Capítulo 3 - O cara que lê mentes

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Na manhã seguinte, o primeiro príncipe acordou muito mais cedo do que de costume, tomou o café da manhã em família sem causar nenhuma balbúrdia e educadamente foi para sua aula de treino de elemento. A criada que o acompanhava desde o nascimento já estava com as sobrancelhas franzidas, mas não demorou nem a metade da manhã para que descobrisse que o comportamento estranho do herdeiro do trono tinha um objetivo claro: ele queria ir até a casa do garoto que conheceu no dia anterior para lhe dar um conjunto de vestes novas. A criada, é claro, lhe disse que tal coisa não era possível, depois do que aconteceu ontem ele estava proibido de colocar os pés para fora dos muros reais.

- Mas eu fiz uma promessa – ele estufou as bochechas e fez bico – Em dez anos, quando eu assumir o trono, todos vão lembrar de mim como um rei que não cumpre suas promessas.

Com os braços cruzados em frente ao peito, ele encarou a criada. Sem saída, a mulher apenas suspirou.

- Certo, enviaremos alguém do palácio para levar um conjunto de vestes novas ao garoto.

- Não, não pode ser assim – Yeonjun revidou – Eu prometi que faria isso pessoalmente.

Aquilo tudo era mentira, desde a promessa até ir lá pessoalmente, na verdade ele só tinha dito que recompensaria Soobin pela confusão, mas não achava que o garoto estivesse esperando que isso acontecesse de verdade. Contudo, por alguma razão, o príncipe queria voltar lá e encontrar aquela dupla de irmãos novamente.

Se vendo sem qualquer outra alternativa perante a enorme força de persuasão do garotinho, a criada assentiu e concordou em leva-lo até lá, muito bem acompanhado por um grande grupo de soldados. Depois que Yeonjun finalmente tinha conseguido o que queria, ele arrastou a criada até uma sala na ala leste do palácio, onde ficavam as costureiras reais.

Lá, numa pequena sala com enormes janelas e boa iluminação solar, eram feitas as roupas da família real, assim como as dos criados. Por terem Yeongjun e Jungsoo – o segundo príncipe – em casa, o rei e a rainha se preocupavam que seus filhos pequenos e travessos pudessem rasgar suas vestes, por isso haviam contratado as melhores costureiras para lidar com qualquer tipo de problema. Jungsoo, de quatro anos, era quem passava a maior parte do tempo por lá.

Assim que informou que hoje as costureiras estariam trabalhando para alguém de fora do palácio, ele circulou pelos tecidos de seda e ponderou por longos minutos, até optar por um cinza para a calça e dois tons de azul para a blusa e o colete, um mais claro para o debaixo e outro mais escuro para o de cima. Depois, para as medidas, ele mesmo foi usado, já que pelo que lembrava, Soobin e ele tinham a mesma altura.

As costureiras trabalharam incansavelmente e em poucas horas as vestes novas estavam prontas. Como o rei tinha saído para resolver alguns negócios, foi a rainha quem autorizou a saída de Yeonjun, juntamente da criada e seu soldado de confiança, Jong. Ela tinha o comportamento bastante diferente do marido – era tranquila, centrada e risonha, do tipo que não podia ver os filhos que já estava sorrindo. Ela até mesmo enviou uma cesta de frutas junto do filho, para que ele presenteasse os novos amigos.

Yeonjun foi o caminho todo muito animado ao lado da criada, que precisava segurá-lo a todo o instante para que ele não saísse correndo por aí. Jong estava andando logo em frente, seus olhos que pareciam focados à frente, na verdade prestavam atenção em todos os arredores.

- Chegamos, Alteza – ele disse quando pararam em frente à pequena casa do dia anterior.

Yeonjun sorriu e saltou rapidamente em direção à porta, enquanto a criada vinha logo atrás carregando a cesta de frutas e as vestes novas. Jong, como era o responsável pela segurança do príncipe, ficou parado do lado de fora, observando os arredores. Eles estavam fazendo todo o possível para não chamar a atenção, embora alguns transeuntes estivessem curiosos sobre quem era aquele garoto rico que até mesmo tinha um segurança. Mas verdade seja dita, podiam imaginar que ele era filho de algum aristocrata, mas não o filho do rei.

O Príncipe do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora