Capítulo 32

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20 de novembro de 1968, Japão

O corpo pequeno de Kaminari foi empurrado bruscamente contra o chão, suas mãos menores ainda tentarem se proteger do impacto, mas a testa bateu no granizo e lhe fez gemer baixo pela dor na pele.

Três garotos apenas um ano mais velho que seus sutis cinco anos riam como se aquela cena fosse a coisa mais engraçada do mundo. Denki encolhia-se muito, não possuindo coragem para os olhar pois as íris estavam cristalinas no dourado devido a lágrimas ameaçando sair. Os fios longos cobriam o belo rostinho corado, e aquilo entediava os garotos ao mesmo tempo que julgavam tal coisa como cômica.

— Bichinha. — Um deles, alto com espinhas pelas bochechas chutou a barriga do loiro, o rapaz tossiu desesperado e se arrastou com dificuldades pelo chão. — Você tem um pinto no meio das pernas ou é realmente uma menininha com esse cabelo de merda?

— Talvez a gente devesse abaixar as calças dele? — O mais baixo sugeriu debochadamente e Denki arregalou os olhos cobertos pelos cabelos sedosos. — Vai que ele está usando calcinha e tem uma vagina no lugar? A gente pode até se divertir!

— Não… Por favor… — Denki Sussurrou cerrando os punhos com força, conseguindo por fim se levantar e rendendo risadas altas em ver como aquele garoto é patético. — E-eu tenho dinheiro, podem levar, só não me machuquem!

— E você acha que tem alguma escolha? — O terceiro agarrou Kaminari pelos cabelos com força, e o trouxe para perto bruscamente. Ele gemeu pela dor, conseguia sentir cheiro de álcool vindo daquela criança de seis anos e o sorriso sujo por salgadinhos lhe enojou. — Sabe o quanto me irrita essa sua aparência feminina? Nem parece homem, só sabe gaguejar e esse cabelo cobrindo a cara, prostituta.

— V-vou cortar ele! Eu juro, eu juro por favor— Fechou os olhos quando foi arremessado no chão, havia doido mas não quanto os fios loiros na qual desejou arrancar.

— Ele vive pedindo por favor, aposto que repete isso com um pinto dentro dele. — A voz sombria carregada de más intenções do rapaz coberto por maldade e espinhas fez Denki fazer uma cara de choro, antes de colocar as lágrimas para fora desesperado. — Ele tá chorando, puta merda que idiota.

— Que tal pegar aquele graveto ali? — Um timbre distante preencheu os ouvidos do loiro, ele tentava se soltar mas sempre recebia tapas no rosto que lhe deixava aterrorizado pelo medo.

— E se quebrar dentro dele, imbecil?

— Melhor ainda.

Quis tanto morrer. Quis tanto mas tanto que eles batessem sua cabeça na calçada e partissem o crânio até o sangue sujar o chão completamente. Mas o barulho de sirenes passando foi se aproximando deles, os três rapidamente o largaram no chão, Denki havia perdido o controle e não parava de chorar enquanto todos corriam para longe. Não conseguiu responder as policiais lhe encarando pela janela do carro o que realmente havia acontecido, pois quando tentava a voz morria e mais lágrimas transbordaram dos olhos.

Tudo piorou quando um deles Murmurou um breve "Corta esse cabelo, garoto" para Denki, antes de mandar o colega no volante os tirarem dali. Nunca se encolheu tanto e tentou engolir o choro, tudo doía, a mente mais machucada que qualquer outro machucado feito no corpo.

Denki havia corrido até em casa, tropeçando nos próprios pés, quase caindo no chão enquanto os fios loiros atrapalhavam a visão e o garotinho apertava com força as alças das mochilas sobre os ombros. Não se importou em pular a janela do quarto, mesmo ficando na ponta dos pés e acabando por cair no chão quando finalmente adentrou o cômodo. O corpo caiu pesado na cama, suas lágrimas saíram sem limites, parecendo doer a cada momento que tentava esconder os sons constrangedores no próprio travesseiro.

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