20.

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Any Gabrielly

— Mas o quê?

Virei rapidamente para Josh, me perguntando se talvez ele estivesse louco.

Certo, me situando: Josh disse que tinha encontrado uma coisa no lote e queria me mostrar. A empolgação dele me fez achar que era algo surpreendente, inesperado. Mas a realidade é que era apenas uma escada velha numa parede velha. Literalmente. A escada não dava a lugar algum, se eu subisse nela, bateria minha cabeça no teto.

— Segura isso. – Joshua me esticou seu celular e eu o segurei, iluminando a escada sem sentido.

— Não sobe aí, Joshua! Vai bater a cabeça e fazer um galo. – o puxei pela camiseta antes mesmo que seu pé alcançasse o primeiro degrau.

— Fica fria, Gaby. – ele sorriu tranquilamente, me dando dois tapinhas no ombro e voltando a subir a escada.

Subindo quatro degraus, Josh ergueu as mãos e as tocou no teto que, para o meu espanto, se moveu.

— Meu Deus, o teto tá mexendo. – levei minha mão livre ao peito, em reflexo ao susto.

Josh olhou para trás e riu da minha expressão.

— Vem, agora pode subir. Não tem onde bater a cabeça. – o idiota piscou o olho direito e voltou a subir a escada.

Ele ainda ria da minha cara, mesmo já estando subindo em cima do telhado pelo buraco. Juro que, enquanto ele subia, sua bunda virada em minha direção praticamente debochava da minha cara.

— Vai ficar parada aí? – ele colocou a cabeça no buraco ligado à escada. — Vem, Any, aí não tem graça.

Já que o buraco fazia o favor de iluminar a escada, eu o devolvi o celular e comecei a subir. Depois que eu já estava sobre o teto, voltei a encarar Josh. Ele podia ter descoberto um buraco no teto, mas ainda não entendia por que estávamos lá.

— Vem, vamos sentar ali. Cuidado pra não sentar em cima de uma pedra pequena ou um pedaço de tijolo. Fiz isso ontem e doeu.

Joshua atravessou o local, indo até a ponta lateral do lote. Meu coração quase saltou pela boca quando ele sentou na beirada, pendurando seus pés para fora em um lugar sem nenhuma proteção.

— Você tá tentando me matar e parecer acidental. – choraminguei, mas fui me sentar ao seu lado.

Segui suas instruções e, com o pé, varri o entulho para longe da minha bunda. Me sentei do lado dele e cruzei minhas pernas sobre o piso. Não me penduraria ali nem morta. Podia ter desejado morrer várias vezes, mas minha mãe ainda precisava de mim.

— Tem algum motivo especial de a gente estar aqui? – perguntei, depois de alguns segundos em silêncio encarando a paleta de cores neutras que estava nossa cidade.

— Não. Só imaginei que o pôr do sol aqui seria interessante. – explicou.

Embora não fosse possível ver o sol, o céu recompensava com sua coloração laranja-rosado. A vista do céu colorido trazia uma leve sombra colorida sobre as lojas e casas ao redor. Dali dava para ver o parque e a visão dele dali de cima estava espetacular.

The Louise Lake | BEAUANYOnde histórias criam vida. Descubra agora