Capitulo 10

20 6 0
                                    

Limpei uma lágrima com as costas da mão. A minha cabeça estava pousada no meu braço direito dobrado que servia como almofada. Nathan dormia uns metros atrás de mim. Não consiga adormecer. A luz estava um pouco tapada pelas copas das frondosas árvores mas não era isso que me incomodava. Conseguia ouvir de vez em quando alguns animais a chapinharem e beberem água no lago que tínhamos encontrado para matar a sede. O frio ainda espreitava embora não me incomodasse tanto.

O meu corpo parecia feito de espuma. Não tinha força para me levantar mesmo de quisesse. Não parava de pensar no corpo da minha mãe estendido. O meu estômago estava revoltado e a dobrar-se sobre si próprio. Se tivesse comido como deve de ser tinha vomitado sobre a relva verde ainda um pouco humidade pela chuva que tinha caído antes de ter chegado.

Ouviu um ramo partir se e apersebi-me de que ele se tinha levantado. Rezei para que a minha cara não estivesse muito vermelha como normalmente acontecia. Escondi discretamente a cara com os meus cabelos castanhos quase pretos. Pareciam que a escuridão tinha invadido o sol que já por si só era pouco.

-Levanta-te. - Disse-me Nathan - Temos de ir andando.

Como é que ele podia saber que estava acordada quando nem sequer estava virada para ele?

-Como é que ele sabias? - perguntei ao levantar-me, passando as maõs discretamente pela cara para me certificar que esta não estava molhada.

-Pela respiração. As pessoas a dormir tem a respiração mais longa e com menor frequência. -respondeu aborrecido. -Vamos?

Acenei que sim.

-Por ali. - seu braço estendeu-se apontado para a direita.

Nathan ainda tinha um olhar ensonado mas ao mesmo tempo alerta. Estava preparado para ouvir cada barulho, para reconhecer cada ameaça. Talvez tivesse sido treinado. Talvez ele e o Adam tivessem sido treinados juntos. Senti um nó na garganta só de me lembrar que tinha de reve-lo. Um arrepio percorreu-me. Porque é que tinha de se tornar tudo tão complicado? Se me tivesse mantido quieta....

Andámos durante as horas seguintes até conseguir ver o contorno de prédios no horizonte. O céu pintava a cena com um tom alaranjado. A pasagem parecia saida de um quadro a óleo.

-Estamos a chegar. -anunciou.

Roguei-me uma praga por não ter sido inteligente o suficiente para ter evitado tudo aquilo enquanto dava um passo em frente.

EscondidaOnde histórias criam vida. Descubra agora