22| Mordidas

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Fui acometido por uma enxurrada de perguntas feitas por Lili, que acordou revigorada mesmo um pouco confusa por não recordar nada da noite passada

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Fui acometido por uma enxurrada de perguntas feitas por Lili, que acordou revigorada mesmo um pouco confusa por não recordar nada da noite passada. Ela examinou minhas mais recentes tatuagens e tentou de todas as formas associá-las a alguma coisa demoníaca, mas nada encontrou numa coisa que ela chamou de internet. Passamos o resto da manhã tentando descobrir o significado das marcas na palma de cada mão. Eram compostas de um círculo grande com bordas grossas e pretas, dentro dele havia um círculo menor, mas esse se parecia com uma imensa lua negra. Grossas correntes desciam do círculo e iam até meu cotovelo, e pequenas escrituras podiam ser lidas nas correntes... se ao menos conhecêssemos aquela língua.

Não vimos sinal de Sora e Lieff na casa, talvez tenham saído juntos. Minhas lembranças vagaram ao sonho da noite anterior, ainda não estava totalmente convencido de que fora real, mas as tatuagens diziam o contrário. Contei tudo para Lili, que me ouviu atentamente e fez uma careta de espanto quando contei sobre a voz de Sora no corpo de Shaya. Ela andou pelo quarto algumas vezes e parou para me observar melhor, apontando algumas mudanças em mim. Ela estava certa, algo havia mudado em meu corpo, me senti mais forte e meus músculos estavam mais rígidos. Fiquei tenso quando ela passou a mão por eles, examinando cada parte de mim.

- Você está estranho, está mais... – ele teve que erguer o rosto para me olhar. – Mais alto.

- Me sinto diferente – confirmei. – Ela disse que eu me sentiria melhor depois que acordasse.

- Isso está muito estranho, você me disse que ela não existia!

- Eu também pensava isso até hoje. Lili – me aproximei dela, que recuou para trás. – Ela disse que nós tínhamos um trato, acho que eu ressuscitei para fazer algo por ela.

- Penso a mesma coisa – ela falou, pondo a mão no queixo e assumindo uma forma pensativa. – Ela falou algo sobre Sora?

- Não, apenas sua voz se parecia muito com a dela – lembrei do que ela disse. – Não, ela disse que Sora deve morrer.

- Ah nossa, onde diabos está Sora?? – guinchou Lili. – Você contou a ela sobre Shaya e Solária?

- Não, só comentei isso com você – afastei uma mecha de cabelo da testa, que cresceu durante a noite e adquiriu um tom mais negro.

- Nero, acho que estamos matando essa charada – ela me olhou e sorriu. – Estamos perto de encontrar Daniel!

- Precisamos mesmo fazer isso? – disparei, me arrependendo na mesma hora.

- Como assim Nero? – ela logo ficou vermelha de raiva. – Foi o nosso trato, lembra?

- É claro – resmunguei. Aquela sua observação me irritou.

Depois de mais algum tempo debatendo sobre as tatuagens e fazendo anotações, Lili me liberou para comer alguma coisa. Mas minha fome era outra, algumas vezes senti vontade de agarrá-la e mordê-la ali mesmo. Aquela confusão mental estava acabando comigo, tentei me convencer de que aquilo era apenas os efeitos da abstinência da sede. Me remexi sobre a cama, cocei atrás da orelha e mordi o lábio até ferir, mas nada adiantou.

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