O único som que era possível escutar nos arredores daquela casa era o tilintar dos nossos talheres ao encontrar com a porcelana do prato.
Minha mãe me encarava com os olhos cerrados, vez ou outra, enquanto eu tentava comer da forma mais natural e relaxada possível, me esforçando para não parecer tensa, porque, é claro, eu estava. E muito. Meus cabelos escondiam meus brincos novos e a cada mínimo movimento que eu fazia com a cabeça, eram cinco crises tentando tapar os brincos prateados.Meu pai estava calado. Até demais. Além disso, Akira não me encarava, sempre fitando seu prato, em silêncio; e não disse nenhuma palavra desde que cheguei, nem quando me buscou na Youngsan. Parecia estar triste e reflexivo por algo que não conseguia enxergar.
Segurei o suspiro que queria sair de meus lábios. Continuei a comer meu bife, segurando a postura e o sorriso sempre que minha mãe dizia algo previsível, mas que na maioria das vezes não era necessitado de resposta.
Assim que terminei minha refeição, soltei um suspiro extasiado. Estava uma comida muito boa, ainda que meu prato estivesse bem mais verde do que os outros postos na mesa. Enfim!
— Vejo que não perdeu as regras de etiqueta, Mina — minha mãe disse, sorrindo.
Eu poderia até me sentir feliz com aquele pequeno elogio, se fosse meses atrás em que eu me contentava com as migalhas de afeto que minha genitora me oferecia, mas, agora... parecia tão falso. Tudo. Tudo nela parece falso.
— Jamais, mamãe — me expressei, sorrindo muito falso. Meu pai continuava quieto.
Meus pensamentos acabaram correndo para Chaeyoung. Em certos momentos, parecia até estar totalmente apaixonada por ela! É tenso porque, quando não estou pensando em "não pensar nela", estou somente focada nela...
Ontem mesmo, eu pedi hambúrgueres para nós duas, no dormitório. E quando buscamos as encomendas lá na guarita do Seu Dongyul — que se tornou bastante próximo de Chaeng! Ele é muito simpático — com as mãos unidas, ela me dava batata frita na minha boca. Rimos das nossas faces sujas de molho, nos beijamos, e... Informação demais!
Segurei o sorriso bobo que quis pairar em meus lábios. Não posso deixar que minha mãe desconfie, nem nos mínimos detalhes.
— Tire nossos pratos — disse, de repente, me assustando com meus pensamentos. Quando pus meus olhos na mais velha, ela apontou com o queixo as porcelanas sujas e vazias. Sem questionar, arrastei a cadeira e recolhi a louça suja, deixando na pia. Ela lavaria depois, de qualquer forma.
No momento em que voltei, a senhora me dispensou do que eu tinha para fazer ali embaixo. Fitei meu pai mais uma vez, e ele parecia tão triste... O olhar estava vazio e distante, eu diria até mesmo depressivo. Gostaria de perguntar o que estava acontecendo, porque minha mãe o fitava com desprezo certas vezes, contudo, sei que, caso fizesse isso, levaria uma bronca em vez de uma explicação.
Fui para meu quarto, pensativa. Tranquei a porta e peguei meu celular, suspirando antes de deitar na cama. Eu já havia estudado o dia todo, mereço um descanso, certo?...
Resmunguei um palavrão ao notar que tinha me jogando sobre meus fones e liguei o celular, abrindo o aplicativo de conversas. Nayeon tinha me mandado várias fotos, provavelmente era um book de si mesmas; já Jihyo havia me enviado um "minari! você fez a atividade de biologia? acho que minha cinco tá errada..." e por último... Chaeyoung.
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Rebellis
FanfictionCom uma vida totalmente monótona devido a sua dificuldade de se relacionar e medo da própria família, Myoui Mina não colocava muitas expectativas no seu último ano do ensino médio. A tendência em esconder a bissexualidade e paixões internas vem do o...