Capítulo 30

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— Capítulo 30 —


— Scorpius, eu sou gay.

Albus encarava o chão do banheiro imundo e molhado. Havia permanecido um silêncio tão estonteante naquele lugar que reverberava cada mínimo som, que Albus poderia até deduzir que Scorpius havia o abandonado ali, mas o garoto tinha certeza que o amigo ainda estava na cabine ao lado, pois ouvia o ruído profundo de sua respiração desregulada.

— Scorpius?

— Sim? — Scorpius estava em completo choque, sua voz saiu-lhe mais fina do que esperava. Estava paralisado.

— Você ouviu? — a voz de Albus escapou-lhe trêmula, mas Scorpius compreendeu cada palavra dita.

— Ouvi.

Scorpius não dizia nada além de palavras curtas que apenas serviam de respostas. Ele aceitaria? Ele iria embora? Ele o abraçaria e o diria que a sexualidade nada importava na amizade deles? Merda. Não devia ter dito. Deveria ter ficado em silêncio. Deveria ter ido atrás de Rose ao invés de ter contado alguma coisa tão séria como aquela para o melhor amigo.

As mãos de Albus foram de encontro com sua testa. Ele apertou os olhos. Queria chorar. Mas tinha coisa mais importante para fazer do que isso, então perguntou, tentando manter a voz firme o suficiente para ser escutado: — E... o que você acha disso?

Por favor, Scorpius diga alguma coisa, ele implorava internamente, sentindo-se tremer por inteiro. Aflição. Ele não dizia nada.

— Scorpius, se ainda estiver aí, por favor diga alguma coisa. Qualquer que seja.

— Desculpa por ficar em silêncio.

A voz do amigo não veio da cabine ao lado, e sim da frente de sua própria. Ele ergueu a cabeça, vendo Scorpius abraçando seu próprio corpo sem graça. Sua boca entreaberta, seus olhos encarando os de Albus timidamente, e seus passos avançando em sua direção. Albus olhou para o amigo temendo o que iria receber de resposta, mas Scorpius não parava de sorrir.

— Isso é... — Scorpius pensou. — incrível. Quero dizer, eu... hum, tudo bem. Somos amigos, não somos? Você disse que... você é, e... Não tem problema. Ah, Albus, me desculpa, estou agindo como um idiota. Eu só não sei o que dizer, eu não estava esperando por isso, não que seja uma coisa ruim, claro que não é, eu só... não... esperava. Eu acho... sim. Merda, eu sou realmente um idiota...

Era a hora perfeita para Scorpius dizer "eu também", talvez aliviasse um pouco a situação, mas as palavras ficaram presas em sua garganta, e ele se via incapaz de dizer.

Deixando escapar um longo suspiro aliviado, Albus alongou suas costas tensas, não quebrando o contato visual com Scorpius de jeito nenhum.

— Você não está agindo como um idiota, Scorpius. — Albus avisou. — Eu disse de repente, você não sabia. Não sinta culpa.

Um sorrisinho tímido surgiu nos lábios de Scorpius, que fechou a porta da cabine e escorou as costas sobre ela. Fechados e sozinhos naquele compartimento vazio.

— Quem mais sabe? — para quebrar o silêncio, foi isso que Scorpius disse.

Com essa pergunta, Albus se lembrou de seu ponto. Ele havia decidido contar a Scorpius o plano de Rose, tendo de ocultar alguns fatos pelo qual Scorpius não poderia saber de jeito nenhum.

Love, AlbusOnde histórias criam vida. Descubra agora