Capítulo 12

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Ao chegar em casa, chequei se Carlos já havia jantado e me joguei à cama. Sem tomar banho, sem trocar de roupa, sem dar explicações. Me permiti chorar até dormir, sonhar com Noah e Joana juntos, acordar e então chorar até dormir mais uma vez.

Às 6h, o despertador tocou, me acordando. Preparei ovos para Carlinhos e deixei na mesa, junto de um bilhete.

Anjinho, fui à praia nadar um pouco para espairecer. Coma os ovos que preparei e depois faça o que estiver com vontade. Apenas não saia de casa.

                                                                                                                                                                                        Beijos, Bete.♥

P.S.: Lave os pratos que sujar!!

P.S.2: Não destrua a casa.

Despi-me das roupas que usava e vesti o maiô da minha mãe, coloquei um short jeans por cima, e peguei meus óculos.

Ao chegar na praia, por volta das seis e vinte, não vi ninguém lá. Joguei o short e os óculos na areia e corri de encontro com o mar. Eu não conseguia pensar em nada além de me jogar ao mar, deixar a água salgada lavar minha alma, as ondas limparem meus pensamentos e esperar que o vento levasse Noah para longe de mim. Nadei por 10 minutos que rapidamente transformaram-se em 30. Quando começou a me faltar fôlego, parei de bater as pernas e me pus a boiar de barriga pra cima, desvendando as formas que as nuvens escondiam.

                                                   * * *

- Acho que aquela é um coelhinho.

- Claro que não, aquela é um bebê – Disse mamãe, seus cabelos espalhados pela grama verde.

- É um coelhinho bebê.

Mamãe sorriu com os olhos para mim. O verde-esmeralda brilhante contrastando com os cílios cheios e escuros.

Então ouvimos o familiar choro de bebê.

- Eu pego – Disse, rapidamente. Levantei da grama verde e peguei Carlinhos no carrinho. Ele tinha 8 meses, eu tinha 7 anos. As lágrimas logo pararam de descer quando seus olhos encontraram os meus e um sorriso surgiu em seus lábios rosados.

Me sentei ao lado de mamãe, que também se sentou, e aconcheguei Carlos em seus braços ternos.

- Nosso anjinho – A voz de mamãe era doce como mel e acalentava meus ouvidos.

                                           * * *

Tudo que eu queria naquele momento era a voz da minha mãe para me confortar.

Ainda estava boiando quando senti uma dor e ardência atroz no braço esquerdo. Quando olhei para meu braço, me assustei com a vermelhidão imediata que a água-viva havia deixado em minha pele. Eu já estava longe da faixa de terra, mas tinha que chegar lá o mais rápido possível. Comecei a nadar, meu braço queimando cada vez mais.

Quando cheguei ao local onde havia deixado meu short, a dor estava quase insuportável. Vesti o short, encharcando-o e comecei a andar em direção à minha casa, que não era tão perto assim.

Quando abri a porta de casa, me deparei com Carlos e Noah sentados à mesa, conversando como se fosse algo totalmente natural.

Noah sorriu ao me ver, nem parecia notar que eu estava molhada da cabeça aos pés.

- O que está fazendo aqui? - minha voz era áspera e seu sorriso se desmanchou aos poucos – Vai embora – minha voz falhou e eu me odiei por isso.

Ouro e EsmeraldaOnde histórias criam vida. Descubra agora