O Príncipe do Vento

Capítulo 1 - Há um demônio dentro do corpo desse ex-príncipe!

Estava quente.

No começo, a sensação de suas veias queimando não podia ser ignorada, seu corpo convulsionando em uma dor absurda, tanto que ele perdia a consciência de hora em hora.

Nos primeiros meses, sua mente era uma mistura de memórias e lembranças humanas, atreladas a dor que sentia, fazendo-o perder sua essência e espírito pouco a pouco.

Ele nunca quis deixar de ser quem ele era, mas se queria vingar as pessoas que amava, não podia continuar daquele jeito.

Com o passar dos anos, todas as dores se tornaram suportáveis e ao final de cinco primaveras, ele finalmente renasceu.

O fraco, incapaz, bobo primeiro príncipe do Reino de Floyra tinha deixado de existir.

REINO DE NORWANA – EX-REINO DE FLOYRA, 5 ANOS DEPOIS DA DOMINAÇÃO

Era noite quando Choi Yeonjun abriu os olhos e respirou a brisa fresca, a sensação de respirar novamente reavivando seus pulmões. Ele sentou com as costas eretas e olhou para as próprias mãos, depois para o resto do corpo um tanto atordoado. Pelos últimos cinco anos, ele não tinha sido nada além de um espírito preso dentro de um corpo em transformação, urrando de dor e a maior parte do tempo inconsciente. Era estranho estar ali de novo, debaixo daquele mesmo céu, dentro daquele mesmo corpo, como se nada tivesse acontecido.

Agora, no entanto, ele não estava sozinho.

Yeonjun podia sentir a presença dele dentro de si, invadindo suas veias e aumentando sua adrenalina. Com apenas um aceno de mão, quatro árvores à distância foram derrubadas e feitas em pedaços. Ao perceber a magnitude de sua força, um sorriso malicioso se apoderou de seus lábios.

A hora da vingança havia chegado.

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No primeiro dia de verão era celebrado o festival das estrelas, no qual os moradores se reuniam para lançar aos céus lanternas de fogo, com seus mais ardentes pedidos do coração. Reza a lenda que cada estrela no céu se encarregaria de um pedido e que até o primeiro dia do inverno, todos eles seriam atendidos. Não passava de uma lenda, é claro, mas mesmo assim os moradores não falhavam em encher o céu de lanternas de fogo coloridas.

Naquele dia, um jovem em torno dos vinte e um anos foi visto andando por lá. Ele estava todo vestido de preto, desde suas vestes até as botas que chegavam quase aos seus joelhos. Um brinco de prata comprido pendia de uma das orelhas e duas faixas douradas se cruzavam em seu peito. Os cabelos pretos contrastavam com sua pele extremamente pálida, dando a ele um visual doentio, porém misterioso. Não era atoa que no mar de pessoas vestidas em diversas cores, aquele ponto preto se destacasse, tanto que a maioria das crianças que passava por ele teimava em esticar o pescoço para observá-lo. Na cabeça de Yeonjun, ele imaginava de quantas maneiras poderia torturar todos aqueles pequenos curiosos. Se não tivesse um peixe grande para fisgar, certamente iria se divertir por ali um pouco.

De repente, ele avistou uma barraquinha no canto da rua, onde um homem anunciava seus pães de açúcar. Arqueando as sobrancelhas, ele carregou suas botas negras até lá e olhou fundo nos olhos daquele homem.

- Olá, meu caro jovem – o vendedor disse e então ficou um pouco assustado com a aparência do outro diante de si – Co-Como posso ajudá-lo?

Sem pensar duas vezes, Yeonjun agarrou o homem pelo pescoço e o tirou do chão. Seu rosto ficou automaticamente vermelho e ele começou a se engasgar enquanto lutava para se soltar. Logo um número de pessoas se reuniu ao redor para admirar a cena, alguns corajosos pediam para que ele parasse, enquanto outro apenas observavam chocados.