Capitulo 5

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O rapaz que ainda não me tinha decidido dizer o seu nome, estava agora no meu quarto. O sol do final da tarde entrava pela janela e tornava o cabelo cabelo ligeiramente mais claro. Sabia que era má ideia deixa-lo ficar mas não tinha outra opção. Marchou desde o café até minha casa e esperou que eu o acompanhasse. Quando finalmene o fiz, olheio com alguma reluntância. Tinha quase uma cabeça de diferença de mim e os seus olhos castanhos fitavam os meus. O seu cabelo era curto mas não em demasia porque ele parecia de certo modo, despenteado. Vestia uma camisola grossa com um casaco preto por cima e umas calças de ganga coçadas.

-Sabes que não vais entrar em minha casa, certo?

-Creio que é falta de educação deixar um convidado na rua.

-E disso sabes tu. - murmurei para mim.

- Ouve, se te quisesse levar, arrastar, ou qualquer outra coisa podia faze-lo agora ou no café.

-Sim, mas nenhum desses locais tem um espelho grande, pois não? - Perguntei com um sorriso desafiador.

-Tens razão. -Admitiu. - Sabes mais do que eu estava à espera.

-Pois. Sei que estavas à espera da rapariguinha a quem tens de a por a par do teu mundo e dizer-lhe daquilo que ela é capaz de fazer, e depois ela foge assustada e quando a vais buscar tornas-te um heroi. Desculpa se não correspondo à realidade.- Disse sarcasticamente ao colocar a chave na fechadura.

-E ainda bem que assim o é. Honestamente não tenho paciência para essas tretas todas. Acho que os filmes já mostraram todos os cenários possiveis e imaginários de dar uma noticia dessas e já cansa.

-Não podia concordar mais. - Disse entrando e fechando-lhe sonoramente a porta na cara.

Enquanto atravessava o hall de entrada não podia parar de pensar que tinha apenas poucas horas até os meus pais voltarem do pouco trabalho que a segunda-feira trazia com ela. Não me podia dar ao luxo de atrasar todos os meus planos mais um dia. E também tinha de arranjar maneira de me livrar daquele rapaz. Não podia saber para onde ia, o que também não era dificil quando eu própria não fazia ideia.

Ao abrir a porta do quarto senti uma baforada de ar quente. O aquecedor tinha ficado ligado na tentativa de tornar o meu quarto o mais agradável possivel para que, quando o deixasse para trás, ficasse com uma boa recordação. E por outro lado impedia que os dedos não perdessem a sensibilidade devido ao frio.

Ele estava sentado na poltrona que ficava no final da diagonal que começava na minha porta.

-Seria de esperar que conseguisses perceber indiretas. Pelo menos directas, porque bater-te com a porta na cara não foi assim tão discreto. - Comentei.

-Lamento mas vou dizer-te que eu também não quero estar aqui. Estou num pequeno hotel do outro lado da cidade à espera que tenhas o bom senso de fazer o que te pedem. E vou avisar-te de que tenho coisas a fazer para além de ver sair e entrar dentro de casa. - Levantou-se e aproximou-se do espelho.

-Queres levar-me à força? Esperimenta.

Uma faisca bailava-lhe nos olhos. Tinha de aprender a ter cuidado com as palavras. Estava indefesa e ele tinha controlado tudo aquilo que o meu colar ainda conseguia enterrar. Poderia levar-me dali para fora antes que eu sequer me apercebesse disso.

-Gostava de experimentar realmente. Até porque estou a cumprir ordens que me dizem que ainda tenho de recorrer a presuação. Mas tendo em conta que estás com a mala feita, - observou apontado para a mala encontrada ao lado da porta. -pareces estar pronta.

Dei um passo atrás e toquei com a mão direita na parede.

-Por de Deus, diz-me que não vais tentar correr. - pediu com voz cansada.

-Não. Mas prefiro manter a distância. 

A sua expressão tornou-se séria e contraida.

-Não te vou arrastar pelos cabelos, mas não te posso deixar ir embora.

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