Capítulo 2

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     Kaminari sabia que devido as suas ações, um lugar no inferno estaria reservado e punições lhe aguardavam em algum momento. Mas aquilo já era punição demais.

Por mais que fosse agonizante evitar aquele par de olhos ariscos até a noite, Shinsou estava em pé a sua frente, de cabeça inclinada pro lado parecendo analisar cada centímetro de Denki. "Não fode."

- Esse é Hitoshi Shinsou, chegou ontem, e devido a nossas indisponibilidades, preciso que você o explique como tudo funciona. - Maria os apresentou, a freira evitava olhar para o novato enquanto fazia apenas contato visual com Kaminari.

Indisponibilidades? Mesmo em um sábado tranquilo, poderia facilmente ver nas feições dela que ninguém queria fazer aquilo, e poderiam recorrer a Denki que nunca questionava ou negava nada. "Filha da puta."

- Sim, senhora.- Sentia o olhar desafiador de Shinsou sobre si enquanto sorria gentilmente.

- Obrigada querido, que Deus te abençoe. - Fez referência, sendo retribuida por Denki, antes de ir ela lançou um olhar indiferente pra Shinsou e logo seguiu caminhos opostos.

"Se não usasse hábito estaria vivendo e ganhando a vida num bordel.", Pensou inteiramente enojado, mas ainda sorrindo.

- Denki Kaminari. - Ergueu a mão na direção do rapaz.

Hitoshi observou a mão de Denki, depois, nos olhos do loiro. Tardou segundos, mas apertou a mão do rapaz, naquele momento Kaminari teve as Iris douradas se acenderem como chamas, e Shinsou sentiu o corpo queimar como efeito antes de engolir em seco.

- Vamos lá? - Voltou a sorrir, e lentamente as expressões indecifráveis de Shinsou ficaram sérias novamente. Começou a andar devagar, esperando que o rapaz lhe seguisse, pareceu demorar até ele parar de encará-lo silenciosamente, e segui-lo. - Hoje é sábado um dia mais tranquilo e sem aulas, então vai ser comum nos ver sem uniforme, nesses dias o trânsito livre fica melhor.

Não ouvia respostas de Shinsou, apenas os passos dos sapatos batendo contra o chão, O loiro sequer sabia como era sua voz, e sinceramente queria parar de falar e tê-lo soltar palavras. Queria perder a postura, o levar pra a um lugar afastado, estava a frente dele, não sabia como Shinsou lhe olhava.

- Você não é muito de falar, certo? - Foi diminuindo os passos, estavam chegando próximos a capela central, olhava por cima do ombro com um sorriso pra observá-lo, e estavam lá os olhos roxos, ariscos, indiferentes. "Como eu posso continuar com você fazendo isso, inferno."- Okay, não precisa responder agora, tudo no seu tempo.

Shinsou desviou o olhar, mordendo o inferior conforme prolongava os passos, Denki acompanhou aquele gesto, sentiu tocar o céu e inferno ao mesmo tempo.

- Então! Aqui é a capela central, onde todos nós nos reunimos, até batismo pode acontecer aqui, também temos nosso coral, se quiser pode participar.

Cessou os passos de braços erguidos, o local estava vazio, apenas os detalhes que davam a sensação de estarem num maldito Vaticano. Hitoshi parou ao lado do loiro, mas alguns metros afastados, os olhos percorreram ainda mais desinteressados, A todo custo Kaminari se esforçou ao máximo para não olhá-lo. O arroxeado voltou os olhos até Denki e lhe olhou demoradamente.

- Você não me olha como eles.

Denki paralisou. O corpo se tensionado, os olhos semicerrados, a vontade em arrancar a própria máscara e perder o controle. A voz dele era macia, suave, soando baixa e cuidadosa.

- Como te olham? - Não o olhou diretamente, pressionou os lábios deixando transparecer a teatral preocupação.

- Com medo, indiferença. - Se aproximou devagar do loiro, parecendo querer instiga-lo.

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