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DECKARD SHAW

Era uma típica noite de quarta-feira, na casa dos Shaw. Illeana e eu cozinhamos, o que faria com que Amélia e Oliver limpassem a cozinha, após o jantar. Apesar de tudo estar normal, uma coisa chamou a minha atenção. Illeana estava estranhamente aérea, com a cabeça longe daqui, como se estivesse com algo muito importante para pensar. Antes de descer, eu a vi no quarto, falando sozinha. Parecia ensaiar algum pedido, não sei se para mim ou para sua mãe.

Quando se pensa numa família onde eu sou o pai e Amélia é a mãe, geralmente as pessoas acham que eu sou o carrancudo da história e que Lília precisa intervir para que eu não seja duro demais com as crianças. Na verdade, é tudo ao contrário. Amélia tem um ciúme excessivo com os filhos e isso os sufoca, às vezes, fazendo com que eu tenha que intervir. Ela gosta de saber onde estão, com quem estão e o que estão fazendo, independente do que for. Conhece todos os amigos e os parentes dos amigos, graças a uma investigação que fez sobre os antecedentes de cada família que nossos filhos se envolvem. Não estou dizendo que ela está errada, só estou deixando claro que ela é a psicótica e não eu. Quer dizer, eu consigo disfarçar melhor.

— Vocês se superaram hoje. — Amélia comenta sorrindo — O sorvete que fizeram está incrível.

— Está mesmo. — Oliver diz se lambuzando

— É, nem dá pra perceber que Illeana deixou o brinco cair aí dentro, não é, filha? — brinco, mas Illeana está tão aérea que nem responde — Filha? — a olho

— Illeana! — Amélia a chama alto, fazendo-a se assustar

— Eu! — ela põe a mão no peito, assustada

— Está aérea hoje, filha. — murmuro comendo — Aconteceu alguma coisa?

— Ela deve estar pensando na Lottie. — Oliver debocha, fazendo barulho de beijo — Deve estar doida pra dar o primeiro beijo.

— Para com isso, pirralho! — Illeana o olha feio

— Oh, Lottie! — ele afina a voz — Beije-me como você faz, me ame como só você faz! — diz e Amélia engasga

— Chega de sessão de filmes com a Ashley. — ela diz limpando a boca

— Amor, amor e amor! — debocha mais

— Chega, Oliver! — digo mais severo ao ver os olhos de Illeana encherem de lágrimas

— Que história é essa de Lottie? — Amélia pergunta — Ela não é aquela menina que não ia com a sua cara?

— Sim, mãe. — Illeana confirma — Mas há uns dois meses a gente começou a conversar e estamos nos dando bem.

— Que bom, não é, amor? — olho para Amélia

— Hum. — ela resmunga, comendo mais sorvete

— Mãe, pai. — ela chama, nos fazendo olhar para ela — A Lottie me convidou para ir ao cinema. E-eu posso ir?

— Não.

— Pode.

Amélia e eu nos encaramos. Eu liberei, mas ela negou. É claro que isso não vai ficar tão fácil assim.

— Sim, Amélia. — a olho

— Não, Deckard. — me olha de volta

— Vish! — Oliver termina seu sorvete — Que comece a guerra.

— Cala a boca, Oliver. — Illeana o fuzila com o olhar

— É só um filme, meu amor. — tento

Bring Me Back - O Retorno de TorettoOnde histórias criam vida. Descubra agora