Capítulo 41

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— Capítulo 41 —

No café-da-manhã do dia seguinte, o correio-coruja chegou. Albus, que não havia recebido nada de ninguém desde que as aulas começaram, não se preocupou em procurar a coruja da família circular entre as outras. Ficou olhando o outro lado do Salão Principal, onde Lily e Rose se batiam incansávelmente. Rose não parecia contente com isso, tanto que ao ver a expressão em seu rosto, notou que ela estava fazendo aquilo apenas para que logo acabasse. Louis se posicionava entre elas, com os braços estendidos impedindo-as de avançarem, e seu rosto pálido ordenando elas pararem, mas elas permaneciam se agarrando e puxando os cabelos da outra.

A coruja de Draco pousou diante dele, altura em que Albus teve a impressão de ver Hugo indo correndo embora para fora da mesa da Grifinória, chateado. Scorpius, cuja boca abriu-se em surpresa, adiantou-se até a coruja, e pelo que tudo indicava ele não fazia idéia de que Rose e Lily estavam praticamente se matando logo atrás.

— O que está escrito? — perguntou Albus, ao ver Scorpius ler a carta apressado, seu corpo encolhendo assim que seus olhos passavam pelas palavras, apertando o papel.

— É só meu pai perguntando sobre... — quando Scorpius tirou a carta do rosto, Albus percebeu que estava vermelho. — a gente. — sussurrou o final, temendo que alguém além de Albus ouvisse.

— E o que vai responder?

— Eu não sei. — gemeu. Achava que não conseguiria dizer em voz alta o que iria responder ao pai, até porque eles não eram os únicos à mesa, e ele tinha certeza que muitos estavam espiando-os. Eram o assunto da escola, afinal. Todos estavam falando deles. Todos estavam cochichando escondido sobre os rapazes. Lily e Rose não estavam gritando e se socando exatamente naquele momento por nada.

Mas do que todos estavam fofocando? Achavam que Albus e Scorpius deviam ficar juntos, assim como Lily insistia em dizer? Achavam que estavam namorando? O que todos estavam achando sobre eles?

O que Albus e Scorpius achavam que eram? Estavam namorando, ou apenas trocando uns beijos? Bem, eles preferiam pensar na primeira opção, embora não tivessem comentado sobre isso e nem oficializado nada. O que Scorpius poderia responder a Draco? Não eram namorados, mas definitivamente também não eram melhores amigos.

— De qualquer forma, vou pensar no que dizer. — Scorpius disse dando de ombros. Dobrou a carta e enfiou num bolso interno dentro do robe, mas no momento que ele ofereceu um pedacinho de torrada para sua coruja, uma outra ave adentrou ao Salão Principal, e Scorpius tinha certeza de quem era: — Olha, Albus, escreveram para você.

Antes que Albus pudesse erguer os olhos para localizá-la, a coruja da família pousou ao lado da de Scorpius. Arregalou os olhos à carta que ela trazia consigo e apanhou o envelope, sob o olhar curioso de Scorpius, cujo pescoço se esticava como se conseguisse ler.

— É do meu pai. — respondeu antes que Scorpius pudesse sequer perguntar. Albus soltou um suspiro, o outro também. A última vez que Albus havia falado com Harry cara a cara foi no mesmo dia que ele foi embora de casa. Tinha o pressentimento que não encontraria nada bom.

Querido Albus,

Eu não me lembro da última vez que você respondeu uma de minhas cartas. Talvez isso nunca tenha acontecido, e nunca vai acontecer; nem com esta carta, e nem com as próximas. Porém, precisei ter escrito isso, mesmo que você leia ou apenas ignore.

Sou um homem complicado, Albus. Sou incompreensível, teimoso e muitas vezes falo o que não devo. Sou cabeça quente, me estresso com coisas simples, e não é fácil lidar comigo. Você também é assim, e quando estamos juntos nós não conseguimos nos entender. Somos mais parecidos do que pensa.

Love, AlbusOnde histórias criam vida. Descubra agora