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Josh Beauchamp

Eu realmente não esperava encontrar com Any no chão do parque. Quer dizer, quem sairia no meio da madrugada e iria para um parque? Aparentemente, eu e Any.

Eu estava frustrado, triste, irritado e perturbado com a visita surpresa do meu pai. Não que eu não gostasse dele ou não nos déssemos bem, mas, de todos os meus conhecidos, ele era quem eu era menos próximo. Não guardo rancor por meu pai não ter dado o devido valor à nossa família ou por se importar mais com trabalho do que com os próprios filhos e esposa. Mas não sabia ao certo como deixar passar o fato de que, de uma hora para outra, ele decidiu que queria se divorciar e foi embora sem sequer se despedir de mim e Joalin. Nós éramos crianças e ele deixou toda responsabilidade de lidar conosco com minha mãe.

Diferente de mim, Joalin não escondia o rancor e desgosto que tinha por nosso pai. Não a julgava, afinal ela era mais velha e mais apegada a ele quando ele foi embora. Ela ainda era adolescente, mas teve que desenvolver a maturidade necessária para cuidar do irmão mais novo e da mãe.

Quando saí de casa, meu pai já tinha ido embora. Depois que ele saiu, a casa ficou tão silenciosa que parecia vazia. E, mesmo com todo aquele silêncio, eu não conseguia dormir. Meu corpo estava estático, mas minha cabeça estava a quilômetros por hora.

Encontrar Any ali foi uma surpresa, mas uma surpresa boa. Eu precisava de alguma companhia e, vendo a situação da moça, ela também parecia precisar.

Enquanto conversávamos e ela falava sua perspectiva sobre o amor, fiquei perplexo. Claro que eu sabia que nem todo mundo era tão romântico quanto eu, mas nunca tinha encontrado alguém tão contra o sentimento. Ela tinha bons argumentos, mas, na minha cabeça, não faziam sentido. Se fôssemos desistir das coisas por causa da dor, não conseguiríamos sobreviver.

Apesar da confusão, me animei com aquilo. Seria interessante ajudá-la na questão do livro, eu só não fazia ideia de como.

Eu não tinha que apenas mostrá-la como o amor funciona; eu tinha que fazê-la sentir como o amor é um sentimento bom.

A questão era: como fazer isso? Digo, por anos eu imaginei como seria a sensação. Se, em anos eu não consegui sentir, como faria ela senti tudo isso em menos de um ano?

Não foi planejado, muito menos calculado fazer tal sugestão. Minha ideia foi maluca, mas, mais maluca ainda, foi ela quem aceitou.

Depois que voltei para casa, passei o resto da noite pensando em como faria isso. Como eu poderia fazer Any ter uma experiência de amor em tão pouco tempo? E, quando o meu despertador tocou, eu tive a ideia. Era o meu plano A, e eu o colocaria em prática o mais cedo possível, não tínhamos tempo a perder.

Eu estava tão agitado e ansioso que parecia que a manhã e a tarde passaram num piscar de olhos. Provavelmente Liam me daria um puxão de orelha por ter chegado tão agitado, eu sequer me lembrava o que tinha feito no trabalho.  

Junto com o acordo do livro, eu e Any também combinamos que iríamos nos encontrar no parque, debaixo da árvore, todos os dias à noite, já que era nosso único horário em comum. Isso explicava minha agitação.

Quando chegou a noite, praticamente voei para o parque, torcendo para chegar e já encontrá-la lá. Não foi o que aconteceu, então tive que ficar lá, sentado na grama enquanto balançava meus pés inquietamente, esperando por Any.

Assim que ela chegou, me levantei tão rápido que a assustei.

— Eu tive uma ideia! – pulei em sua frente, a segurando pelos ombros.

— Calma lá, garotão. Vai acabar me derrubando. – ela sorriu, pegando meus pulsos e os segurando para tirar minhas mãos de seus ombros.

— Ok, desculpa. Mas eu passei a noite toda acordado planejando como te ajudar, então eu tô um pouco empolgado e elétrico demais. Melhor dizendo, eu tô sob o efeito de sete copos de café seguidos. – ela arregalou os olhos.

The Louise Lake | BEAUANYOnde histórias criam vida. Descubra agora