18.

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Any Gabrielly

Depois de tanto tempo sem sair de casa – a não ser que fosse para trabalhar –, eu aceitei o convite de Josh para sairmos.

E, claro, assim como eu sair de casa pouquíssimas vezes era consequência da presença de minha mãe, eu ter saído com ele também foi consequência desse fato. Mamãe estava surpreendentemente bem.

O dia do “encontro” com Josh foi um dia cheio de surpresas. Primeiro, mamãe já estava acordada e me esperando com o café da manhã pronto quando eu acordei para ir para a farmácia. Segundo, Josh tinha me convidado para sair. Terceiro, atingimos um novo nível de intimidade em nossa amizade: chorei na frente dele.

Não me culpo. Aquele filme era psicótico, estranho seria se eu não chorasse.

— E então, qual o próximo destino da noite? – Josh perguntou, assim que pisamos fora da sala de cinema.

— Não sei. Lá fora tá congelando. Se você me levar pra uma sauna, eu agradeceria. – sugeri, puxando minhas luvas de forma que aquecesse mais as minhas mãos geladas.

— Na verdade, tenho uma ideia melhor. – Josh estragou todo o meu trabalho em ajeitar minhas luvas quando agarrou minha mão e tirou uma das luvas do lugar.

— Espera aí, Joshua! Não corre, se eu escorregar nessa neve eu juro que te bato. – ameacei, puxando sua mão, o fazendo desacelerar.

Josh soltou minha mão e continuamos andando, caminhando lado a lado pelas ruas cobertas de neve de Blainville.

Depois de pelo menos dez minutos caminhando, Josh parou de frente para uma construção velha. As paredes cruas, apenas os blocos de tijolo com detalhes brancos em neve.

— Chegamos. – Josh sorriu, batendo as mãos nas coxas e admirando o lugar como se estivéssemos de frente para a construção mais linda do mundo.

— Chegamos onde exatamente? – perguntei, olhando em nossa volta.

A construção se localizava em um pequeno bairro comercial, não muito longe do centro da cidade. Tinha uma porta velha com algumas correntes trancadas por um cadeado enorme na parte frontal do lugar, e era em direção à essa porta que Josh estava indo.

— O que você tá fazendo? – murmurei, puxando seu braço quando ele ameaçou levantar uma das mãos para puxar o cadeado. — Vai arrombar essa porcaria?

— Não precisa de tanto. Isso daqui tá tão velho que o cadeado cedeu com o frio.

Josh ignorou minha advertência e puxou o cadeado, fazendo com que ele abrisse com uma facilidade assustadora. Ele puxou as correntes que fechavam a porta e as jogou sobre a neve no chão. A porta rangeu ao abrir e eu estremeci ao ser puxada por Josh para dentro do lugar abandonado.

— Bem vinda! – ele sorriu, abrindo os braços e apontando ao redor do interior da construção.

O lugar era espaçoso. Totalmente vazio, o que fazia um eco quando nossas vozes soavam. Uma única lâmpada iluminava todo o local, e foi graças a ela que eu consegui ver um pouco do lugar sujo e vazio.

— Joshua, o que a gente tá fazendo aqui? – me virei para ele, batendo meu pé com força para expressar minha impaciência.

— Estamos visitando meu futuro estúdio. – respondeu com naturalidade, se sentando sobre o chão sujo como se não estivesse levantando fumaça de tanta poeira.

— O que?! – gritei, ouvindo minha voz reverberar diversas vezes por causa do eco. — Comprou um estúdio e nem falou nada? – diminuí o tom de voz, mas a mágoa ficou evidente. Pensei que estivéssemos correndo atrás de nossas metas juntos.

The Louise Lake | BEAUANYOnde histórias criam vida. Descubra agora