Ouro e Esmeralda

Capítulo 25

Já era o segundo dia de Noah no hospital, ele estava fora de perigo e receberia alta naquela tarde.

- Você sabe que eu consigo fazer isso sozinho, né? - Perguntou ele, sentado em um banco enquanto eu estava atrás dele penteando seu cabelo.

- Sim, mas eu vim aqui para cuidar do meu namorado – Respondi.

Noah virou de frente para mim e passou os braços pela minha cintura, com a cabeça erguida para poder olhar para mim.

- Estou gostando desse tratamento especial, ao menos o acidente rendeu alguma coisa boa.

- E a sua mãe agora gosta de mim.

- E a minha mãe agora gosta de você – Repetiu, levantando-se e segurando meu rosto entre suas mãos – Obrigado por cuidar de mim.

- É um prazer – Respondi, beijando seus lábios suavemente.

Fomos interrompidos pela Sra. Moscovis e o médico de Noah batendo à porta.

- Aqui está sua alta, Noah – O doutor estendeu um papel.

- Ótimo – disse Noah, pegando o papel e virando-se para mim – Você vem pra casa comigo?

- Bom, só tenho que buscar Carlos no final da tarde, então acho que sim.

- Ótimo! - Exclamou a Sra. Moscovis sorrindo – Então vamos.

                                             * * *

- Noah! - Gritou Alice e foi correndo para se jogar aos braços do irmão quando o viu, mas Mabi a impediu:

- Cuidado, Alice, o seu irmão está um pouco machucado.

Ela assentiu com a cabeça e abraçou Noah como se tivesse medo de quebrá-lo.

- Oi, maninha – Ele a envolveu com o braço que não estava quebrado – Obrigada por cuidar dela esses dias, Mabi.

- Imagina, sua irmã é um doce – Respondeu olhando para Alice que agora abraçava minhas pernas.

Por fim, ela correu até sua mãe que acabava de entrar em casa.

- Oi, minha pequena – A Sra. Moscovis se agachou para abraçá-la e levantou segurando a filha.

No percurso até a casa de Noah, sua mãe dirigiu e conversou comigo:

- Onde você e seu irmão passarão o Natal este ano, querida?

- Bom, ainda não sei.

- Por que não se juntam a nós? Ficaríamos felizes em recebê-los!

- Obrigada, Sra. Moscovis, mas não quero ser um incômodo.

- Incômodo? Mas é claro que não! Seria um prazer ter vocês conosco. Vamos, aceite! Eu gostaria de ter a namorada do meu filho na nossa ceia de Natal.

Olhei para Noah com espanto e ele deu um meio sorriso e assentiu disfarçadamente com a cabeça, como se pedisse que eu aceitasse.

- Obrigada pelo convite, Sra. Moscovis, mas antes de aceitar prefiro conversar com Carlinhos, é o primeiro Natal sem nossa mãe e não sei como ele está se sentindo sobre isso.

Houve uma mudança brusca na forma como a Sra. Moscovis me tratava após o acidente de Noah. Ela nunca me tratou mal, mas estava longe de ser gentil comigo.

                                                * * *

Mais tarde, quando estava com Noah na cozinha externa da casa, tomei coragem para fazer a pergunta que não saía da minha cabeça:

- Noah, o seu irmão e o Luís estão...

- Juntos? - Completou e eu fiz que sim com a cabeça – Estão.

- Você não parece surpreso com isso – Observei.

- De certa forma, eu sempre soube. Não é fácil esconder algo de seu próprio irmão.

- Então por que ele estava com a Joana todo esse tempo?

- Não sei – ele fez uma pausa – Acho que ele tentava enganar a si mesmo.

Fiquei com Noah até o final da tarde, então busquei Carlinhos e fomos jantar no café da Conceição, já que eu estava cansada demais para preparar algo.