46- Fossa

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O sol estava quente, como sempre, seus raios criavam formas no piso de madeira onde eu estava deitada, alguns resolveram brincar em meu rosto, causando uma confortante sensação de calor.

Me sentia uma idiota, tanto esforço para no fim acabar largada no chão do que um dia foi meu quarto na residência Airah. Me dava um desconto, afinal não tive muita escolha de hospedagens depois do ataque de Pain. Claro que era estranho estar de volta a minha antiga casa, ainda mais depois da minha "morte", minhas memorias nunca estiveram tão presentes, o que tornava tudo ainda mais doloroso.

Quando Lia me ofereceu um lugar para ficar estranhei, por motivos óbvios, afinal quando a esmola é demais o santo desconfia. Mas não era como se eu pudesse recusar, considerando que antes disso eu estava dormindo pelos cantos do hospital, em qualquer lugar que eu pudesse encostar a cabeça e fechar os olhos por alguns minutos.

Shin não era mais uma opção, depois de Neji as coisas ficaram um pouco estranhas entre nós...Era difícil explicar o que eu sentia para ele, não estava com raiva, mas ainda assim alguma coisa me perturbava sempre que seu rosto aparecia em minha frente.Ele só estava fazendo o que achava ser melhor para mim.

Eu definitivamente estava cansada das pessoas tomarem decisões por mim.

 Com o passar das semanas aquele estranho sentimento foi diminuindo aos poucos, junto com a magoa por Neji, talvez isso se devesse ao fato de eu não ter mais visto o garoto, nem mesmo pela vila. Nos primeiros dias me preocupei, até meu subconsciente me lembrar dolorosamente de que eu não tinha mais nada haver com a vida do Hyuga, ele não me devia satisfação e não precisava da minha preocupação.

Pensar em Neji ainda era doloroso, mas não como antes, achei que ficaria com raiva, que choraria, ou pelo menos algo do tipo...Mas nada aconteceu, Neji estava certo, de certa forma.  Eu não podia querer me esforçar tanto para estar em um relacionamento, não podia me apoiar tanto em uma única pessoa e também...Não podia continuar daquela forma, fingindo.

Ao longo dos dias pensei muito no que meu pai me disse, e naquela altura do campeonato eu podia afirmar que ele estava certo.Eu estava uma bagunça, um completo caos, e precisei morrer para perceber isso.

Não podia continuar assim, não quando a vida era tão curta.

Não quando eu queria viver.

As batidas na porta me trouxeram de volta para a realidade, a misteriosa pessoa nem mesmo esperou minha resposta antes de invadir o quarto.

- Olá.- Jimi sorriu tímido, o que era raro vindo do garoto.

- "Olá"?- Franzi o cenho desviando meu olhar- Você grita comigo, some por semanas sem dar noticias e acha que pode aparecer do nada e me dizer "Olá"?

-Olha me desculpa, eu posso explicar.-Fechou a porta atrás de si.

-Espero que tenha uma boa explicação.-Cruzei os braços.

-É, eu tenho.- Se aproximou receoso.

-Então pode começar, vamos lá, se explique!

-Eu...-Mordeu o lábio inferior, desviando o olhar do meu- Eu precisei cuidar de umas coisas.

-Umas coisas?!-Respirei fundo- Jimi você sumiu por seis semanas! Eu fiquei preocupada!

-Tá mas eu estou bem agora, já pode parar?!- Cruzou os braços, movimento idêntico ao meu.

-Você é o que?Uma criança? Fica revoltado e some para fazer birra?- Levantei do chão, dando um peteleco na testa do platinado.

-E você?Quase cai para trás quando Neji me disse que você estava aqui!O que tem na cabeça?!

Insuperável Hyuga (Sendo reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora