O rapaz que ainda não me tinha decidido dizer o seu nome, estava agora no meu quarto. O sol do final da tarde entrava pela janela e tornava o cabelo cabelo ligeiramente mais claro. Sabia que era má ideia deixa-lo ficar mas não tinha outra opção. Marchou desde o café até minha casa e esperou que eu o acompanhasse. Quando finalmene o fiz, olheio com alguma reluntância. Tinha quase uma cabeça de diferença de mim e os seus olhos castanhos fitavam os meus. O seu cabelo era curto mas não em demasia porque ele parecia de certo modo, despenteado. Vestia uma camisola grossa com um casaco preto por cima e umas calças de ganga coçadas.
-Sabes que não vais entrar em minha casa, certo?
-Creio que é falta de educação deixar um convidado na rua.
-E disso sabes tu. - murmurei para mim.
- Ouve, se te quisesse levar, arrastar, ou qualquer outra coisa podia faze-lo agora ou no café.
-Sim, mas nenhum desses locais tem um espelho grande, pois não? - Perguntei com um sorriso desafiador.
-Tens razão. -Admitiu. - Sabes mais do que eu estava à espera.
-Pois. Sei que estavas à espera da rapariguinha a quem tens de a por a par do teu mundo e dizer-lhe daquilo que ela é capaz de fazer, e depois ela foge assustada e quando a vais buscar tornas-te um heroi. Desculpa se não correspondo à realidade.- Disse sarcasticamente ao colocar a chave na fechadura.
-E ainda bem que assim o é. Honestamente não tenho paciência para essas tretas todas. Acho que os filmes já mostraram todos os cenários possiveis e imaginários de dar uma noticia dessas e já cansa.
-Não podia concordar mais. - Disse entrando e fechando-lhe sonoramente a porta na cara.
Enquanto atravessava o hall de entrada não podia parar de pensar que tinha apenas poucas horas até os meus pais voltarem do pouco trabalho que a segunda-feira trazia com ela. Não me podia dar ao luxo de atrasar todos os meus planos mais um dia. E também tinha de arranjar maneira de me livrar daquele rapaz. Não podia saber para onde ia, o que também não era dificil quando eu própria não fazia ideia.
Ao abrir a porta do quarto senti uma baforada de ar quente. O aquecedor tinha ficado ligado na tentativa de tornar o meu quarto o mais agradável possivel para que, quando o deixasse para trás, ficasse com uma boa recordação. E por outro lado impedia que os dedos não perdessem a sensibilidade devido ao frio.
Ele estava sentado na poltrona que ficava no final da diagonal que começava na minha porta.
-Seria de esperar que conseguisses perceber indiretas. Pelo menos directas, porque bater-te com a porta na cara não foi assim tão discreto. - Comentei.
-Lamento mas vou dizer-te que eu também não quero estar aqui. Estou num pequeno hotel do outro lado da cidade à espera que tenhas o bom senso de fazer o que te pedem. E vou avisar-te de que tenho coisas a fazer para além de ver sair e entrar dentro de casa. - Levantou-se e aproximou-se do espelho.
-Queres levar-me à força? Esperimenta.
Uma faisca bailava-lhe nos olhos. Tinha de aprender a ter cuidado com as palavras. Estava indefesa e ele tinha controlado tudo aquilo que o meu colar ainda conseguia enterrar. Poderia levar-me dali para fora antes que eu sequer me apercebesse disso.
-Gostava de experimentar realmente. Até porque estou a cumprir ordens que me dizem que ainda tenho de recorrer a presuação. Mas tendo em conta que estás com a mala feita, - observou apontado para a mala encontrada ao lado da porta. -pareces estar pronta.
Dei um passo atrás e toquei com a mão direita na parede.
-Por de Deus, diz-me que não vais tentar correr. - pediu com voz cansada.
-Não. Mas prefiro manter a distância.
A sua expressão tornou-se séria e contraida.
-Não te vou arrastar pelos cabelos, mas não te posso deixar ir embora.
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Escondida
FantasyCassie passou anos a tentar encobrir o seu passado. E conseguiu. Mas só podemos fugir da nossa história durante uns tempos até que ela nos apanhe e arraste tudo com ela. Sempre pensou que poderia ser rápida o suficiente para controlar os dados, mas...