19| Segredos

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Refletir sobre toda a sua vida num longo banho quente

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Refletir sobre toda a sua vida num longo banho quente. Sim, foi isso o que eu tentei fazer, afinal, é isso o que as pessoas normais fazem. Pensei no que deveria realmente fazer, contar ou não contar a verdade para o meu melhor amigo. Ele poderia mesmo me ajudar? Acho que não. A vida não se torna fácil quando se descobre que você é de longe a pessoa mais normal no mundo. Meu cabelo ainda concentrava algumas nuances de preto, meus olhos já haviam tornado ao verde. Bem, você deve estar se perguntando o que eu sou na verdade, mas para ser sincera eu desconheço minha natureza. Se sou normal ou não, pouco me importa, mas o que eu faço é o ponto x da questão. Acho que sair matando animais, outras crianças, mesmo que sem querer, não seja uma coisa considerada normal pelos vários psiquiatras que passei.

Terminei o banho e no final das contas, resolvi contar tudo o que eu sabia e o que fiz para Lieff. Me perguntei o que Nero e Lili estariam fazendo naquele momento, afastei esse pensamento e foquei no que viria a seguir. ÓTIMO. Novamente esqueci o pijama. Me perguntei se Li estaria no quarto, me perguntei se ele faria aquilo novamente. Abri a porta e o vi recostado no parapeito da janela, grandes nuvens de vapor saiam à medida que ele respirava. Andei de mansinho até o guarda-roupas e peguei apenas um moletom vermelho e um short azul escuro. Lieff olhou para mim, mas nada disse, apenas sorriu e voltou a fitar a densa névoa que invadia os terrenos da casa.

Achei bem estranho sua reação, geralmente ele me atacava. Talvez ainda estivesse chateado com a briga. O moletom estava bastante largo em mim, talvez eu estivesse perdido um pouco de peso nesses últimos dias. Como a noite estava fria, resolvi não secar os cabelos. Lieff já me aguardava na cama, ele estava com sua guitarra e cantava baixinho. Pulei na cama e ele virou-se para mim, cessando sua melodia.

- Você não ia sair da banda? – indaguei.

- Não sei mais o que quero – suspirou. – Mas enfim, vamos ao que realmente interessa?

- Quando vocês vão tocar novamente? – perguntei, tentando adiar a conversa.

- Pare de tentar me enrolar Kisarague – ele riu, aproximando-se de mim. – Vamos lá, sente-se aqui do meu lado – ele bateu com a palma da mão no colchão, e vendo minha hesitação, acrescentou. – Venha, não se acanhe. Sei reconhecer uma derrota quando vejo uma.

- O que você quis dizer? – fui para o seu lado na cama.

- Nada, esqueça – odiava quem me dizia para esquecer.

- Depois você me conta – me acomodei ao seu lado.

- Ok, agora você me conta tudo.

- Senta aí, que lá vem história. Por onde você quer que eu comece?

- Desde o princípio – ele me olhava sério, depois olhou para os meus seios, quer dizer, eu achei que fosse. – Ah, esse é meu.

- O que é seu? – perguntei, cobrindo meus seios, mesmo que não houvesse nenhum decote ali.

- Não, sua boba – ele soltou uma gargalhada que o fez ficar vermelho. – Eu digo o moletom.

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