Capitulo 2

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Largou-me a mão e contrariada sentei-me. Odiava sentir que não conseguia controlar a situação e não conseguia afastar a sensação que ele era exatamente isso. Incontrolavel.

-Achas que estou aqui porque sou um rapaz com um fraquinho por ti. Poupa-me. -o seu tom de voz era baixo e calmo- Acho que esse tipo de situação é no minimo patética.

-O facto de alguém ter um fraquinho por mim? - inquiri confusa.

-Não. O facto de alguém seguir alguém por isso. -Esclareceu.

-O que não explica o porquê de aqui estares.

Ignorei o arrepio que percorreu a espinha e observei o café. Uma rapariga estava ao meu lado sentada com o namorado a ver qualquer coisa no telemovel. Um rapaz mais afastado estava no computador a escrever algo com uma rapidez inacreditavel. Duas velhinhas estava na mesa ao lado da dele a conversar e a queixarem-se bastante alto do frio que estava. Se aquilo desse para o torto pelo menos alguém ouviria o seu pedido de ajuda. E o estranho não correria o risco de fazer um escandalo e a policia ser chamada para o meio da confusão. Talvez pudesse usar isso a meu favor.

-Sabes que posso ir à policia apresentar queixa, certo? - Continuei engolindo em seco.

-Estás à vontade. Precisas do meu telmóvel? - Perguntou-me tirando- o do bolso e estendendo-mo. - Força.

Calmamente retirei-o das suas mãos que nem apresentaram resistência. Não conseguia entender porque é que ele faria isso. Será que era assim tão estúpido? Ou não estava mesmo preocupado...

-Sou a Cassie. - informei-o - Mas calculo que já o saibas. Não deves de seguir pessoas ao calhas...

-Não. - respondeu - E sim, sei que te chamas Cassie. Cassadra na verdade. 

Um silêncio constrangedor abateu-se sobre nós durante um minuto. 

-Esta é normalmente a parte em que te apresentas. - Disse já irritada.

-Eu sei.

Estava a começar a perder o medo e deixei que a frustração me invadisse. Não conseguia parar de pensar o que é que um idiota como ele haveria de querer comigo.

-Tens de vir comigo. Há um amigo nosso que precisa de falar contigo e com alguma urgência se me premites acrescentar.

-Deves estar a brincar. -Disse incredula. Como é que ele esperava que eu o seguisse fosse para que lado fosse senão o conhecia? -Nem penses.

Vi-o cruzar os braços por cima do peito e resmungar qualquer coisa para si próprio. Acabei de beber o café e deixei-o em cima da mesa.

-Vou andando. -Anunciei.

-Achas que tem piada ver o que fazes o dia todo? O Adam pediu-me para vir cá. Eu sei que tudo isto é confuso, mas ele pode explicar-te.

A minha expressão mudou. Os meus olhos abriram e o meu queixo caiu ligeiramente. Senti-me vazia até entender o que tudo significava. Levantei-me rapidamente. A tremer e à beira de um ataque de pânico sai a disparada do café para a rua até chegar a casa. Um carro quase não travou quando me pus a correr no meio da estrada.

Adam.

Quase não conseguia pôr a chave na fechadura de tanto que as minhas mãos abanavam. Tentei controlar a minha respiração mas era impossivel. Pensava que o tinha deixado para trás. Pensava que tinhamos combinado nunca mais falar um com o outro. Aparentemente todos os pactos podiam ser quebrados.

E quem era o rapaz a quem ele pedira para me vigiar? E porquê ele? Adam sabia que quando eu o visse provavelmente fugiria. Assim era mais discreto. Como podia ter sido estúpida o suficiente ao ponto de acreditar que tudo aquilo acabara à anos atrás? O que podia agora fazer?

Desorientada entrei no meu quarto e coloquei-me à frente do espelho de corpo inteiro e afastando o cabelo vi o colar que pendia no meu pescoço. Apenas a 5cm de distancia da base do meu pescoço pendia um circulo com duas asas dentro deste.

Comecei a mordiscar as unhas como uma criança pequena. Tudo tinha voltado. Agora não havia mais opções. Tinha de fugir.

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