CAPÍTULO 20: O PESO DO LUTO

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AMÉLIA TORETTO

Me encarei no espelho e me vi limpa, sem nenhum resquício do sangue do Mike. Encarei meu tronco seminu, coberto apenas por um sutiã de ginástica e suspirei, vendo o pingente do cordão de Mike descansando entre meus seios. Aquilo parece pesar uma tonelada no meu pescoço.

— Toc-toc. — vejo a cabeça de Deckard passar pela porta — Ah, desculpa. — baixa o olhar — Eu não sabia que estava assim.

— É um top de ginástica, Deckard. — reviro os olhos — Você nunca teve essas frescuras, não comece agora. Veio me equipar?

— Era eu ou o Owen. — diz ainda parado na porta — Quer que eu chame ele?

— E aturar ele perguntando como eu tô, a cada um minuto? Não, vem você mesmo.

Deckard me ajudou a vestir o colete que vai como segunda pele, eu vesti a blusa preta de mangas e já estava totalmente vestida, apenas esperando o restante da equipagem. Amarrei os coturnos e fiquei de pé, sentindo Decks se aproximar e passar o colete externo pelo meu tronco, afivelando-o dos dois lados das minhas costelas, prendendo-o no cinto especial. Permaneço em silêncio, nos observando pelo espelho. Deckard está concentrado.

— Posso perguntar se você está bem? — murmura

— Eu não sei responder isso agora.

— Então, posso perguntar se você está fisicamente bem? — me olha, apertando as alças do colete — Quer dizer, você cheirou cocaína.

— Não é a primeira vez, relaxa. — digo — Eu não vou morrer.

— Ah, claro. Fico muito mais tranquilo, sabendo que não é a primeira vez. — debocha — Faz isso com frequência?

— Eu fiz isso uma única vez e foi acidentalmente.

— Acidentalmente? — franze o cenho — Como se cheira pó acidentalmente?

— Fui tirar o Mike de uma boate, um tiroteio rolou e uma carga de cocaína foi metralhada. Era pó pra todo lado.

— Isso é tão aleatório. — ele ri fraco

— Eu sei. — me permiti rir, um pouco

— Sei que pode fazer melhor do que isso. — ele diz, pondo as mãos na cintura e me encarando — Mas também sei que você não está bem e, quando essa menina estiver segura, você vai se enfiar debaixo das asas do Dimitri, porque ele é o único que consegue te esconder até de mim.

— Você me conhece tão bem. — suspiro

— É lógico. — sorri pra mim — Você é a minha garota.

— Uau. — debocho — Fiquei até úmida.

— Pelo menos seu deboche ainda está aí.

— Ele é resistente.

Deckard não demora a me equipar e, juntos, vamos para o compartimento de armas, onde Letty está ajudando Dom a se equipar e Owen está se gabando para Rose. Troco um olhar cúmplice com o Decks.

— Ele vai acabar na cama dela. — murmuro

— Owen será um péssimo padrasto. — Decks murmura de volta

— Irmã! — Owen sorri preocupado ao me ver e se aproxima — Você está bem?

— É, claro. — resmungo — Feliz, feliz. Alegre, alegre. Tá tudo pronto?

— Prontíssimo, considerando que você ainda não disse o que pretende. — Letty me olha

— Mick Jagger.

Bring Me Back - O Retorno de TorettoOnde histórias criam vida. Descubra agora