Essa é a nossa canção

36 6 56
                                    

P.o.v Autora

  Sai do hospital algemado e enquanto ia saindo vi várias pessoas me encarando, mas eu não estou nem aí, sei que vou ser solto rapidinho até porque eles não têm prova alguma contra mim, porém a minha calma se esvai quando vejo o carro de uma patrulha da polícia, ela me puxou sem cerimônia nenhuma e me colocou no camburão e seguimos rumo a delegacia, fui o caminho todo amaldiçoando aquela maldita da Beatris, não importa o que aconteça eu irei me vingar delas ou eu não me chamo Rafael Schneider, fui puxado pela gola e dou de cara com um delegado e ele fala:

- Ele é o meliante?

- É sim, o peguei no flagra tentando sequestrar a Bianca.

- E ela está bem?

- Na medida do possível sim.

- Va com o policial Kevyn até o hospital para conversar com o médico que a atendeu para colhermos as provas contra esse tratante aí.

- Ok.

- Agora o papo é com você seu vagabundo.

- Pode parar de me tratar assim que não sou isso daí não.

  O olhei desafiadoramente nem me importando se ele é delegado ou não, quem esse babaca acha que é para me tratar dessa forma, mas isso não vai ficar assim mesmo vou processar esse delegadinho de meia tigela, sem medo nenhum falei:

- Eu sei que você não tem prova nenhuma contra mim.

- Não é o que parece.

- O que você está querendo dizer?

- Primeiro pra você é delegado Gustavo, se toca o senhor está preso, não se deu conta disso ainda não?

- Isso é o que veremos?

- Isso é uma ameaça senhor Scheneider?

- É sim.

- Por desacato a autoridade você passará setenta e duas horas preso ao invés de vinte e quatro.

- Nem pensar que vou passar três dias preso.

- Se continuar falando serão cinco dias.
  Olhei para aquele maldito delegado, fingi que estava acatando as ordens dele, mas por dentro eu estava possesso de raiva, sai de meu devaneio quando ouvi:

- Vou te fazer algumas perguntas e é bom responder.

- Ok.

- Você conhece a Bianca?

- Conheço ela desde que ela se mudou com uns nove ou dez anos para os Estados Unidos.

- Você a sequestrou, abusou dela ou a torturou?

- Não fiz nada disso, eu a amo muito e jamais iria machucá - la.

- Eu sei que está mentindo.

- Não tem como o senhor saber.

- Ah... Eu tenho como provar o que estou dizendo.

- Eu duvido que tenha alguma prova contra mim.

- Escute essa gravação e vai descobrir do que se trata.

  No começo do áudio eu não estava entendo aonde ele queria chegar, até que ouvi minha voz nitidamente falando em alto e bom som confessando tudo o que eu fiz a Bianca, comecei a suar frio e as mãos suarem, não acredito que quando fui a casa daquela cretina da Beatris ela gravou tudo o que eu disse, depois de escutar tudo tive a brilhante ideia de dizer que não era eu falando e sim alguém parecido e falei para ele:

- Não sou eu nessa gravação.

- Você está cada vez mais encrencado.

- Fale a verdade e a pena talvez seja reduzida.

- Não vou falar algo que eu não fiz.- respondi cinicamente
  Disquei o número e um policial veio e eu falei:

- Leve esse meliante para a cela.

- Eu tenho o direito de ligar para alguém não tenho?

- Por um acaso está tentando fazer o meu trabalho?

- Sim, já que o senhor não faz bem o seu trabalho.

- Mais um dia na delegacia por estar falando assim comigo.

- Como quiser.

  Fui levado novamente por um policial até uma cela imunda, olhei ao redor e só tinha uma cama bem mixuruca, um vaso sanitário e um lugar para lavar as mãos, tem um pequeno espaço que dava para ver o céu, já estava para amanhecer, a luz do sol já estava presente, pelo dia cheio que tive estava exausto e mesmo num lugar como esse o cansaço levou a melhor, mas antes de apagar jurei que irei me vingar da Bianca e da Beatris.

