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Josh Beauchamp

Meu coração estava tão acelerado que parecia que eu tinha acabado de correr 70 km sem parar. As paredes pintadas de branco ao meu redor iluminavam minha visão junto com os refletores de luz. Parado na porta, eu admirava meu estúdio.

Diante da porta de entrada, na parede lateral direita estava o meu cantinho. Em um pedaço, tinha o cenário de tecido branco estendido pela parede. As câmeras encaixadas nos tripés, os boxes de luz, os difusores, todos os meus equipamentos posicionados no conjunto perfeito dos meus sonhos. Era surreal sempre que eu pisava dentro daquele estúdio e via meu sonho materializado bem na minha frente. O primeiro passo parecia ser acompanhado por uma nuvem limpa que me dava a impressão de ter morrido e chegado ao paraíso. Eu sempre tinha que esticar as mãos para tocar as paredes e ter certeza de que meus dedos não a atravessariam e mostrariam que tudo aquilo era uma miragem.

Foram três meses e meio para deixá-lo perfeito e anos para planejá-lo. Felizmente, não precisava de muita reforma além de pintar as paredes e subir mais algumas para montar meu próprio escritório. Era um pequeno quartinho com a parede central totalmente coberta por uma estante que abrigava minha coleção de câmeras. Tinha uma escrivaninha com apenas um computador sobre ela, onde eu planejava editar meus trabalhos. Na parede esquerda, uma pequena prateleira expunha fotos com a minha mãe e Lin, uma com Tay e Hina e outra com Gaby e Priscila. Ali era quase meu santuário com minhas pessoas favoritas no mundo todo.

No último canto do estúdio, tinha outra pequena salinha. Era ali que estavam penduradas minhas fotografias preferidas enquadradas. Meu plano era mudar aquelas fotos a cada mês e fazer daquilo pequenas exposições para quem fosse lá conhecer ou contratar meus serviços. Naquele primeiro mês de funcionamento, tinham dez quadros em uma parede e oito em outra. Fotos de casais no lago, pessoas na cafeteria e famílias no parque compunham a parede com duas fileiras de cinco quadros. Na outra, a primeira fileira tinha cinco fotos e a segunda, três. Uma foto das minhas amigas no restaurante em Vegas, segurando a placa com o nome de Joalin era a primeira da fila; as próximas duas eram do ensaio que eu tinha feito com Lin e Gaby no parque; a quarta era uma foto de mamãe cortando a faixa da entrada da farmácia e a quinta era do Natal com Joalin, mamãe e Priscila. Na fileira de baixo, a primeira era de Sven dormindo no puff de frente para a janela, a luz do sol fazendo seu pelo brilhar. A segunda e a terceira eram ambas de Gaby. Na segunda, ela estava sentada sob a árvore vestindo um top branco e uma calça jeans larga. A primeira foto que eu tinha tirado dela e o motivo de eu tê-la conhecido. A terceira foto não dava para ver seu rosto. Ela sequer sabia da existência daquela fotografia. Eu tinha tirado-a enquanto ela dormia, na noite de Las Vegas. Só era possível ver seu pescoço e clavícula coloridos de tinta, marcas de uma noite excepcionalmente maravilhosa. Aquela tinha se tornado minha foto preferida, não apenas pelo conceito, mas também porque, para mim – que sabia o que tinha acontecido –, era fácil ver o desenho parcial de meu rosto em seu pescoço e ombro.

Alguns dias mais cedo eu tinha mandado mensagem para Gaby, contando sobre a inauguração e perguntando se ela se importaria se eu expusesse algumas fotos com ela presente. Fiz de tudo para que ela não quisesse vê-las e já fui dizendo que seu rosto não aparecia em nenhuma, a não ser a do jantar no evento do trabalho de Joalin. Aquela tinha sido minha cartada final, já que acabei recebendo a permissão sem precisar compartilhar as fotos.

Não sabia como ela tinha reagido sobre a notícia da inauguração do estúdio mas sentia que ela tinha ficado orgulhosa. Mesmo que não tivesse demonstrado nada além de uma mensagem escrito "fico muito feliz por você!!". O distanciamento entre nós ia muito além do posicionamento geográfico e aquilo doía um pouco mais a cada dia.

The Louise Lake | BEAUANYOnde histórias criam vida. Descubra agora