CAPÍTULO 2: CAÇADA

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AMÉLIA ELIZABETH

Eu ainda encarava o saco lacrado com a palavra EVIDENCE nele, quando Mag disse para eu me cuidar e desligou a chamada. Dado a sua transparência, eu conseguia ver que dentro dele havia um vestido amarelo todo ensanguentado, um pé de sapato branco de fivela e uma correntinha prata com uma medalhinha de Jesus Cristo. Atrás do rosto de Jesus, o nome Toretto estava gravado.

Quem havia me mandado aquilo?

Como tiveram acesso ao meu DNA?

Quando eu entrei oficialmente para a família Shaw, Deckard fez o trabalho de me fazer desaparecer, assim como o restante da família. Segundo ele, a única forma de me manter segura, era me transformando em qualquer uma, sem vínculos oficiais com a família Shaw. Se eu não tinha amigos, além da família Shaw, e não havia obtido resultado nenhum com as minhas investigações, como caralhos alguém teve acesso ao meu DNA, fez um exame e me enviou isso? Eu estava no sistema, agora?

Recolhi a encomenda e retornei ao closet, arrumando uma mala simples e essencial, exatamente como Magdalene me ensinou. Após um banho, eu vestia roupas pretas, uma camisa do Metallica e uma peruca azul, contrastando completamente com quem eu era. Em um dos passaportes americanos que eu havia pego, eu era Sally Walker, original de San Diego, Califórnia.

No aeroporto, ninguém me contestou. Para eles, eu era uma turista que estava retornando ao meu país de origem. Durante o vôo, li com atenção os documentos enviados a mim. Tinham dois nomes que se destacavam na ficha, Dominic e Mia, irmãos de Maria Christina. Uma foto um tanto quanto distorcida dos dois bem novos estava junto com os documentos, mas nada daquilo refrescou minha memória.

Ao aterrissar em Los Angeles, dei alguns telefonemas não rastreáveis e consegui uma boa quantia em dinheiro para me virar por aqui. Aluguei um quarto em cima de um apartamento no centro e me livrei das roupas escuras, vestindo roupas de acordo com o clima californiano para me misturar. A peruca azul deu lugar a uma curta de cabelos ondulados e platinados. Com a doleira presa sob o cós da calça e uma identidade falsa no bolso, eu saí pelas ruas em busca de um carro para alugar. A pior parte de ter que se misturar, é ter que pegar carros simples e nem tão bons assim. Carros de passeio são assustadoramente terríveis para mim.

Dirigi até o endereço que estava no documento e parei algumas casas antes da casa branca de dois andares com 1327 gravado na caixa de correio. Tinha uma mini van azul parada na calçada e um homem bonito de olhos azuis brincava com um menino de uns dois anos, enquanto o colocava no carro. Apertei o volante em minhas mãos, ao ver uma mulher bonita sair de dentro da casa e logo depois um homem careca sair. Eles estavam diferentes, mais velhos, mas eu consegui reconhecê-los da foto distorcida. Enquanto eles conversavam, o rapaz bonito estava alheio ao resto do mundo, cuidando do menino. Foi então que o homem careca atendeu ao celular e tudo foi para os ares, me dando tempo só de me encolher no banco. O impacto da bomba fez meu carro balançar e os vidros da mini van azul trincarem. Me vi preocupada com o menino, mas milagrosamente, ninguém havia se machucado.

Meu celular americano descartável tocou e eu estreitei os olhos, já imaginando as únicas pessoas que poderiam ser.

— O contato foi mais rápido do que eu esperava, mama. — disse ao atender, ainda observando o desespero dos três adultos em frente a casa destruída

Saia dos Estados Unidos imediatamente!

Arregalei os olhos ao reconhecer a voz de Deckard pelo telefone. De todos, ele era o último que eu imaginaria que me ligaria. Ele passou a me evitar, após o vexame da minha declaração e ele estava ocupado demais agora, limpando a barra do Owen, certo? Por que ele estava me ligando?

Bring Me Back - O Retorno de TorettoOnde histórias criam vida. Descubra agora