80| Tempestade

582 68 12
                                    


- Eu não um ser paranormal, apenas sou muito sensitivo. Eu sinto quase tudo que desejar, é uma coisa muito simples. Não sei como isso começou, mas acho que já nasceu comigo. Bem, respondendo a sua pergunta... era meu segundo solstício de inverno na Província do Oeste. Quando comecei a ver uma grande quantidade de pessoas que não estavam ali para as demais. E o resto você deve saber, fui levado para vários psicólogos e já cheguei a ficar internado em um instituto para... digamos que para esquizofrênicos, por que ninguém mais acreditava em mim. Como sempre fui extremamente calmo, apenas aceitei tudo sem rancor dos meus pais. Morei por cerca de um ano no Hospital Psiquiátrico para Jovens, em Thunder Falls. Lá eu conheci nossa bendita Sora, que fazia uma visita ao trabalho do pai. Ficamos muito amigos e foi quando eu senti que ela era uma divina celeste, mesmo não sendo alada. Dr. Way Kisarague, pai de Sora, mesmo não sendo celeste e não possuindo nada de descendência, sabia que a filha tinha algo de especial. Achei esquisito, pois nem mesmo ela sabia...

- Sora, eu preciso conhecer essa garota, ele me parece estar do nosso lado - Uziel afastou para o lado para que Blair deitasse ao lado de Dandy. - Ela já sabe que é uma celeste?

-Ah! E como sabe. Com o despertar de nosso querido Nero, tudo veio à tona. Tudo mesmo. Ele sempre esteve conectado com Sora, e dormiu durante todo esse tempo sem saber que metade da sua vida havia sido deletada. Acho que isso foi um pouco cruel demais. Não se entra na vida de uma pessoa e sai assim de repente, o pior é que eles não tiveram culpa de nada... e souberam que eram conectados por acaso. Shaya não deveria ter tanto ódio, isso só magoa a alma e o coração de quem está a sua volta, é deprimente.

Blair usava suas habituai roupas curtíssimas e coturnos negros. Uziel não conseguia evitar não olhar para ela, e tentava ser absorvido ao máximo pela conversa de Dandy.

- Eu sei que nossa querida Blair possui um corpo muito lindo e faz questão de mostrá-lo para todos, mas eu achei que você amasse Soren...

Uziel imediatamente sentiu o rosto corar. A vontade de replicar não veio, assim como a raiva. Sabia que Dandy falava apenas o que sentia, mas ele queria acreditar que o amigo sentira errado. Para ele, seus sentimentos eram absolutos e não mudavam com o tempo. Tentando recuperar a voz, ele respirou profundamente e fingiu calma, pois em seu interior, uma tempestade confusa agitava seu coração, elevando-o mais uma vez para além da razão, onde os seus sentimentos reprimidos eram facilmente confundidos com controle absoluto de suas emoções. Odiava fingir e enganar, mas mal sabia ele que estava enganando a si próprio.

-Não sou... - recompondo-se, ele tentou não olhar nos olhos de Dandy, pois sabia que eles podiam ler a verdade. - Não sou namorado de ninguém... e Soren é meu melhor amigo e irmão...

- Certo - interrompeu Dandy, tentando não tornar a situação inconveniente. - Não precisa se explicar para mim, mas de uma coisa eu sei...

- Dandy! Não está vendo que se você continuar com essa conversa ele vai explodir de tanta vergonha? - repreendeu Blair. - Ele ama Soren e pronto!

- Você ajudou bastante! Agora ele está passando mal...

O exilado teve vontade de sumir. Nunca sentira tanta vergonha em toda sua vida como anjo e mortal. A dupla olhava para ele com certa preocupação, acompanhada também de um certo divertimento. Uziel teve a sensação que todo o sangue de seu corpo fora parar em sua face.

-Desculpa Uzi! - exclamou Blair, sentindo sincero arrependimento.

A situação piorou quando ela mencionou o modo íntimo que Soren costumava chamá-lo. A vergonha era tamanha, que mesmo sentado, ele sentiu-se tonto. Seu estômago embrulhou e ele cambaleou para o lado, provocando logo em seguida.

SOMBRIOOnde histórias criam vida. Descubra agora