25.

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Josh Beauchamp

Fiquei inquieto, andando de um lado para o outro, enquanto Any e Savannah estavam visitando Priscila. Só era permitido dois visitantes por vez, e nada mais justo do que elas duas. A adrenalina da emoção com a notícia de que Priscila tinha acordado somado à ansiedade por falta de notícias estavam me consumindo. Eu simplesmente não conseguia ficar parado.

Sacudindo as mãos, caminhei apressadamente para o corredor do quarto onde Priscila estava. Eu não podia entrar, mas não era proibido ficar estacionado ao lado de fora, certo? Então, eu esperei. Esperei por vários minutos. Ouvi vozes, choro e um pouco mais de choro. Analisei a cor das paredes do corredor. Tinta branca ou casca de ovo? Não tive sequer tempo para analisar de perto as tonalidades da tinta da parede. A porta do quarto de Priscila abriu e, com a ajuda de uma enfermeira, Any estava sendo guiada para fora enquanto tremia de tanto chorar.

— A minha mãe – Any lamentou quando andou até mim e se encaixou no espaço entre meus braços em que abri para abraçá-la.


A consolei e lancei um olhar de dúvida para a enfermeira. Priscila não estava “bem”? Era choro de alívio? A enfermeira balançou a cabeça e fechou os olhos, uma expressão de pena surgindo em seu rosto. Após ela fazer alguns gestos estranhos que envolviam cutucar as próprias pernas e balançar os braços, ela voltou para o quarto, me deixando ali, parado no corredor com Any chorando sem eu nem saber o que tinha acontecido.

— Calma, Gaby – acariciei suas costas. Encarei a porta do quarto como se Savannah pudesse sentir através dela e viesse me ajudar. — O que aconteceu? – perguntei, receoso, temendo que a pergunta desencadeasse mais alguns vários litros de lágrimas.

Não me surpreendendo, ela apenas chorou mais e mais, nada de respostas. Continuei abraçando ela ali, em pé, até sentir ela fraquejar um pouco. A segurei e a guiei para que se sentasse no chão comigo, mantendo ela em meu abraço. A posicionei protegida entre minhas pernas e envolvi seu corpo com pernas e braços. Deitei sua cabeça em meu peito e continuei acariciando suas costas, tentando pensar em palavras de consolo. Mas o que, exatamente, eu estava consolando?

A porta abriu outra vez, Savannah finalmente aparecendo. Ela procurou onde estávamos e nos encontrou no chão, do outro lado do corredor. Sav olhou para Any com compaixão, ela sabia o que tinha acontecido. Encarei Savannah com expectativa. Eu precisava saber o que tinha acontecido, as milhares de possibilidades – nenhuma boa, por sinal – ocupavam minha mente e estavam me enlouquecendo. Mas tudo que ela fez foi ignorar meu olhar, dar as costas e sair do corredor. Meu pulso acelerou. O que ela tinha ido fazer? Ela tinha ido embora? Não, Sav não faria isso. Certo, ela nunca faria isso. Mas então o que tinha acontecido?

Senti Gaby se acalmar, mas não mover nem um milímetro de sua posição. Seu choro cessou, ela apenas ficou estática, a bochecha apoiada em meu peito e a mão caída sobre minha coxa. Ela respirava devagar, provavelmente tentando manter o fôlego. Savannah apareceu, entrando novamente no corredor. Dessa vez, caminhou até nós e agachou ao lado de nossos corpos. Tocou o ombro de Any, que nem se moveu, então Sav puxou Gaby para que se virasse para ela. Sav entregou um copo de água à Any e a fez beber tudo, pedindo para que a amiga mantesse a calma e que tudo daria certo.

Por Deus, o que ia dar certo?

Any bebia a água ao meu lado enquanto eu encarava Savannah. Ela provavelmente conseguia sentir até a pele pegar fogo, mas não desviei o olhar. Encarei ela até ela me encarar de volta, erguendo uma sobrancelha para mim. E, assim como antes, ela me ignorou. Não deu as costas imediatamente. Ela segurou Any pela mão e a ajudou a se levantar, só então as duas deram as costas. Fiquei sentado no corredor. Pensei em fazer uma ceninha, afinal, um pouco de drama não fazia mal a ninguém. Talvez eu pudesse me deitar esparramado no chão e choramingar feito um cãozinho abandonado, mas acho que seria muito anti-higiênico. Portanto, só fiquei sentado no chão. Pendi minha cabeça para trás, mas ela acertou em cheio na parede, o que doeu como se tivessem espremido o meu crânio.

The Louise Lake | BEAUANYOnde histórias criam vida. Descubra agora