Abri os olhos que pareciam feitos de chumbo. Conseguia ouvir o bater do meu coracao pulsar nos meus ouvidos. Conseguia sentir o meu estomago contorcer-se. Nao tinha a certeza se era fome, mas sabia se comesse fosse o que fosse iria vomitar. Levantei os pesados cobertores de me cobriam com a força que me restava. Apercebi-me que estava deitada numa cama. Tentei recordar o que tinha acontecido. Todas as memorias boas e más atingiram-me como um furacão. O meu coração tentava fugir do meu peito.
Levei a mao direita à cabeça. Praguejei quando cai na cama sem força nas pernas para me levantar. Tinha de entender o que estava a acontecer. Aquele quarto nao me traria respostas. A porta abriu e Adam surgiu com uma expressao surpresa.
-Ja estas acordada? - perguntou me enquanto se aproximava para me ajudar a levantar.
Quando a mão dele quase me tocou na cintura para me ajudar, lancei lhe um olhar que o fez encolher para depois se afastar.
-Eu consigo sozinha. Estou a procura de respostas e não que te redimas.
A mágoa atravessou lhe o rosto. Sabia que ele estava preocupado e que nao devia de o culpa por tudo mas a verdade é que o culpava. Devia de ter sido capaz de honrar a promessa ou nao prometer de todo.
-A culpa de estares assim não é minha. -disse quando já tinha a minha força quase toda restabelecida e caminhava em direcção à porta. - Foi do teu colar e da tua ideia estúpida de negares quem és.
-Não nego quem sou!- exclamei com a minha mão à procura freneticamente do meu colar que não estava pendurado ao meu pescoço. Como podia não ter reparado na sua falta quando tinha aquele peso constantemente, um pouco abaixo na base do meu pescoço. - Onde está?
Adam estendeu a mão na minha direcção e abriu-a. Dentro dela estava um colar, o meu, com as duas asas partidas separando uma da outra e o circulo com uma racha imperfeita.
Arranquei-o das suas mãos e passei-lhe o polegar pelo metal que ainda estava quente.
-Em Mirael a Essencia é algo vital. - explicou - A cidade alimenta-se disso e está carregada. Quando passaste as portas, bem, sobrecarregaste o teu sistema, por assim dizer. O colar partiste e tu desmaiaste.
Olhei com desespero para o resto daquilo que simbolizava a minha renuncia a tudo aquilo e coloquei-o no bolso.
O meu corpo contraiu-se na tentativa de tentar controlar as emoções. Respirei fundo antes de voltar a falar.
-Há quanto tempo estou a dormir?
-Estavas ao portão por volta da uma. Agora são cinco da tarde. -acrescentou -Do dia a seguir. Dormiste um dia.
-Quando é que posso falar com o concelho para acabar com isto?
-Cassie, -começou calmamente- isto acabou de começar, duvido que te deixem sair daqui tão cedo.
-Então ainda vem que não lhes pedi autorização. -retorqui

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Escondida
FantasíaCassie passou anos a tentar encobrir o seu passado. E conseguiu. Mas só podemos fugir da nossa história durante uns tempos até que ela nos apanhe e arraste tudo com ela. Sempre pensou que poderia ser rápida o suficiente para controlar os dados, mas...