Capítulo 2 - Sua Alteza, um ladrão de pãezinhos!

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                                               [13 anos antes...]

Choi Yeonjun estava parado diante do muro que ficava nos fundos do palácio, ele devia ter por volta de uns cinco metros de altura, algo que para um garotinho de oito anos parecia uma enorme muralha. Ele ponderou por alguns minutos, olhando para os lados à procura de algo que pudesse usar para escalar, até por fim encarar as próprias mãos. Respirando fundo, mirou ambas as palmas na direção do solo e em poucos segundos, uma rajada de vento saiu de cada uma delas, levantando-o no ar. No entanto, por mais que estivesse usando toda a sua força, ele não subiu mais do que três metros até por fim cair no chão.

- Ah, que droga... – resmungou e levantou para tirar a grama das roupas.

Para conseguir subir, precisava de algo que encurtasse a altura, quem sabe assim teria impulso o suficiente para chegar ao topo do muro. Decidiu dar uma olhada em volta, havia de ter algo no qual ele pudesse subir. Discretamente, entrou no pavilhão dos fundos, onde eram armazenados desde os móveis do palácio que estavam em desuso, até itens para a cavalaria. Certamente haviam coisas como mesas nas quais ele podia subir, mas carregar uma mesa grande para o lado de fora chamaria muito a atenção. Foi então que seus olhos se fixaram em um barril no canto da parede, escondido de forma modesta. Yeonjun deu um sorrisinho e assentiu para si mesmo, antes de correr para carrega-lo.

O barril era um pouco pesado, o que o fez tombar para os lados algumas vezes durante o trajeto, mas nada que fosse o impedir. Quando finalmente o colocou próximo ao muro, sua testa até mesmo suava. Caramba, ele nunca pensou que escapar fosse tão difícil.

Num impulso, pulou para cima do barril e quase perdeu o equilíbrio, se escorando contra a parede de pedra. Então mirou as duas mãos na direção do objeto a seus pés e estava pronto para subir novamente, quando uma voz família veio detrás dele:

- Primeiro príncipe!

A criada estava com as mãos na cintura, o encarando em tom de repreensão. Ele se virou e deu um sorrisinho amarelo, nem sequer podia encobrir o que estava tentando fazer.

- Eu só... Só queria olhar – ele apontou para o muro.

- Não há nada para se ver lá fora – a mulher se aproximou e o ajudou a descer – Vamos, você tem aula daqui a pouco.

- Por que eu não posso ir para fora do palácio? Meu pai nunca me leva lá.

- Seu pai é um homem muito ocupado – ela respondeu de forma gentil – Além do mais, a cidade não é segura para o filho do rei.

Sem ter com o que mais argumentar, Yeonjun assentiu e pegou na mão da criada, que o levou para dentro do palácio. Sua vida toda havia sido ali, desde que abriu os olhos pela primeira vez, estava cercado de criados, riqueza e benefícios que nenhuma outra criança de sua idade tinha. Seus professores de artes marciais eram os melhores, assim como os de elementos. O normal era que uma criança começasse a desenvolver o seu elemento aos dez anos, porém Yeonjun já dominava o ar com apenas oito.

Não era como se não fosse grato, pelo contrário. Sendo o primeiro príncipe, Yeonjun era mimado e amado pelos pais, vivia em um lar caloroso e não sabia o que era passar por dificuldades. Dentro dos muros do palácio, havia-se construído um mundo dos sonhos, que era muito diferente da realidade fora dele. Esse contraste, no entanto, era o que atraia o coração do pequeno príncipe para o lado de fora.

Assim, apenas alguns dias depois de sua fuga frustrada, Yeonjun teve outra ideia. Ele precisava distrair todos os criados, para então conseguir escapar sem ser visto. Primeiro, voltou até o pavilhão dos fundos e reencontrou o barril da outra vez, colocando-o em um local estratégico. Depois, foi até seu quarto e jogou algumas roupas no chão, atirando uma vela por cima delas. Ele esperou que o fogo se alastrasse apenas um pouco e então começou a gritar:

O Príncipe do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora