Capítulo 5 - Uma esposa para o primeiro príncipe

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- Esposa??? – Yeonjun se engasgou – Pai, eu não...

De todos os assuntos que teria que enfrentar assim que assumisse o trono, aquele do casamento certamente era o que lhe deixava mais arrepiado.

- Calma, calma, não estamos falando sobre o seu casamento agora, mas é bom que você possa ter um tempo para conhece-la melhor antes de subir ao trono, não acha? – o rei sorriu – Dessa forma, certamente você fará um casamento bem-sucedido.

O primeiro príncipe olhou para os pais e ao perceber a alegria estampada no rosto de ambos, não soube o que dizer. Como ele sequer poderia explicar coisas que nem ele entendia? Então tudo o que pôde fazer foi acenar com a cabeça e se afastar um tanto confuso. Enquanto caminhava de volta para o quarto, sentiu como se toda a alegria que vivera ao longo do dia tivesse se esvaído, como se não houvesse um motivo sequer para ficar feliz. "Miserável" era uma palavra que o descrevia bem naquele momento.

Aquela foi uma longa noite. Ele pulou o jantar para ficar sentado em frente à janela do quarto, olhando para o céu estrelado, perdido em pensamentos. Por mais que treinasse desde criança para um dia se tornar um rei, às vezes sentia que não tinha nascido para isso, que havia algo de defeituoso nele. Na maioria das vezes, Yeonjun escondia suas inseguranças por trás de um sorriso ou uma piada e nunca se deixava abater na frente de ninguém. Se ele tinha que ser um rei, então ele seria um rei. Mas dentro de seu coração, a única coisa que ele queria era ser feliz.

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Quando já passava das onze da noite, duas batidas na porta do quarto o despertaram de seus pensamentos. O primeiro príncipe tinha impedido a entrada de todos os criados e permaneceu isolado a noite inteira. No entanto, quem batia agora era sua mãe, a rainha de Floyra. Ela era uma presença que ele não podia ignorar, por isso permitiu que ela entrasse.

Com movimentos leves e graciosos, a bela mulher sentou em frente ao filho e pegou em suas mãos, um pequeno sorriso em seus lábios. Yeonjun a encarou e falou sobre como ela havia nascido para ser uma rainha, tanto ela quanto seu pai estavam destinados à realeza, tão graciosos e impecáveis. Quanto a ele, ele apenas...

- Isso não está certo – ela disse ao ouvir as palavras dele – De volta no passado, quando seu pai teve que assumir o trono... Nenhum de nós sabia o que estava fazendo.

Choi Junghee, ao contrário do que se esperava, não tinha nascido na realeza. Ela era a caçula de uma família de oito filhos que vivia em uma pequena casinha mais para o interior do reino. Todos os seus irmãos mais velhos eram homens e todos eles eram excelentes no uso da espada, o que não demorou muito a ser notado pelo palácio na época. Logo, os sete foram chamados para treinamento e em pouco tempo entraram para o grupo oficial de soldados do palácio real. Junghee, no entanto, não era a típica garota que fazia atividades domésticas, era boa em costura e queria arranjar um bom casamento. Ao invés disso, tinha aprendido a usar o arco e flecha desde criança e passou a adolescência inteira saltando entre árvores e capturando animais silvestres e bandidos. Sua precisão no tiro com arco também foi notada pelo palácio real e em pouco tempo ela se tornou a primeira mulher a integrar o time de soldados reais. Naquela época, ela tinha apenas quinze anos.

Choi Youngho era o filho caçula do rei, que estava adoentado fazia anos. Quem iria assumir o trono era o seu irmão mais velho, que vinha cuidando de todas as questões do palácio desde que tinha pouco mais de quatorze anos. Aos dezessete, ele era tão sábio e tão imponente que o rei não estava nem um pouco preocupado sobre morrer e ter que deixar o reino de Floyra, pois seu filho mais velho era competente o suficiente para tomar conta de tudo. Por causa disso, Youngho podia se dar ao luxo de passar o dia sem fazer nada, apenas vadiando pela cidade, bebendo e encontrando garotas.

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