Na manhã de domingo, acordei com o Sol batendo no meu rosto. A primeira coisa em que eu pensei foi em Noah, pensei no beijo de Noah... Não sabia se isso era certo, mas provavelmente minha mãe diria que não. Ela sempre dizia que nós não devíamos criar laços com as pessoas da casa em que nós trabalhávamos.
Mamãe havia trabalhado em diversas casas, mas depois passou a trabalhar como camareira em um hotel. Ela dizia que era melhor, já que não tinha que aturar as patroas mesquinhas do Leste. Ela sempre detestou pessoas que se achavam superiores por serem ricas.
Ontem, quando cheguei em casa, às sete da noite, me deparei com Carlinhos sentado no sofá de braços cruzados.
- Por que você voltou tão tarde? - Questionou, e pelo seu tom eu sabia que estava chateado.
- Não está tarde, Carlinhos.
- Já são quase oito horas!
- São 19:05, Carlos.
- Não importa. Eu achei que você ficaria comigo no seu dia de folga, eu vim pra casa mais cedo por causa disso.
Então entendi o que estava acontecendo: Carlos estava com ciúmes por eu ter saído com Noah, em vez de passar o dia com ele. Carlinhos nunca teve ciúmes de ninguém, mas também nunca teve motivos. Ele nunca conheceu os meninos que eu já fiquei, nem mesmo Henrique, que eu namorei por alguns meses, mas durou pouco, ele era extremamente grudento, queria estar comigo o tempo todo. Eu e Nat mal conseguíamos sair juntas.
Com essa lembrança, me dei conta de que eu e Nat não saímos juntas há um bom tempo, então tive uma ideia.
- Que tal sairmos amanhã com a Nat? Podemos passar a tarde inteira juntos e fazer o que você quiser.
No mesmo instante, um sorriso radiante surgiu no rosto de Carlos. Ele sempre foi louco por Natália, que sempre gostou muito dele também.
* * *
Eu estava no quarto, brincando de fazer maquiagens com Nat. Nós estávamos no sétimo ano do colégio.
- Acha que a Camila estará na festa do Lucas? - Questionou.
- Não sei, por quê?
- Ouvi dizer que eles se beijaram – Suas sobrancelhas erguidas mostravam que ela ainda estava surpresa com a fofoca.
- E daí?
- Bete! Eu te contei que ele me chamou para sair.
- Mas você não vai sair com ele, certo?
- Claro que não, eca!
- Então por que se importa?
Ela revirou os olhos e voltou a passar batom, sem me responder. Quando abri a boca para perguntar se minha maquiagem estava boa, fui interrompida por Carlinhos entrando no quarto.
- Sai daqui, Carlinhos! Esse quarto é das meninas.
- Mas a mamãe disse que eu posso ficar com vocês.
- Claro que pode, Carlinhos – Interrompeu Natália – Você pode dar uma nota para as nossas maquiagens.
Fiz cara feia para ela.
- Mãe! - Gritei, prestes a reclamar sobre meu irmão nos atrapalhando.
- Ele não está fazendo nada demais aí, Elisabete. Cuide do seu irmão ou venha preparar o jantar.
Então foi minha vez de revirar os olhos.
* * *
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Ouro e Esmeralda
RomanceElisabete Oliveira é uma garota de 16 anos que mora em uma pequena cidade dividida entre a parte rica e a parte pobre. Pensando em seu irmão mais novo, sua única família, Elisabete aceita um emprego de uma das famílias mais ricas da cidade. Acredita...