Capítulo 10

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A cabana era bem pequena, tinha um sofá de dois lugares, uma cômoda de madeira desgastada, uma prateleira com livros e uma cama de solteiro.

- Alguém esteve aqui.

- O que?

- Deveria estar sujo, com teias de aranha e tudo.

- Quem poderia ter entrado aqui?

- As únicas pessoas que sabem da casa são Vicente e minha mãe.

- Então eles podem ter vindo. Se alguém tivesse invadido teria roubado, não limpado.

- Por que eles não me contaram então? - Ele se sentou na cama e enterrou o rosto nas mãos.

- Talvez tenha sido difícil para eles, Noah.

- Ei – me aproximei, percebendo que ele ainda estava atordoado com a ideia de algum desconhecido ter entrado na casa que seu pai construiu. - Tá tudo bem, ninguém veio aqui. Ninguém que seu pai não gostaria.

Noah pegou minhas mãos e as beijou delicadamente. Então as levou para trás de seu pescoço e envolveu minha cintura com seus braços, encostando o queixo no topo de minha cabeça0

Ficamos assim por algum tempo, Noah acariciando minhas costas enquanto eu brincava com seus cachos com cheiro de mar. Era a melhor sensação do mundo, era uma sensação de pertencimento. Eu pertencia a Noah. E Noah me pertencia.

Eu queria me afastar dele, eu sabia que isso não era certo, ele era filho da minha patroa. Esse tipo de relação só existia em novelas. Mas era tão difícil...

- Vamos trazer nossas coisas pra cá, é melhor. - me desvencilhei de seus braços.

- Tudo bem.

Noah passou seu braço sobre meus ombros e me levou até os coqueiros desse jeito. Pegamos o que tínhamos deixado na areia e seguimos de volta para a casa.

- Eu gosto daqui. É melhor que a nossa casa de praia de verdade.

- Claro, é especial – Sorri para ele.

- Ei – Ele se aproximou da cômoda – Acho que temos toalhas aqui.

- Nossa, o serviço aqui é bom.

- Lavadas – Noah me estendeu a toalha. Sorrindo, é claro.

- Obrigada – Me enrolei na toalha.

- Acho que eu tenho um moletom aqui, Lizzy.

- Trouxe um moletom pra praia?

- Acho que eu sabia que teria que te salvar. - Ele pegou seu moletom na mochila e me entregou. Quando eu estiquei o braço para pegar, ele puxou minha mão. Não de uma forma agressiva mas de uma forma que só ele sabia.

Noah encostou sua testa na minha e me beijou, um beijo rápido e suave.

- Vou sair para você se trocar. - anunciou, me deixando sozinha na cabana.

Tirei a blusa e o maiô molhados e me enrolei na toalha. Peguei uma calcinha que havia enfiado na minha bolsa e comecei a procurar pelo sutiã, então percebi que na pressa havia esquecido o sutiã. Merda. Vesti a calcinha e o mesmo short de antes. Coloquei o moletom de Noah por cima. Caberiam duas de mim dentro dele, mas era incrivelmente confortável. O sutiã não era um problema, já que o moletom era grosso.

Pendurei a roupa molhada na janela e abri a porta para Noah entrar. Ele estava encostado na parede, observando o mar.

- Você ficou linda com meu moletom, Lizzy – Seus olhos demoraram mais do que deveriam em mim. Então ele entrou, desviando o olhar.

- É confortável. - E tem seu cheiro.

- O que seu maiô está fazendo ali? - perguntou, observando a janela.

- Eu trouxe roupa de baixo – Corei ao dar informações tão íntimas a Noah. Senti meu rosto queimar ainda mais ao lembrar do sutiã, ou melhor, da falta de sutiã.

Noah não disse nada, então eu fui até minha bolsa e peguei o livro que havia trazido. Me sentei na cama, encostada na parede e comecei a folhear o livro.

- Então nós vamos ler? - questionou Noah.

- Bom, eu vou ler.

- Não vai me convidar? - Fingiu que estava triste.

- Gostaria de ler comigo, Sr. Moscovis? - Perguntei fechando o livro.

- Mas é claro, senhorita. - Ele exibiu um sorriso para mim.

Noah pegou duas maçãs na sua mochila e sentou-se ao meu lado, muito próximo já que era uma cama de solteiro, ele passou seu braço pelos meus ombros e me aproximou ainda mas de seu corpo. Deitei minha cabeça em seu ombro e ele brincou com meu cabelo enquanto eu abria o livro, de uma forma que nós dois poderíamos ler.

Ficamos assim por algum tempo, talvez uma hora, talvez mais... Eu lia mais rápido que Noah, então tinha que esperá-lo terminar para virar a página.

- Você é muito lento – Reclamei.

- Em minha defesa, é difícil me concentrar com você ao meu lado – Ele sorriu

- Acho que sua defesa não é muito consistente – Devolvi o sorriso.

- Acho que é sim, Lizzy... - Ele, que estava acariciando meu cabelo, levou as mãos à minha nuca e aproximou meu rosto do seu. Seus lábios eram suaves e macios, com gosto de mar.

Ouro e EsmeraldaOnde histórias criam vida. Descubra agora