Aquelas vozes desconhecidas me incomodavam, por horas me revirei na cama até perceber que não dormiria até que os estranhos fossem embora. Consegui levantar da cama sem acordar Lili e joguei as cobertas por cima dela para que não passasse frio. Acabei dando um encontrão em Lieff quando sai, que esbarrou em meu ombro e não parou para se desculpar, apenas soltou um resmungo. Tive vontade lhe dar uma surra, mas me concentrei nos estranhos. Eles não representavam uma ameaça, seus cheiros não me diziam muita coisa e tampouco sinalizavam perigo. As palpitações nervosas e o calor vindos de olhos verdes me diziam que aquele encontro estava desagradável e confuso. Quando seus batimentos ficaram mais acelerados, fui me aproximando silenciosamente da escada para tentar ver o que estava acontecendo.
Um deles já havia saído da casa, o outro ainda permanecia com ela. Parei na ponta da escada, vendo que Lieff estava parado no meio para observar algo. As palpitações nervosas e o calor foram se esvaindo aos poucos de olhos verdes, dando lugar a vibrações mais tranquilas. Lieff voltou a subir pisando forte, com um semblante zangado. Puxei seu braço para que ele olhasse para mim, mas ele conseguiu esquivar-se, me ignorando e seguindo para o quarto de Lili.
- Não – exclamei. – Ela está dormindo!
- Ah, deixe-me adivinhar – disse ele, parando com a mão na porta. – Foi você quem fez ela dormir?
Fiz uma careta por causa da pergunta que me pegou desprevenido, mas assenti.
- Quem são aqueles estranhos? O que queriam? – perguntei.
- Bem, isso eu não sei ao certo. Mas pergunte a Sora, ela saberá te dizer com mais clareza, afinal ela...
Ele parou de falar quando percebeu que olhos verdes subia as escadas. Ela olhou de mim para Lieff, e seguiu porta do quarto. Seus lábios comprimidos foram o bastante para perceber que ela havia escutado.
- Acho que eu estou chateando todo mundo hoje não é? – preguntou, em seguida entrando no quarto e fechando a porta.
- Certo, acho que não tenho escolha. Vou dormir no quarto debaixo, e não quero você espreitando pelo quarto de Lili – disparou.
- Tenho coisas mais importantes para fazer – falei.
- Tipo? – perguntou, erguendo uma de suas sobrancelhas brancas.
- Vasculhar a cripta, ver se encontro algo que possa me ajudar. E quando encontrar para onde seguir, vou embora daqui.
- Quer ajuda? – perguntou. – Se é para você sumir daqui eu te ajudo.
- Aceito.
A passagem da cripta ainda permanecia intacta. O lugar do meu primeiro encontro com olhos verdes. Lieff encontrou um machado para tentar tornar o buraco maior e facilitar nossa passagem. Quebramos boa parte do chão e adentramos na cripta, o começo de tudo. Lieff pegou um objeto que emitia luz, algo parecido com uma tocha, mas sem o fogo. Lanterna, foi o que ele me disse que era quando perguntei. Ele iluminou vários pontos da cripta até chegar ao túmulo da minha família. Ele pareceu surpreso e afastou-se, me dando um pouco de espaço. Passei a mão sobre a coroa de pedra acima da lápide de meu pai, pensando que um dia ela poderia ter sido minha. Ao ouvir Lieff pisar em algo, despertei do meu devaneio e olhei para ele, que removia algo do chão.
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SOMBRIO
VampireSora Bloom ainda carrega a culpa nos olhos. Reclusa em sua casa que um dia já foi um grande castelo, ela tenta viver longe de todos após o fatídico dia em que sua família a deixou. Quando as tempestades chegam em Blizzard, algo estranho surge entre...