P.o.v Beatris

  Eu estava vendo o pôr do sol quando avistei uma moça sozinha chorando, por um momento só fiquei observando ela, estava trajando um vestido floral e uma sandália baixinha, com pouca maquiagem, mas o que mais me chamou a atenção nela foram os olhos que aparentavam uma tristeza que eu não conseguia explicar, a minha  vontade era de abraçá - la e nunca mais soltar, sem pensar duas vezes fui até lá e perguntei:

- Está tudo bem com a senhorita?

- Melhor impossível não está vendo?

- Não é o que seus olhos dizem.

- E o que eles estão falando posso saber?

- Que algo a está angustiando, se quiser desabafar comigo sou toda ouvidos.

  Ficamos em silêncio por um bom tempo olhando as estrelas juntas, percebi que com o passar das horas ela ia se acalmando mais e mais, escutei quando sussurrou para mim:

- Você quer mesmo saber qual é o meu problema?

- Claro… Não gosto de ver mulheres bonitas chorando.

- Eu acabei de ficar noiva.

- E você não o ama?

- Não.

- Tenho a impressão que eu te conheço, mas de onde seria?

- Tem certeza que você se não se lembra de mim?

- Eu não me lembro.

- E você quer saber quem eu sou?

- Quero.

- Então venha comigo que você descobrirá tudo.

  Seguimos andando por algumas horas até que paramos em uma cabana meio escondida e eu fiquei boquiaberta ao ver o lugar, pois eu vinha aqui com uma garota quando eu tinha 16 anos para podermos nos amarmos sem sermos pega, pois nos dias atuais não se podia se apaixonar por mulheres, contudo por azar fomos pegas e nunca mais nos encontramos, olhei para ela novamente e perguntei:

- Você é a Bianca?

- Sou.

- Sonhei tanto em te reencontrar novamente.

- Digo o mesmo para ti.

  A abracei apertado, o cheiro dela ainda inebriava os meus sentidos, o sorriso que me deu me lembrou dos momentos bons que passamos juntas, cheguei mais perto dela e fiz o que eu vinha ansiando por anos, a beijei apaixonadamente, demonstrando todo o amor e carinho que sempre tive por ela, só nos desgrudamos quando faltou ar, a olhei e chorei muito, mas nada que é bom dura pouco, escutamos o nome da Bianca ser chamado e antes de sairmos de lá dei um beijo demorado nela, o que não foi uma boa ideia porque quando viramos vimos um rapaz muito bonito com pura ira em seu olhos, ele sacou a espada e apontou na direção da minha amada, eu não podia deixar ele machucá - la, me coloquei na frente dela e levei a facada no lugar da Bianca, vi minha vida passar por meus olhos e antes de partir olhei para a ela e sussurrei para ela:

- Eu te amo nunca se esqueça disso.

  Acordei assustada com o coração acelerado, o sonho me pareceu tão real que tive a impressão que eu realmente estava lá, respirei fundo até me acalmar, hoje eu teria que ir a delegacia depor contra o Rafael, será que eu devia denunciá - lo por ele ter ido até minha casa e me surrado? Eu estava tão compenetrada em meus pensamentos que não reparei que alguém entrou em meu quarto, só reparei quando me falaram:

- Terra chamando Pimentinha.

- Oi mãezinha.

- Estava avoada hem meu anjo.

- Um pouco.

- Vim te avisar que o café está pronto.

- Já estou descendo.

  Lavei o rosto e vi a minha imagem, desde que a Bianca está em coma tenho andado com essas olheiras, não vejo a hora de poder olhar nos olhos dela e dizer tudo que eu sinto em meu coração, abri meu guarda roupa e peguei a calça jeans preta e uma blusa branca da banda RBD, sei que o grupo não existe mais, mesmo assim escolhi ela para usar, meu all star estava do lado da minha cama, fui ate lá e os coloquei nos meus pés, dei uma ultima olhada no espelho e sorri para mim mesma, lembrei de uma frase em que o Alvo  Dumbledore falava que “ A felicidade pode ser encontrada mesmo nas horas mais difíceis, se você se lembrar de acender a luz, para ser sincera nunca tinha entendido o que ele quis dizer, agora entendo muito bem essa citação, ela quer dizer que nós é que decidimos se o que passamos ira definir quem somos ou não e que mesmo que aconteça algo ruim em sua vida, também tem momentos maravilhosos, me apressei para descer, pois minha mãezinha ficaria brava caso eu demorasse muito. Olhando para a mesa do café da manha me veio a lembrança de quando a diretora Clara conseguiu a minha adoção definitiva.

