CAPÍTULO 7: VERDADES

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DOMINIC TORETTO

Era uma sensação absolutamente inexplicável, ter minha irmã comigo de novo — por mais que ela não se parecesse tanto com a menininha que eu perdi. Todos os dias, antes mesmo do sol nascer, ela estava de pé correndo por toda a orla extensa da praia. Fazia o caminho, pelo menos, três vezes ida e volta. Depois, enquanto o sol nascia, ela arrastava, chutava e socava dois pneus de caminhão que Tej e Roman conseguiram para ela. Eu ficava na janela do meu quarto na casa de Mia, observando-a. Às vezes, aquele Mike ia atrás dela e eles demoravam um pouco mais pra voltar — odeio pensar no que poderiam estar fazendo. Ela estava visivelmente feliz, mas era notável que sentia falta de alguma coisa. Com o tempo, ela já não estava sorrindo o tempo todo. Ficava isolada, em um canto, treinando em silêncio, conversava pouco, somente quando era mencionada. Era nítido que seu coração estava dividido. Em parte, feliz por estar conosco e, a outra parte, com saudades de Londres e, talvez, até dos Shaw — por mais que eu odeie pensar nisso.

— Precisamos aceitar o fato de que ela sente falta deles. — Letty murmura se aproximando de mim e me abraçando por trás — E, por mais que eles nos odeiem e nós a eles, precisamos agradecer. Se não fosse por eles, ela estaria realmente morta.

— Ainda não consigo entender. — digo ainda a observando pela janela — Ela tem tudo aqui. Os carros, o churrasco, família.

— Nós somos a família dela, mas eles também são, Dom. — diz compreensiva — Enquanto estiver conosco, sentirá falta deles e, quando estiver com eles, sentirá a nossa falta. E ainda tem o agravante dela estar se sentindo mal por estar com as pessoas que jogaram seus irmãos mais velhos na cadeia.

— Eu sou o irmão dela. — digo enciumado

— Nós sabemos, mas até pouco tempo, eram só eles. — beija meu ombro — Dom, você e Deckard vão ter que se entender. Por ela.

— É tarde. — murmuro — Ele pegou perpétua.

— Você, melhor que ninguém, sabe que nenhum status é permanente.

Suspiro pesado, com raiva, porque sei que ela está certa.

— Você trabalhou com o Owen. — comento

— E...? — me olha

— Ele nunca falou sobre ela?

— Owen não misturava as coisas, mas sempre se retirava pra ligar pra alguém. Klaus chegou a fazer uma piada sobre um namoro, mas Owen não gostou nada e o ameaçou, caso ele fizesse aquilo de novo.

— Nunca perguntou?

— Uma vez, ele chegou a me perguntar como era não ter ninguém. No fim, ele me disse que valorizava a família. Que seu irmão o havia ensinado isso. — suspirou — Não disse mais nada, depois.

— Ela estava tão perto. — estreito os olhos

— Tudo tem seu tempo, Dom.

Suspirei e beijei minha mulher, sentindo a quentura familiar de seus braços. Letty me encorajou a descer e ir trocar uma ideia com ela, que parecia bem solitária, apesar de estar sempre rodeada por nós.

Não demorei muito na luta contra meus sentimentos e vesti uma blusa e uma bermuda, indo atrás da minha desconhecida irmã caçula que, apesar de tão perto, ainda parecia tão longe.

— Ei, Rocky! — sorri ao me aproximar e sentir a areia sob meus pés — Eu acho que o Apollo não merece tanto treino assim. — brinco

— Apollo sempre foi meu favorito. — ela resmunga e acerta um chute cruzado no pneu, logo se virando para mim — Acordado à essa hora? Não fui eu quem te acordei, né?

Bring Me Back - O Retorno de TorettoOnde histórias criam vida. Descubra agora