CAPÍTULO 36: UM MINUTO

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três meses depois...

AMÉLIA TORETTO

Deitada na cama, sob o lençol, observo a irregularidade que se encontra em meu abdômen duro e inchado. Minha barriga não é bonita como as das famosas que fazem ensaios em revistas, ela é pequena, esquisita e vive com altos e baixos. O médico que está a bordo, diz que é o bebê se mexendo e que as vitaminas que Jakob me faz tomar à força, são o que estão dando algum suprimento para essa criança, já que minha alimentação continua tão desregulada quanto o meu sono. Ainda não recuperei nem metade do peso que eu tinha antes, mas meu irmão está empenhado em me fazer recuperar, entre um trabalho e outro. Observo meu umbigo que começa a despontar e faço uma careta, abaixando a blusa e descobrindo a cabeça, encarando o teto e as câmeras dali. Não sei se é dia ou noite, já que quebrei o relógio na cabeça da Ashley há dois dias, quando ela tentou me fazer comer um mingau aguado terrível e se negou a me deixar sozinha, nas minhas lamentações. Queria que Magdalene Shaw estivesse aqui. Na certa, ela me acertaria um tapa na cara e diria para que eu fosse a mulher forte que ela acabou de criar.

As horas passam de maneira impossível de calcular, mas um bom tempo depois a porta se abre e Ashley aparece com sua habitual cara de tédio e um curativo no rosto, indicando o lugar em que eu a acertei com o relógio. Ela não parece estar com raiva, mas se aproxima de mim séria e puxa o lençol de forma ríspida. Dois homens entram no quarto e agarram meus pulsos, fazendo-me levantar.

— O que foi dessa vez? — reviro os olhos

— Seu irmão quer te ver. — é Ashley quem responde

Antes que eu possa usar do meu mau humor para uma resposta péssima e mal educada, minha boca e nariz são cobertos com um pano e eu desfaleço nos braços daqueles brutamontes.


***


Acordei sentindo as pálpebras pesadas e suor escorrendo pelo meu corpo. Apesar da dificuldade, insisti em encarar a luz intensa que me cegava e abri os olhos, percebendo que eu estava deitada em uma espreguiçadeira, tomando sol. Me sento na mesma e me livro da blusa de mangas compridas, usando-a para secar o suor do rosto e a jogando por cima da minha barriga estranha, como se me escondesse. Estou em um jardim bonito, de uma casa enorme e meu irmão está saindo da piscina com seu melhor sorriso direcionado a mim. Ele puxa uma toalha do carrinho e seca o rosto, sentando-se aos meus pés.

— Oi, dorminhoca.

— Eu não dormiria, se você e seus machos não ficassem me dopando.

— Dopar você é a única maneira de te fazer dormir por mais de três horas, ultimamente.

— Por que será, não é mesmo? — debocho — Onde estamos?

— Em um lugar. — dá de ombros — Achei que um pouco de sol faria bem a você.

— Você sabe o que me faria bem. — o encaro

— Eu já disse que não. — me encara de volta

Já faz algum tempo que eu venho tentando fazer com que o Jakob envie ao menos um sinal de fumaça sobre eu estar bem e viva. Deckard deve estar surtando, arrancando cabeças por aí, sem notícias minhas.

— Jakob, eu já disse que não vou tentar nada. Eu sou uma grávida inválida e você tem um exército. — reviro os olhos — O máximo que eu conseguiria, seria chutar o saco de alguém.

— Você não é uma grávida inválida. — me olha sério — Você é uma grávida amada.

— Toda a minha família não sabe se eu estou morta ou se estou bem. Pelo amor de Deus, você não tem consideração?

Bring Me Back - O Retorno de TorettoOnde histórias criam vida. Descubra agora