Flashback on

  Era meu aniversario de dezoito anos e como sempre faziam uma festa surpresa para mim, e dessa vez não foi diferente, eu estava dormindo quando fui acordada pela Clarinha, ela tampou os meus olhos e falou:

- Já sabe como funciona né?

- Sei sim.

  Ela foi me guiando ate que paramos e ela tirou a venda, eu estranhei que a festa surpresa estava sendo na casa da diretora Clara, o que será que esta acontecendo aqui? Sai do meu devaneio quando ela me disse:

- Feliz aniversario minha menina, aqui está o seu presente.

  Ela me entregou um envelope e o conteúdo que tinha dentro me fez ficar boquiaberta, eu nunca imaginei que ela teria essa atitude comigo, até porque eu achava que iria para outro lugar depois da maioridade, mas esse papelzinho me fez vir lágrimas aos meu olhos e com muita emoção perguntei:

- Sério que você está me adotando Clara?
- Sim... Faz muito tempo que eu venho pensando nisso.

  Eu estava tão feliz, finalmente eu iria ter uma mãe e ela a pessoa mais gentil, amorosa e caridosa que eu conheço, eu já a via como a minha mãe, esse documento só oficializou o que nos duas tínhamos como me e filha, a abracei apertado e algumas lágrimas teimaram em cair, mas nesse momento não era de tristeza e sim de felicidade, quando me acalmei eu a ouvi dizendo:

Pimentinha

  Desde o dia que você chegou ao orfanato me encantou com seu jeito moleca de ser, por ser leal e amiga acima de tudo, por ser carinhosa com todos, eu já havia adotado a senhorita a muito tempo, esse papelzinho é só para formalizar o amor que sempre senti por você minha pequena, eu vi você crescer e se tornar a mulher que é hoje, eu tenho o maior orgulho da pessoa que se tornou, sempre estarei aqui quando precisar de algo, agora você é oficialmente a minha filhota.

Senti meu coração quentinho o ouvir isso porque era da mesma forma que eu me sentia com relação a sua pessoa, ela sempre foi minha mãe postiça e sempre me deu amor, carinho e sempre me mostrando que eu posso ser quem eu quiser.

Flashback off

  Abracei a minha mãezinha apertado e dei um beijo no rosto dela, ela ainda tem o mesmo cheirinho que me lembra da minha infância, nos sentamos para comer e ela me perguntou:

- Já terminou a música que estava escrevendo para sua amada.

- Terminei sim. – disse timidamente

- Posso ouvi – lá?

- Claro que pode.

  Subi até meu quarto e peguei o meu violão, voltei a sentar de frente para ela e comecei a dedilhar algumas notas e em seguida comecei a cantar:

Essa é a nossa canção

Desde o dia que te conheci
Meu coração já era seu
Jamais irei esquecer
O quanto balancei por ti

Estar ao seu lado
Era como se sentir no paraíso
Seus olhos me hipnotizavam
O seu sorriso me desarmava

E que sorriso você tem
Ilumina o lugar
E aquece o meu coração

Foram tantos momentos bons
Onde nos divertimos
E eu fui me apaixonando sem perceber
E esse sentimento foi crescendo

Vê lá partir foi difícil
Mas quando retornou
Foi como
Se uma parte de mim tivesse retornado

E que sorriso você tem
Ilumina o lugar
E aquece o meu coração

                                     (Amanda Pimentel)









O amor de BiancaOnde histórias criam vida. Descubra agora