Capitulo 17

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Adam e eu caminhavamos um ao lado do outro. Depois de termos parado num restaurante em Mirael para almoçar, e ter-mos passado grande parte do tempo em silêncio, continuava-mos os dois sem saber o que dizer. Até era dificil manter uma conversa de circunstância.

-Quanto tempo vamos ficar assim?- inquiriu dee repente.

-Como assim? 

Queria desviar o assunto. Qualquer um. Mas ele veria através das minhas defesas. eu só queria carregar no botão para avançar aquele momento.

-Eu sei que estás chateada, okay? Não podemos simplesmente conversar sobre isto? - a sua voz transmitia uma tranquilidade que eu sabia que ele não sentia.

Para mim, Adam sempre fora um livro aberto. Como muitas páginas, mas no entanto fácil de perceber. Todos tinham motivos para dizerem e agirem e os dele sempre foram como cristais. Mesmo em pequeno, antes da altura em que ele prometera proteger-me, sempre me disseram que os motivos que levavam alguém a fazer algo eram sempre simples para quem estive disposto a perder tempo com isso. Mas o momento em que eu o consegui compreender não estava tão afastado desse.

-As palavras não vão concertar isto. 

Foi a única coisa que consegui dizer. Adam olhou para o chão e depois para o céu que estava bastante ensolarado para uma tarde em inverno.

-Eu sei que não me perdoas-te. Eu prometi-te no último dia que ia impedir ou pelo menos avisar-te se alguém viesse atrás de ti. E foi por isso que eu fui a única pessoa a quem deste a tua morada nova. Mas senão o tivessemos feito chegariam tarde demais. 

-E chegaram. - falar pesava uma tonelada.

Ele sabia tão bem quanto eu que era verdade. A morte da minha mãe fazia com que toda a sua vida tivesse sido apagada com uma borracha e que agora só se podiam ver os traços que me me lembravam que todas as memórias novas não a iam incluir. Como se um livro onde ela estava inscrita a tivesse decidido arrancar da história só para a tornar mais interessante. Reencontrei a voz e continuei.

-Adam, deixar-te foi das coisas mais dificeis que tive de fazer. Entendes? Eu era uma criança assustada e tu estavas sempre lá. E tive de deixar-te para trás. Achas que não me custou?

Suspirei. Tudo em mim queria agarrar-se a ele naquele momento e segurar com força a única sensação familiar naquele buraco do mundo maldito. Mas não podia. Eu tinha mudado, ele tinha mudado. E não havia nada que eu pudesse fazer a esse respeito.

-Cassie. - parecia deliciar-se com o meu nome. - Lembras-te de quando o escolhemos? O teu nome quero dizer.

Sorri. Como podia eu esquecer-me? Na altura estavamos perdidos em dor com estava naquele momento, mas nessa altura era fácil esquecer, por alguns segundos, a realidade.

-Lembraste do que te disse? Que ia estar sempre aqui para ti?

-Claro que sim. Fizeste-me uma rasteira a seguir só para me ajudares a levantar. - Deixei escapar um riso.

-Para provar que eu estava a falar a sério. Lamento se tive de te arrancar da tua vida antiga e que a tua mãe tenha morrido. Fiquei anos à espera que reconsiderasses e que me ligasses- confessou baixando a voz, envergonhado. - Mas não o fizeste e eu entendi. E se quiseres mesmo ir embora depois de ouvires o que têm a dizer, eu ajudo-te a fugir. Mas continuo aqui para ti.

Engoli em seco. Ele afinal não tinha mudado assim tanto. Continuava doce e a tentar proteger-me mesmo que isso implicasse um sacrifio. Deixei um sorriso deslizar-me dos lábios aos olhos.

-Está bem. Mas desta vez não é preciso rasteiras. Eu acredito em ti.

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