Capítulo 37

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N/a: por favor, ouçam " California dreamin" no momento em que ela for citada nesse capítulo, a sensação é perfeita.

Quando o sol da manhã começou a iluminar suavemente seus rostos como um despertador natural, Denki usou da voz baixa e arrastada para fazer com que ele e o restante fossem mais rápidos em guardar os restos de comida antes que a missa começasse.

O frio era rude e gelado o suficiente para dificultar os movimentos de cada um, Hitoshi se via agarrado ao corpo de Denki enquanto os lábios passavam a tremer pelo frio. Presenciar aquilo incomodara Kaminari, o deixando tão preocupado que fez seu irmão e Shinsou ficarem parados com os cobertores enrolados em ambos corpos trêmulos e ele recolhia o restante das coisas junto a Kirishima.

Kaminari sequer teve dificuldade a mentir para distrair uma freira no caminho afim dos outros três rapazes andarem apressados em direção contrário e esconderem as coisas ao mesmo tempo que se trocavam.

Ele loiro cogitou sentir pena ao depositar as palavras onde inocentava a si mesmo em relação e Shinsou sobre a falta de água nos chuveiros e a freira apenas suspirou para concordar calmamente. Mas apenas cogitou, quando a mesma se virou e foi embora Denki continuou odiando-a como qualquer outra.

A missa havia sido terrível como todas as outras, incluindo o frio descomunal de outono circulando pelo local naquele começo de novembro. Denki lutava contra a vontade de Entrelaça as mãos nas do arroxeado sentado no banco ao seu lado, este que tremia minimamente e se encolhia por dentro do cachecol azul que deixava os lábios cobertos.

Olhava vez ou outra na direção de Kirishima e Bakugou para checarem se estava tudo bem, pelo visto ambos também reprimiam a vontade de se tocarem ajeitando simplesmente os cachecóis igualmente amarelos ou suspirando frustrados.

Enquanto só desejava sair dali o mais rápido possível, ele encontrou o olhar fixo da madre superior sobre si. Automaticamente relaxou as expressões antes de fazer uma mínima referência, mas logo percebeu que aquela mulher alternava o olhar entre ele e Shinsou para depois voltar a encarar o altar onde um padre falava.

Merda.

Quase gritou em alívio quando a missa se encerrou, mas enquanto se levantava junto aos outros acabou questionando com amargura o por que de Sero estar indo em direção a madre superior e ambos acabavam andando para outro lugar mais afastado. Era só o que faltava.

Ficou com aquela cena durante a merda do caminho inteiro, este só parando para voltar a atualidade quando Shinsou se colocou na ponta dos pés e envolveu o cachecol verde ao redor de seu pescoço timidamente.

Denki finalmente sorriu naquela manhã, o gesto sendo acompanhado do loiro entrelaçar os dedos aos de Shinsou e fazendo com que o mesmo corasse em meio as borboletas na barriga. Estavam finalmente se afastando dos arredores do internato e até Kirishima pode segurar a mão de Bakugou enquanto andavam silenciosamente ambos os quatro um ao lado do outro.

— Em 1980 o internato feminino viera primeiro, mas com o objetivo de ser uma fábrica de tecidos. — A voz de Denki soou explicativa, baixa, mas capaz de capturar a atenção do arroxeado mesmo o rapaz observando a ambientação ao redor mudando completamente. Parecia mais silenciosa e escura, soava agradável em sua mente. — Quando o internato masculino surgiu quatro meses depois com anúncios por todo o Japão, a fábrica se tornou o lugar focado para as mulheres.

— Mas aparentemente os donos quiseram que lá fosse uma espécie de segredo. — Bakugou continuou, o braço balançando conforme os dedos estavam conectados ao calor da mão de Kirishima. — Por isso quase ninguém sabe da existência dele.

— Lá é um verdadeiro inferno. — Eijirou lamentou com um suspiro e Shinsou franziu o cenho em sua direção ao notar aquele timbre de voz. — As garotas usam saias até os pés, não dormem com colegas de quarto, água quente é ligada somente no inverno e dizem que a comida parece merda misturada com alimento.

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