelas artérias de um ser vivo. Sangue de animais? Não. Eu tinha o desejo de matar quem eu escolhesse. O prazer de vê-las gritar e implorar pela vida, isso me fazia sentir o poder de Deus. Certo, no começo de tudo essa ideia era repugnante para mim, mas o tempo passou e minha verdadeira natureza estava exposta ali, para quem me olhasse com mais atenção. E Billy, que me abriu os olhos. Eu sentia sua falta, apesar de tê-lo visto apenas uma vez. O festival de inverno se aproximava, e eu estava ansioso por encontra-lo. Será que ele teria conseguido se livrar da mira de suspeitas?
Ainda não havia planejado como matar Sora, na verdade, acho que não queria isso. Mas se minha liberdade dependesse da vida dela, eu não pensaria duas vezes. Ela não era importante para mim, assim como ninguém exceto eu. Claro, Lili era uma pequena exceção, pois já estávamos envolvidos. Era apenas sexo, apenas isso. Todos os dias repetia para mim mesmo, isso não era amor, eu não sabia mais amar ninguém, porque o amor morreu com o antigo Nero. Sentado na confortável poltrona cinza, eu me encontrava lendo O Sol é Para Todos, de Haper Lee. É uma história contada pela pequena órfã Scout, na pequena cidade fictícia Maycomb no Alabama. Passa na década de 1930, durante a Grande Depressão. Era um livro muito bom, pois era possível identificar os diversos tipos de preconceitos que ainda existem entre as pessoas. Já passavam das dezessete horas e Lili ainda não havia chegado, ela estava muito abalada com a notícia de Lieff, mas decidiu ir concluir seu trabalho.
O que me dava tempo de sobra para caçar mais alguém. As bolsas de sangue acumulavam-se na geladeira, tomei algumas antes de vestir meu sobretudo negro e sair para mais uma noite agitada em Oorland. As ruas ainda estavam apinhadas de gente, o festival de inverno estava sendo realizado no bosque próximo ao prédio, hoje definitivamente era o meu dia de sorte. Pessoas de todos os tipos estavam rindo e comendo doces por todo o lugar, o tema do festival era "Sangue na Neve". Sorri para mim mesmo, eu e Billy faríamos jus ao nome. Crianças corriam para todos os lados com máscaras em seus rostos, pequenos foguetes faiscavam em suas mãos e eram lançados ao ar, assustando um grupo de garotas que passava por perto. Barracas tomaram conta do grande espaço vazio. Pipocas, sorvetes e algodões-doces eram vendidos com mais uma diversidade de outras guloseimas. Sai detrás das árvores e andei entre a multidão, percebi alguns olhares direcionados a mim. Eles deviam achar que eu estava lá como alguma atração do festival, sorri para algumas crianças que apontavam para as minhas unhas. Captei o cheiro de Billy não muito longe e instantaneamente senti o peso de seu olhar.
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SOMBRIO
VampireSora Bloom ainda carrega a culpa nos olhos. Reclusa em sua casa que um dia já foi um grande castelo, ela tenta viver longe de todos após o fatídico dia em que sua família a deixou. Quando as tempestades chegam em Blizzard, algo estranho surge entre...