Capítulo 5

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Acordei com batidas na porta. Quando cheguei em casa na noite anterior, às 20:30, Carlos já estava dormindo e eu estava extremamente cansada, fui ler um livro que eu havia pego na biblioteca da cidade, mas acabei pegando no sono, deitada no sofá.

Levantei do sofá quase me rastejando. Estava com as mesmas roupas do dia anterior, só havia tirado a jaqueta e substituído por um cobertor quentinho. Apesar de estarmos no verão, fazia frio durante a noite. Abri a porta e dei de cara com Natália, minha melhor amiga. Era uma garota gorda (nada de gorducha, cheinha ou fortinha, ela odiava que tentassem "disfarçar sua gordura", como ela dizia), com cachos largos e negros que caíam sobre seus ombros de uma forma graciosa. Tinha olhos castanhos, um sorriso iluminado que eu amava e alguns sinais e nas bochechas que ela insistia em dizer que eram sardas. Além disso, era incrivelmente sexy, porém meiga. Era aquele tipo de garota que não se esforça nem um pouco para ser bonita, mas, mesmo assim, está sempre brilhando. Provavelmente todos os meninos do lado oeste da cidade (quem sabe até alguns do leste) já tinham se interessado nela, mas Nat, que sempre foi viciada em romances clichês de época ainda guardava seu primeiro beijo para o cavalheiro dos seus sonhos.

- Conta tudo agora – Disse já entrando em casa

- Oi, Nat – Saudou meu irmão que, eu acabara de notar, estava sentado na mesa da cozinha.

- Oi, Cody – Disse ela, que após ler um de seus livros, cismou que Carlinhos parecia com um dos personagens e lhe deu esse apelido.

- Contar o que? - Perguntei bocejando.

- Sobre a entrevista, é claro! Conceição me contou que você iria, mas passei aqui ontem à noite e seu irmão disse que você ainda não havia retornado. - Natália servia mesas no café da Conceição, mas imagino que passava mais tempo fofocando que trabalhando, pois tinha sempre uma novidade que ouviu lá para contar.

- Meu Deus, como vocês são fofoqueiras – Reclamei revirando os olhos – Foi boa, a Sra. Moscovis fez poucas perguntas, mas eu conheci a filha dela. É uma graça – conheci o filho dela também pensei, mas não falei nada, pois ela iria encher meu saco por anos se soubesse que Noah caminhou comigo até a minha casa.

Meu Deus.

Noah havia caminhado comigo até minha casa.

Como eu pude permitir isso? O que ele deve ter pensado quando viu o estado da minha casa?

Se bem que ele disse que frequentava o lado leste da cidade.

Mas ele morava em uma casa enorme onde caberiam 20 da minha.

Mas ele não pareceu uma pessoa apegada à bens materiais pelo que nós conversamos.

Mas ele era extremamente rico. Era inevitável notar uma diferença tão discrepante.

- Então, por que você chegou tão tarde? - Questionou, me tirando do transe.

- Tive alguns problemas envolvendo um currículo que não levei. - Contei uma meia verdade, também tinha demorado por causa de Noah.

- Quando sai o resultado da entrevista? - Perguntou com um sorriso ansioso estampado no rosto.

- Esta tarde.

- Já pensou se você consegue o emprego? Já imaginou você entrar naquela casa todos os dias? Ai meu Deus, eu iria me sentir em um livro! - Exclamou com um ar sonhador.

Natália foi embora após o almoço, depois de fantasiarmos muito sobre como seria a vida naquela casa e discutir diversos assuntos que surgiram de repente.

Eu estava com Carlinhos na sala quando a companhia tocou.

- Quem será dessa vez? Atenda para mim, por favor – Pedi a Carlinhos.

Ouro e EsmeraldaOnde histórias criam vida. Descubra agora